Receitas turísticas em 2019 vão atingir 17 mil milhões de euros

“Os Açores são o exemplo do percurso que o país no seu todo fez nos últimos tempos”, disse Pedro Siza Vieira, ministro Adjunto e da Economia, à margem das comemorações do Dia Mundial do Turismo nos Açores. A sociedade e a economia açoriana são um “símbolo de sustentabilidade que se projetou globalmente”, reforçou o responsável, ressaltando que “é agora capaz de atrair a atenção de visitantes e observadores de todo o lado”, através de um modelo sustentável de desenvolvimento que “conseguiu assegurar e que projeta a economia para o futuro”. O “aumento das ligações aéreas” e os “esforços de promoção externa”, que foram “muito intensificados”, são o resultado do aumento de número de visitantes. Em função deste crescimento, a região autónoma soube “aumentar e qualificar a oferta de alojamento e restauração”, estruturando o “produto e dar aos visitantes motivos para permanecerem e regressarem”, considera, tornando o destino dos Açores, de entre todas as regiões portuguesas, aquela que “mais cresce em termos de números de visitantes” no país.

Portugal é o país dentro da “orla mediterrânica” com a taxa de sazonalidade mais reduzida

Embora o turismo continue a dar “provas” de crescimento em todo o mundo (de forma mais intensa na atividade económica do que propriamente na atividade global), Portugal é o país que tem ganho “mais quota de mercado, muito acima daquilo que tem sido o crescimento da indústria ao nível mundial”, nota o ministro.  Prova disso é o crescimento das receitas turísticas que, em 2015, “rondavam os 11 mil milhões de euros”, enquanto que, para este ano, estão previstos “17 mil milhões de euros. São mais de 50% de receitas turísticas nestes quatro anos”.

Portugal soube, desde logo, diversificar aqueles que eram os mercados com maior dependência: “Reino Unido, Espanha, França e Alemanha”. Hoje em dia, aqueles que mais crescem são os “novos mercados”, e sendo também os que, simultaneamente, deixam “mais valor e permanecem mais tempo: brasileiros, americanos, chineses, canadianos e israelitas”. Pedro Siza Vieira notou ainda que, ao nível dos destinos, “reduzimos a dependência dos destinos tradicionais”, como o Algarve, Madeira e Lisboa, espalhando o turismo por todo o território. As regiões que mais cresceram foram os Açores, o Centro e o Norte.  Também o número de visitantes que procuram Portugal nas épocas altas reduziu. Segundo o ministro, dentro da orla do mediterrâneo, Portugal é o país que tem a mais reduzida taxa de sazonalidade: “36% dos turistas que nos visitam vêm na época alta”, sustenta.

A contribuir para este cenário, está o esforço interno que tem sido feito neste sentido. Exemplo disso são “as mais de 500 operações e rotas aéreas que permitiram o fácil acesso de visitantes externos ao nosso país”. O investimento e a qualificação do aumento da oferta e a estruturação do produto turístico contribuíram de igual forma: “Foram apoiados, por diversas fontes de apoio, 1.300 milhões de euros ao financiamento”. Neste sentido, a indústria soube responder de forma notável, conseguindo “conquistar prémios, reconhecimento dos clientes e visitantes”, assim como a criação de emprego de uma forma extraordinária: “mais de 115 mil empregos criados nestes anos”, sustenta.

Contudo, o país confronta-se com novos desafios. Pedro Siza Vieira aponta a “escassez e a qualificação de recurso humanos” perante clientes mais exigentes, além das acessibilidades ao país que estão “congestionadas” e que requerem a necessidade de uma “resposta sólida”. Para o ministro não há dúvidas de que o turismo “vai continuar a dar um contributo muito significativo” para o crescimento da economia. Mas “novas exigências” e “novos desafios” estão à porta, nomeadamente a “transição digital”. A presença da digitalização nas atividades económicas vai ser cada vez mais notável na indústria, resultando na alteração dos “canais de distribuição do produto turístico”, assim como na promoção. 

No desafio da economia circular e sustentabilidade, Siza Vieira nota que os Açores esteve no “momento certo” mas não há dúvidas de que a grande maioria das empresas do setor turístico vão ser confrontadas com esta alteração de paradigma.

Para o ministro, o turismo está à altura dos muitos desafios colocados. “Somos o 12.º país mais competitivo a nível mundial” e “estamos a dar passos muito sólidos na sustentabilidade da nossa atividade”. Nesta linha, as “empresas estão mais rentáveis e menos endividadas”. Portugal está assim cada vez mais “robusto”, tendo mais “capacidade para trabalhar com o setor privado” e “aguentar o esforço de investimento de qualificação e formação profissional”. Siza Vieira não deixa de realçar que o “segredo” nesta última década deve-se, sobretudo, às “parcerias sólidas estabelecidas entre o setor público e privado”, notando ainda que este é um “modelo para o futuro” e que vai “continuar a mostrar as suas virtualidades”.