A sustentabilidade no contexto empresarial do setor do turismo foi o mote para uma mesa-redonda dedicada ao tema “O futuro do reporte ESG”, que teve lugar no âmbito da sessão “Sustentablidade | Programa Empresas Turismo 360º”, promovida pelo Turismo de Portugal, durante a BTL.
Ao abranger diferentes empresas, a discussão reforçou que o compromisso com a sustentabilidade não é exclusivo de grandes entidades. João Neves, a representar uma microempresa, enfatizou o facto de as iniciativas de sustentabilidade serem acessíveis a organizações de todos os tamanhos, um ponto que os participantes concordaram ser fundamental para o avanço das práticas ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance).
Pedro Marques da Costa, diretor de operações da Unlock Boutique Hotels, relatou que a adesão ao programa, em 2024, exigiu uma mudança cultural dentro da organização: “Precisávamos de garantir que toda a equipa estivesse alinhada e motivada para este compromisso. Não foi um processo fácil, mas percebemos que os dados obtidos com a certificação são excelentes indicadores de gestão”.
Uma das ideias centrais abordadas nesta mesa redonda foi a importância de envolver todos os colaboradores das empresas na jornada pela sustentabilidade. “Quando abraçámos este projeto, houve uma necessidade de envolver todas as equipas nesse processo. Permite-lhes ter uma noção de que ‘o meu trabalho individual impacta os resultados e o funcionamento de toda a organização'”, destacou Marisa Costa, Head of Sustainability da MysticInvest Holding.
A sustentabilidade, além de ser um compromisso ético, tem vindo a ganhar força como um fator competitivo no mercado. João Neves, sócio-gerente e cofundador da PORTUGAL NTN, destacou que: “Já nos pedem que façamos parte desta comunidade de sustentabilidade, o que mostra que estamos no caminho certo. Nós temos esta preocupação também para quem nos oferece produtos e serviços. Que sejam sustentáveis, que sejam o mais frescos possíveis, que sejam o mais saudáveis possíveis e que mantenham as nossas tradições, porque nós, como operadores turísticos, vendemos a nossa cultura, a nossa tradição e, por isso, temos de ir à procura das produtoras que mantenham as formas que se alinham com a sustentabilidade e os produtos que os nossos clientes querem”.
Ainda na discussão sobre os fornecedores, os produtos locais e a sustentabilidade, Marisa Costa reforça a importância de as grandes empresas não excluírem os pequenos fornecedores apenas por não cumprirem a 100% as práticas sustentáveis: “Muitas vezes recorremos a fornecedores locais e os fornecedores mais pequenos não estão preparados nem conseguem responder a todos esses requisitos. Nós, e eu acho que a maior parte das empresas que acabam para abraçar estes projetos, não podemos simplesmente selecionar apenas os fornecedores que já adotam práticas de sustentabilidade. Existe aqui uma necessidade de sensibilizar, de facilitar o acesso à informação aos fornecedores mais pequenos, ajudar a capacitá-los. Nós estamos aqui a tentar ajudá-los. Os mais pequenos precisam de alguma ajuda dos grandes”.
Para que este caminho para a sustentabilidade seja concretizável, é necessária uma comunicação clara não só entre empresas, mas também entre colaboradores e clientes,. É necessário que as vantagens da sustentabilidade sejam compreendidas por todos para que os projetos tenham frutos, defendem os participantes. “O setor do turismo trabalha com pessoas diariamente e o grande desafio é comunicar estas práticas de forma clara e eficaz“, reforçou Marisa Costa.
Por Ana Catarina Casal