Presidente da ADHP propõe medidas para enfrentar crise de habitação no setor do turismo

O presidente da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal, Fernando Garrido, participou no painel “Habitação – Incentivos a trabalhar no turismo” da Jornada Regional da Área Metropolitana de Lisboa, iniciativa da AHRESP, nesta quarta-feira, 28 de junho.

Fernando Garrido recordou que o turismo enfrenta uma batalha de duas frentes: nas zonas de menor densidade populacional e com forte atividade sazonal, que exige a oferta de habitação para garantir mão-de-obra, e nos grandes centros urbanos, onde a escassez de “habitação acessível, próxima das empresas” obriga a mão-de-obra operacional a deslocar-se para a periferia, condicionando a disponibilidade horária e dificultando a contratação.

O responsável avançou ainda com dois exemplos para ilustrar o investimento que a hotelaria tem feito para responder a estes problemas. Para garantir o normal funcionamento em 2022, duas unidades independentes em zonas de forte sazonalidade investiram 500 mil euros no arrendamento de habitações e aproximadamente dois milhões de euros para criação de habitação de funcionários.

Considerando que a problemática da habitação só poderá ser ultrapassada com a “união de esforços entre os privados, autarquias e o governo”, o presidente da ADHP defendeu a implementação de um conjunto de medidas como o alívio da carga fiscal para alojamento destinado a colaboradores e a criação de subsídios de alojamento pagos pelas empresas, não tributáveis, equiparáveis aos subsídios de alimentação.

Para as regiões de grande especulação imobiliária, Fernando Garrido apelou ao “auxílio camarário com disponibilização de terrenos municipais” de segunda linha para a criação de alojamento para colaboradores.

 O presidente da ADHP deixou ainda uma palavra sobre o reconhecimento profissional, no contexto da “Agenda Profissões do Turismo”, publicada em março deste ano pelo Ministério da Economia, defendendo a revisão das categorias profissionais assente na experiência, mas, sobretudo, na formação.

Para Fernando Garrido, a meta definida pelo governo – elevar o nível de qualificações dos profissionais do turismo de modo a ter mais de 60% de profissionais com ensino secundário e superior – é “plenamente exequível” se houver um “esforço coletivo para valorizar” as profissões, algo que passa por mais do que o aumento das remunerações.