Presidente da República: “Tenham pressa em conhecer melhor Portugal”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo Sousa, encerrou ontem a V Cimeira do Turismo Português com um apelo aos portugueses: Que continuem a viajar pelo país, o que pode ser “fundamental” no período de transição da fase mais crítica da pandemia para uma “outra fase” no próximo verão. 

Foi durante a pandemia que Marcelo Rebelo Sousa pôde verificar “a tal resistência do setor do turismo”, a par de outros setores, e ficou impressionado com “a forma como, tendo sido talvez o setor mais atingido em termos de paragem integral ou quase da sua atividade, se pôs de pé e reagiu com igual serenidade e determinação à da generalidade das empresas que têm continuado a pagar os seus impostos, apesar do período difícil vivido”.

O Presidente da República recorda que na IV Cimeira do Turismo Português, o ano passado, “a grande questão era haver turismo a mais em Portugal” e que a sua intervenção “foi feita para tentar explicar aos portugueses que não deviam entrar na onda, na altura dominante, segundo a qual era impossível continuar a ter o turismo a crescer ao ritmo que estava e que tudo corria o risco de ficar destruído pelo excesso de turistas”. Para o governante, “estava-se a olhar para o curto prazo e para exemplos pontuais de problemas colocados em termos de urbanismo, mobilidade, proximidade e sociabilidade pelo crescimento”. O facto é que “passou um ano e o problema hoje é que temos de ter muito mais turismo do que tivemos este ano em Portugal”.

Marcelo Rebelo Sousa considera que “uma das lições desta pandemia é a importância da estabilidade” além de ser também um “ponto nuclear para que todas as medidas possam surtir efeito”. O governante vai mais longe e comenta: “As querelas entre os órgãos do poder, os conflitos entre as áreas políticas, económicas e sociais, no plano nacional, regional e local, os ziguezagues em matéria de políticas adotadas e medidas seguidas, onde isto aconteceu a gestão da pandemia correu pessimamente.”

Além disso, “o turismo depende de forma muito aguda da evolução da pandemia” e da “reação psicológica” em relação à mesma. Haverá mais ou menos turistas não em função da vontade de viajar, que se mantém, mas antes em função da “situação sanitária, económica e social nos países de origem, e das restrições em termos de circulação que têm flutuado ao longo do tempo”, defende.

O Presidente da República avisa que “este é o período mais difícil”, entre o final de 2020 e o início de 2021, e que “ainda haverá muito de difícil ao longo do ano de 2021”. Será difícil porque “o dinheiro europeu que era suposto chegar em 2020 ainda não chegou, mas há de chegar, e tem o mérito adicional de estar agora a pensar-se em medidas para rever o regime subsequente ao lay off simplificado sem ter entrado o financiamento que é suposto”, explica o governante. Em suma, será um “período de sobrevivência para o turismo” sendo preciso “ganhar tempo para as empresas, que apostaram em resistir em vez de desistir”.

“Os portugueses foram extraordinários ao percorrer o país”

Marcelo Rebelo Sousa terminou o seu discurso deixando um apelo aos portugueses: “Não tenham pressa em conhecer o resto do mundo, tenham pressa em conhecer melhor Portugal”, o que pode ser “fundamental” para a retoma pós-Covid. E acrescenta: “Comecem a pensar nisso com tempo para darem um horizonte de segurança ao turismo para Portugal.” Os portugueses foram “extraordinários ao viajar este verão, ao percorrer o país e ao contribuírem para preencher uma parte do vazio deixado pelos estrangeiros que não vieram” e o que o Presidente sugere é que “continuem a fazer o mesmo” no Natal, Ano Novo, Páscoa e próximo verão.