Receitas turísticas crescem três vezes mais do que o número de turistas

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, na sexta-feira, o seu relatório referente à atividade turística durante o mês de maio. Segundo os dados do INE, a hotelaria portuguesa registou 2,0 milhões de hóspedes e 5,4 milhões de dormidas em maio, correspondendo a subidas de 3,5% e 1,1%, contra descidas de 5,2% e 8,3% em abril, respetivamente.

A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, comentou os resultados frisando o facto das receitas turísticas estarem a crescer três vezes mais do que o número de turistas, situação reveladora de que Portugal está a conseguir posicionar-se face a outros destinos, avança a Lusa.

Residentes asseguram aumento das dormidas na hotelaria

Os estabelecimentos hoteleiros e similares registaram 2,0 milhões de hóspedes e 5,4 milhões de dormidas em maio de 2018, correspondendo a variações de +3,5% e +1,1% (-5,2% e -8,3% em abril, respetivamente). As dormidas de residentes cresceram 5,4% enquanto as dos não residentes apresentaram uma ligeira diminuição de 0,2% (-10,6% e -7,5% em abril, respetivamente, mês que tinha sido afetado pelo efeito de calendário da Páscoa).

A estada média (2,67 noites) reduziu-se 2,4% (-1,5% no caso dos residentes e -2,0% nos não residentes). A taxa líquida de ocupação-cama (54,7%) recuou 0,4 p.p. Os proveitos totais aumentaram 9,1% (+2,5% em abril), atingindo 344,7 milhões de euros. Os proveitos de aposento cresceram 10,4% (+2.6% em abril), ascendendo a 252,2 milhões de euros.

Dormidas com aumento pouco expressivo

Em maio de 2018, a hotelaria registou 2,0 milhões de hóspedes que proporcionaram 5,4 milhões de dormidas, traduzindo-se em aumentos de 3,5% e 1,1%, respetivamente. Estas evoluções suplantaram as observadas em abril, mas estiveram aquém das verificadas em cada um dos meses do 1.º trimestre do ano. Em termos acumulados, de janeiro a maio de 2018 os hóspedes aumentaram 3,2% e as dormidas 1,5%. As dormidas em hotéis (70,7%) apresentaram um acréscimo de 3,1%. Nas restantes tipologias apenas os aldeamentos turísticos apresentaram crescimento no número de dormidas (+7,4%).

Em maio, o mercado interno contribuiu com 1,2 milhões de dormidas, revelando um crescimento de 5,4% (-10,6% em abril). Os mercados externos apresentaram um ligeiro decréscimo (-0,2% em maio; -7,5% em abril) e atingiram 4,2 milhões de dormidas. Nos primeiros cinco meses do ano, as dormidas dos residentes cresceram 3,4%, acima do crescimento apresentado pelos não residentes (+0,8%).

Mercado norte-americano com crescimento assinalável

Os quinze principais mercados emissores representaram 87,3% das dormidas de não residentes. O mercado britânico (22,7% do total das dormidas de não residentes) recuou 9,0% em maio. Nos primeiros cinco meses do ano, este mercado apresentou uma diminuição de 7,4%.

As dormidas de hóspedes alemães (14,1% do total) aumentaram 4,8% em maio. Desde o início do ano, este mercado revelou um ligeiro decréscimo (-0,5%). O mercado francês (11,9% do total) cresceu 1,1% em maio. Entre janeiro e maio, este mercado apresentou um aumento de 2,4%. As dormidas de hóspedes residentes em Espanha (6,0% do total) registaram um acréscimo de 5,7% em maio e um ligeiro decréscimo desde o início do ano (-0,3%).

Em maio, destacaram-se os crescimentos nos mercados norte-americano (+18,3%) e brasileiro (+10,0%). Nos primeiros cinco meses do ano, o realce vai igualmente para os mesmos mercados (+20,5% e +12,6%, respetivamente) e ainda para o canadiano (+12,7%).

Crescimento expressivo das dormidas no Alentejo

Em maio, as diferentes regiões apresentaram resultados díspares em termos de evolução das dormidas. O Alentejo destacou-se com um crescimento de 17,0%, sendo também de referir o crescimento no Norte (+6,7%). Os maiores decréscimos nas dormidas verificaram-se no Centro (-3,7%) e RA Madeira (-2,6%). As regiões do Algarve e da AM Lisboa captaram 34,2% e 24,9% das dormidas totais, respetivamente.

Nos primeiros cinco meses do ano, destacaram-se os crescimentos de 8,1% no Alentejo (região com um peso de 2,9% nas dormidas totais acumuladas) e de 6,9% no Norte (quota de 14,1% no mesmo período).
Atendendo às dormidas de residentes, em maio registaram-se aumentos em todas as regiões com exceção da RA Madeira (-7,6%), destacando-se os crescimentos no Alentejo (+12,2%), Algarve (+11,2%) e Centro (+10,4%). Considerando o período desde o início do ano, realça-se o aumento na RA Açores (+7,8%; quota de 5,9% no total de dormidas de residentes de janeiro a maio).

Em termos de dormidas de não residentes, em maio destacou-se o crescimento expressivo no Alentejo (+22,9%) e, por oposição, o decréscimo no Centro (-13,8%). Entre janeiro e maio, o realce vai igualmente para o crescimento no Alentejo (+17,3%; peso de 1,6% nas dormidas de não residentes nestes cinco meses) e no Norte (+10,0%; quota de 11,0%).

Taxa de ocupação recuou

A taxa líquida de ocupação-cama (54,7%) reduziu-se ligeiramente (-0,4 p.p. em maio; -4,6 p.p. em abril). Na RA Madeira e AM Lisboa registaram-se as taxas de ocupação mais elevadas (69,3% e 66,2%, respetivamente). Salientou-se o acréscimo no Alentejo (+4,8 p.p.), enquanto a maior redução ocorreu na RA Madeira (-4,0 p.p.).

Crescimento nos proveitos destaca-se do ligeiro aumento nas dormidas

Os proveitos totais atingiram 344,7 milhões de euros e os de aposento 252,2 milhões de euros, com crescimentos de 9,1% e 10,4%, respetivamente, significativamente superiores ao das dormidas (+1,1%). Os aumentos nos proveitos, em maio, situaram-se acima dos verificados em abril (+2,5% e +2,6%, pela mesma ordem), mas, tal como nas dormidas, foram ligeiramente menos expressivos que nos meses do 1º trimestre.

Entre as várias regiões, destacaram-se os aumentos de proveitos no Alentejo (+19,1% nos proveitos totais e +20,9% nos de aposento), Norte (+15,1% e +15,3%) e AM Lisboa (+12,7% e +15,7%). O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 56,5 euros em maio, o que se traduziu num aumento de 8,1% (+1,0% em abril). A AM Lisboa registou o RevPAR mais elevado (98,8 euros). Neste indicador, são de destacar os crescimentos no Alentejo (+16,4%) e AM Lisboa (+14,6%).

A evolução do RevPAR foi globalmente positiva entre as diversas tipologias e respetivas categorias. Neste mês, os maiores aumentos verificaram-se nas Pousadas (+13,9%) e hotéis (+7,9%), com realce, nestes últimos, para as unidades de cinco estrelas (+11,9%). As Pousadas e os hotéis registaram igualmente os valores mais elevados neste indicador (85,4 euros e 64,3 euros, respetivamente).

Parques de campismo e colónias de férias

Em maio de 2018, os parques de campismo receberam 122,4 mil campistas (+8,8%) que proporcionaram 346,4 mil dormidas (+9,3%). Para o aumento das dormidas contribuíram quer o mercado interno (+8,8%), quer os mercados externos (+9,7%), tendo estes sido predominantes (53,6% do total de dormidas). A estada média (2,83 noites) aumentou ligeiramente (+0,4%).

As colónias de férias e pousadas da juventude registaram 29,0 mil hóspedes (-14,3%) e 52,7 mil dormidas (-10,8%). O mercado interno representou 64,5% das dormidas e recuou 12,3%, enquanto os mercados externos apresentaram um decréscimo de 7,9%. A estada média (1,82 noites) cresceu 4,2%.

“Estamos a conseguir posicionarmo-nos face a outros destinos”

Ana Mendes Godinho afirmou que “continuamos com um crescimento dos proveitos turísticos de cerca de 9,5% [em maio], sentimos que há cada vez mais concorrência dos outros mercados, mas a verdade é que estamos a conseguir crescer em valor. Tivemos um crescimento acumulado de cerca de 3,5% de turistas este ano, mas os proveitos turísticos a crescerem três vezes mais, apesar dos ótimos resultados que já tínhamos tido o ano passado”.

Tal facto “quer dizer que estamos a conseguir também posicionarmo-nos mesmo face aos outros destinos que, neste momento, estão a surgir com muita força – nomeadamente Egipto, Turquia e Tunísia, que estão com crescimentos acima dos 100% – e, apesar disso, estamos a conseguir crescer num ritmo muito positivo”, acrescentou a governante.

Em termos de exemplo, Ana Mendes Godinho apontou Espanha, que mesmo em termos de crescimento de receitas turísticas estagnou. “Nas receitas turísticas o acumulado é de 11,8%, o que significa que estamos a conseguir cada vez mais trazer mercados que reconhecem o valor e deixam mais em Portugal, e também a crescer ao longo de todo o ano, o que nos permite que a atividade seja cada vez mais sustentável”, afirmou.

Questionada sobre algumas manifestações de receio por parte dos agentes turísticos, nomeadamente com algum abrandamento do crescimento de dormidas, como no Algarve, Ana Mendes Godinho lembrou que “o objetivo não é continuar a crescer de uma forma que não seja sustentável”.

“O nosso objetivo é que esse crescimento seja feito de uma forma consolidada, sustentada, alargando a todo o território – porque sentimos, claramente, que as regiões que estão a crescer mais eram as regiões tradicionalmente menos turísticas. Temos todos que continuar a trabalhar muito para afirmar as regiões como o Algarve – e é o que temos feito também na diversificação de produto – e trabalhar em conjunto.

A secretária de Estado lembrou também as “situações particulares como a falência de companhias aéreas, que tiveram influência, claramente (…)”, afirmando que a capacidade aérea está, na globalidade, reposta para o Algarve, à exceção de para o Reino Unido, de onde estas companhias operavam mais regularmente.

“O nosso grande esforço, nomeadamente com a campanha que estamos a desenvolver para Algarve e Madeira, é precisamente trabalhar com companhias aéreas e operadores para conseguirmos continuar esta dinâmica de sustentabilidade, que é esse o nosso objetivo”, concluiu.