#Realidadedasempresas: “Somos a linha da frente, damos a cara e temos que preservar o cliente final”

Numa altura em que muitas empresas, hotéis e restaurantes começam a reabrir, Ambitur.pt quis saber quais os planos que têm para esta “nova normalidade” e quais as maiores dificuldades que terão de enfrentar. Marco Velez, administrador da LeiriViagem, admite ser difícil determinar um prazo para a retoma da atividade da sua empresa, que abre portas hoje. E prevê que “somente em 2022 se volte a ter os mesmos objetivos”, isto se a retoma for gradual e “não houver nenhuma outra situação que nos atormente”.

“O principal desafio é criar confiança nos clientes”, reconhece o gestor, acrescentando que tal depende também muito dos fornecedores, companhias aéreas, hotéis, entre outros, assim como dos governantes. “A forma como irão gerir esta situação pode ter muita influência na confiança que as pessoas possam adquirir para voltar a viajar”, explica.

Marco Velez queixa-se das dificuldades sentidas a vários níveis, e define o seu setor como “o patinho feio”. “Não temos muitos apoios, os que que temos, até agora, são empréstimos devidamente pagos com juros às entidades bancarias – aquelas que na ultima crise nos fartamos de ajudar”, alerta. E esclarece que desses apoios, “não utilizamos nenhums pois se já estamos mal, pior ficaríamos”. A solução passa assim por recorrer às reservas da empresa. A única ajuda considerada pela LeiriViagem como útil até ao momento foi o lay-off para os funcionários, “pois até os sócios-gerentes tiveram que ficar de fora porque o governo limitou o limite no e-fatura a 80.000,00€/ano. Mal de nós se só tivéssemos essa faturação”, adianta.

Além destas questões, o empresário aponta: “as confusões e incertezas sobre como iremos devolver os valores aos clientes é outra tormenta, com especial incidência para as companhias aéreas”.

No que diz respeito à relação com o cliente num momento como este, Marco Velez começa por reconhecer que “a eles devemos toda a nossa existência e consistência económica pelo que é por eles, clientes, que temos de ter o máximo respeito e consideração”. E explica que muitos nem sequer se percebem das lutas internas que a empresa tem com os seus fornecedores “mas por eles iremos lutar com todas as nossas armas para que tenhamos a melhor resposta, já que a mais eficaz não foi possível”. Com a ajuda das reservas económicas próprias, a LeiriViagem já devolveu o dinheiro a alguns clientes, “sem levantar qualquer questão ou conflito”. Relativamente a outros, admite recorrer aos vouchers, “mas sempre com acordo do cliente”. O gestor refere à Ambitur.pt que “temos uma APAVT que tende a ser branda de forma a agradar a todos, o que na maioria das vezes é o correto, mas por vezesé preciso dar um murro na mesa e exigir que se cumpra o que está legislado”. Marco Velez indica que por vezes “temos clientes que apenas têm como foco principal o interesse pessoal e, se a lei existe, é para se cumprir”. Reforça ainda: “Somos a linha da frente, damos a cara e temos que preservar o cliente final”.