O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) alerta que o projeto da Câmara para a Segunda Circular “pode pôr em grave risco” a aviação que opere no Aeroporto de Lisboa e a população da cidade. Esta é uma das principais conclusões de um relatório técnico, a que a agência Lusa teve hoje acesso, no qual o GPIAA dá “opinião técnica desfavorável” ao projeto de requalificação daquela via, por considerar que a solução apresentada “carece de suporte legal e pode pôr em grave risco a aviação que opere no Aeroporto de Lisboa e todos os habitantes da cidade”.
“O projeto em causa está incompleto por não contemplar qualquer alusão ao impacto ambiental que a arborização prevista [plantação de 7.500 árvores na zona envolvente da Segunda Circular e mais de 500 exemplares ao longo do separador central] poderá provocar no controlo da avifauna, nas imediações do Aeroporto da Portela, afetando diretamente as operações aéreas relativamente à segurança aeronáutica”, sustenta o documento.
O GPIAA “coloca reticências” ao projeto por ser “inadequado e insuficiente” na identificação de todos os impactos negativos na biodiversidade daquela zona e na garantia da segurança dos aviões que operam no aeroporto, devido à possibilidade de as aves colidirem com as aeronaves (‘bird strike’).
O documento acrescenta ainda que “é incompreensível que a Câmara não tenha antecipadamente ouvido as entidades do sistema aeronáutico em que um aspeto tão essencial e primordial como o conhecimento dos movimentos das aves nas imediações do aeroporto, pela concentração de uma substancial mancha verde natural. É relegado e menosprezado para um patamar inferior e apresentado como medida de mitigação, quiçá a ‘analisar na fase subsequente de projeto”.
Numa resposta escrita enviada à Lusa, a autarquia refere que o projeto proposto pela maioria socialista “não vai afetar o tráfego aéreo”.