Recuperação do turismo na Europa deverá continuar

As viagens de longo curso para a Europa tiveram um verão animado e a tendência de subida nas chegadas deverá continuar, segundo os últimos dados da ForwardKeys, que monitoriza futuros padrões de viagem analisando 14 milhões de transações de reservas por dia. O total de chegadas de longo curso internacionais de janeio a setembro subiu 5,1% no ano anterior e as reservas emitidas (reservas para futuras viagens) cresceram 4,8% no resto do ano.
Estes dados foram divulgados na Destination Europe Summit 2015, organizada pela European Travel Comission (ETC) e pela European Tourism Association (ETOA), com o apoio da Comissão Europeia, em Londres, ontem, dia 29 de outubro.
Segundo Sebastien Cron, Global Sales Director da ForwardKeys, “embora seja amplamente reconhecido que a Europa esteja a perder a sua competitividade, é bom ver a partir dos nossos dados que as viagens de longo curso para a Europa têm estado a aumentar recentemente, alavancadas por uma forte época de verão, sobretudo no mês de julho”.
O que parece ser uma performance sólida este ano precisa de ser enquadrada num contexto de declínio relativo a longo prazo. Para Tom Jenkins, CEO da ETOA, é essencial que os especialistas na indústria não se deixem enganar por um estado falso de segurança sobre os números que revelam crescimento. “As viagens e turismo noutras partes do mundo estão a crescer mais depressa do que na Europa. Embora as estatísticas revelem que estamos a continuar a crescer a um ritmo médio anual de 3,6% desde 2007, o resto do mundo está a crescer a um ritmo de 5,7% no mesmo período.”

Dentro da Europa, o cenário é misto. A Alemanha e a Holanda têm-se destacado desde 2007, com crescimentos totais de turismo da ordem dos 37% e 33%, respetivamente, e uma média anual de 4,6% e 4,2%. O Reino Unido e a França cresceram apenas 13% e 10%, respetivamente, com uma média de apenas 1,7% e 1,4% por ano.

Tom Jenkins prossegue dizendo que “a indústria de turismo europeia está a enfrentar concorrência global. Precisamos de ter consciência do que se passa nos principais mercados de origem. Os EUA poderão finalmente estar com um cenário positivo; a Rússia – o maior mercado em volume na Europa – está negativa. A China revela sinais de que poderá não ser tão promissora como todos parecem pensar.”

As chegadas dos EUA parecem poder vir a disparar para o resto do ano. Os clientes da Costa Oeste estão a subir expressivamente: São Francisco lidera, seguindo-se Los Angeles, Boston e Chicago. Mais de metade das reservas para futuras chegadas dos EUA indicam estadias mais longas, de 4 a 8 noites, outro sinal positivo.

O turismo da Rússia desceu em flecha. O número de visitantes diminuiu 15,9% de janeiro a setembro, com as futuras reservas a caírem 24,1% para o resto do ano.

Por sua vez, a China, apesar de ter crescido nos primeiros 10 meses de 2015, parece estar a diminuir em novembro e dezembro, com as reservas a partir de Pequim, a descerem 6,4% face ao ano passado. Porém, isto poderá indicar que os Chineses estão a começar a reservar mais em cima da hora.

Os principais destinos europeus em termos de chegadas, entre janeiro e setembro, foram Londres, Paris, Istambul e Roma, embora o crescimento em Londres e Paris fosse anémico, com Londres a cair 0,3% e Paris a subir apenas 1,6%. Para o resto do ano, Barcelona e Milão, no topo da lista em termos de destinos com crescimentos mais rápidos, sobem 20,3% e 25,6%, respetivamente, devido à Expo Milão e à melhoria da conetividade para Barcelona, especialmente via Dubai.

Eduardo Santander, diretor executivo da ETC, chamou a atenção para se agir na crescente competitividade da Europa, exigindo que se eliminem obstáculos como os vistos, uma tributação excessiva do turismo e regulamentação onerosa. Também alertou para se estar atento aos mercados emissores mais importantes, a estratégias promocionais conjuntas, orçamentos promocionais aumentados e maior cooperação entre os setores público e privado a níveis continental, nacional, regional e local. E alertou: “A indústria do turismo europeia está a enfrentar uma crescente concorrência global por parte dos destinos emergentes que estão a atrair cada vez mais turistas”.