Prémios Europa Nostra 2018 distinguem Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz

Os vencedores do Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémios Europa Nostra 2018 foram hoje anunciados pela Comissão Europeia e pela Europa Nostra, a principal organização europeia do património representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura. A reabilitação do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz encontra-se entre os vencedores deste ano.

O Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, construído em 1770, foi destruído em 1983 por uma cheia catastrófica. Em 2012, iniciou-se um projeto de investigação com vista à possível reconstrução informada do jardim, apoiada pela documentação disponível e pela identificação dos elementos ornamentais e de alvenaria deslocados durante a catástrofe e recuperados dos escombros.

A coleção botânica foi estabelecida com o apoio da Botanic Gardens Conservation International e envolveu vários parceiros europeus. O restauro foi inteiramente autofinanciado pela Parques de Sintra, com recurso a fundos obtidos exclusivamente da receita gerada pelo acolhimento de visitantes.

“Este projeto foi bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido. Para isso recorreu-se a investigação arqueológica, à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente”, notou o júri.

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Os trabalhos incluíram a reconstrução de quatro estufas e o restauro e conservação de azulejos pintados e elementos em alvenaria, tais como a fonte ornamental e as estátuas circundantes. Estes elementos regressaram ao seu lugar original no jardim. O processo de recuperação incluiu trabalhos nos muros, nos pavimentos e a introdução de novos sistemas energéticos, de gestão de água e de segurança. Foi ainda criado um projeto educacional e interpretativo.

Queluz tinha um dos quatro jardins botânicos construídos no século XVIII em Portugal, com ligações a alguns dos mais antigos jardins botânicos da Europa durante o período do Iluminismo, como os de Pádua (Itália), Madrid (Espanha) e Amesterdão (Holanda). A descoberta do índice de espécies cultivadas original, de 1789, com uma lista de todas as plantas conhecidas dos botânicos na altura, completou a pesquisa e impulsionou os investigadores a estabelecerem contactos com jardins botânicos de toda a Europa com o fim de obter plantas dos seus bancos de sementes e viveiros.

De um total de 160 candidaturas, 29 vencedores de 17 países foram reconhecidos pelas suas realizações notáveis nos domínios da conservação, investigação, serviço dedicado e educação, formação e sensibilização. Os prémios deste ano dão particular ênfase ao valor acrescentado gerado pelos projetos no âmbito do património, como forma de contribuição para o Ano Europeu do Património Cultural. Os prémios serão entregues numa cerimónia que terá lugar a 22 de junho, em Berlim, durante a primeira Cimeira Europeia do Património Cultural.

*Fotos de PSML Luis Duarte