“Preparar mentes formando profissionais”

Desengane-se quem julga saber tudo o que havia para saber! No mesmo sentido, erra quem diz que devido à sua experiência de anos, já domina todas as situações! É um facto inquestionável que tudo muda, tudo se transforma.O Turismo é um paradigma disso mesmo.

Realidades do passado são hoje ultrapassadas pelas tecnologias, práticas e desafios constantes de um futuro que à velocidade da luz, muda o status quo e perturba quem não tem a capacidade de mudar ou vontade de aprender mais.

Perante um quadro económico instável, a solução é investir no conhecimento prático e na formação contínua e, acima de tudo, desenvolver um espírito versátil, construtivo e curioso, desperto para a vontade de saber mais e saber melhor. Formar este quadro mental é tão essencial quanto ensinar as competências profissionais. Importa trazer aos currículos lectivos esta capacitação pois é a base de quem se actualiza, adequa e inova. Não é só o conhecimento profissional mas também a capacidade de adaptação que o empregador procura no candidato.

Especialmente para os Guias-Intérpretes, pois carecem de uma formação especializa danos idiomas técnicos, na operacionalidade dos serviços turísticos, no conhecimento integral do património material e imaterial, na habilidade da comunicação e da interpretação,e na preparação apurada para o desafio constante que é o relacionamento humano.

Se tivesse que enunciar uma virtude para os guias-intérpretes penso que seria “Versatilidade”.

O que fazer para preparar melhor estes profissionais?

Independentemente da vida de estudo e de actualização de um Guia-Intérprete, acredito na inclusão de unidades curriculares que, sendo úteis a todos os que trabalham em turismo são essenciais para um guia. Apostaria na Retórica e na arte de falar, não apenas na Interpretação do Património mas, na ciência de argumentar e de comunicar com clareza, expressão e objectividade (Be Short, Sharp andSensitive, lembram-se?). É além disso, um exercício mental notável que nos obriga a debater e a desenvolver carácter e carisma, algo fulcral num guia.

Outra área imprescindível é o real conhecimento das outras culturas, história e realidades actuais e económicas. Entendemos assim quem nos visita e não caímos no erro de apenas estudar o passado porque, efectivamente, todos gostam de comparar e conhecer o Portugal de hoje e os valores que nos sustentam. Isto a bem da convivência e entendimento entre os povos e culturas, ou não fosse o guia exemplo de respeito e de tolerância no papel de intérpretes culturais.

Finalmente, investiria na Psicologia Comportamental ao longo da licenciatura.É uma ferramenta essencial para quem lida com pessoas e ajuda-nos a ultrapassar o desgaste emocional que a profissão acarreta. Em alguns, fruto da rotina e desencanto, vêem-se boas-práticas atalhadas, a simpatia dos primeiros anos substituída pela crispação e o enfado, a tolerância recortada pela falta de diplomacia e de cortesia. Saber aplicar a nossa vocação corrige desvios e traduz-se em longevidade profissional e no reconhecimento de quem tivemos o privilégio de guiar. Devemos aprender a gerir os nossos recursos desde a formação base porque senão, somos apenas um pouco de vento.

Acredito que no INP fazemos a nossa parte da regeneração de práticas e de consciências. Os nossos alunos vêem em nós o seu maior bem para um futuro dinâmico.Por minha parte, reconheço a minha incapacidade em mudar algumas coisas. Por isso ainda escrevo em Português como o creio entendível e legível.