#Realidadedasempresas: “Desta experiência vão sair caminhos mais digitais, mais assertivos e mais produtivos”

A Ambitur.pt continua a auscultar os empresários do setor do turismo, no âmbito da atual pandemia da Covid-19, procurando saber como as empresas estão agir neste momento e como pensam o futuro.

André Pinto, franchisado da Bestravel Braga e Bestravel Espinho, dá conta de que o encerramento ao pública das suas lojas foi feito no dia 13 de março e, desde então, “tudo se alterou e temos gerido diariamente este momento de crise pandémica em teletrabalho”. O corte de custos fixos foi desde logo equacionado, através de contactos com fornecedores, senhorios e a própria rede de distribuição, explica, mas admite que “percebemos bem cedo que o nosso problema era o mesmo de todos os nossos parceiros e que dificilmente mitigaríamos muitos dos custos”.

Esta fase difícil foi, porém, aproveitada para “equacionar ao tudo”: efetuar pequenas renovações nas lojas, algumas alterações de equipamentos que permitem uma redução de custos e também o seu transporte, para permitir novas soluções como o teletrabalho. Além disso, aderiram logo que possível ao lay-off simplificado, pois “é uma ajuda fundamental para reduzir os custos de salários e segurança social que temos mensalmente e que são incomportáveis nesta altura de crise”, refere André Pinto, ao Ambitur.pt. Também recorreram, e foi já contratualizada, a linha de apoio à tesouraria das microempresas turísticas, lançadas pelo Turismo de Portugal.

Resumindo, neste momento, 90% da empresa encontra-se em lay-off, diz o responsável das duas lojas da rede Bestravel. A parte que continua operacional dedica-se à gestão de cancelamentos e alterações para datas futuras. Mas André Pinto afirma que este momento de “paragem” tem sido muito aproveitado para “falar bastante mais em equipa, para pensar o que fazer e como fazer diferente, como dar confiança aos nossos clientes, como lhes mostrar que estivemos junto deles em todo o processo e que queremos contribuir para o melhor das suas vidas no futuro próximo”.

Quanto a preocupações, a principal é “a incerteza e o período que a mesma irá durar no mercado e na cabeça do consumidor”, sublinha o gestor. Reconhecendo que há que “seguir em frente”, André Pinto tem, no entanto, várias questões: “Vamos querer continuar a partilhar o avião com 200 ou 300 pessoas ou ir de férias no nosso carro/autocaravana? Fazer refeições num buffet partilhando o espaço com mais dezenas ou centenas de pessoas? Estar num barco de cruzeiro com mais 3000 ou 4000 pessoas a assistir a um espetáculo numa sala? Vamos querer ir a um festival de música ao ar livre com 10.000 ao nosso lado a olhar para o palco ou preferimos estar a assistir em direto por streaming em nossa casa?” Dúvidas que estão na mente de muitos, com certeza. Mas André Pinto revela ainda outra grande preocupação: o facto de ao longo deste processo “a sobrevivência de alguns players de mercado ao nível da distribuição” também possa vir a ser colocada em causa.

Por tudo isso, para o responsável da Bestravel Braga e Bestravel Espinho, “a hora de pensar o futuro já passou, é agora e será sempre”. Consciente de que esta pandemia irá acelerar muito o processo de mudança, André Pinto adianta que veio mostrar “que não precisamos de estar todos no mesmo espaço para estar com os clientes e gerir os processos” mas que “também veio mostrar que muitas sensações e experiências só podem ser vividos em equipa”.

E conclui, dizendo que “desta experiência sem dúvida que vão sair novos caminhos, mais digitais, mais assertivos, mais produtivos”, reafirmando a certeza de que todos iremos passar a valorizar ainda mais o momento do contacto pessoal.