Relatório da CLIA aponta avanços em tecnologias ambientais na frota de cruzeiros
A CLIA – Associação Internacional das Companhias de Cruzeiros acaba de divulgar o seu Relatório Anual sobre Tecnologias e Práticas Ambientais. O relatório evidencia progressos contínuos e mensuráveis por parte das companhias de cruzeiro associadas no cumprimento de uma agenda ambiental ambiciosa – desde a experimentação e teste de biocombustíveis, ao investimento em motores multifuel, ao uso crescente de combustíveis com baixas emissões e à maximização de medidas de eficiência energética.
O número de navios a operar com motores multifuel, capazes de alternar entre combustíveis convencionais e combustíveis de zero ou quase zero emissões, aumentou de apenas um navio em 2018 para 19 atualmente. Até ao final de 2025 prevê-se que 23 navios com motores multifuel estejam em serviço, incluindo o primeiro navio de cruzeiro com capacidade para três tipos de combustível, prevendo-se, ainda, que, até 2036, esse número aumente para 32.
As companhias de cruzeiros continuam a aumentar a utilização de alternativas ao fuelóleo pesado à medida que vão surgindo novas opções, incluindo biocombustíveis, GNL e outros. Exemplo disso é a entrega de um navio em 2024 preparado para utilizar metanol até 2026, bem como outro navio cuja entrega está prevista para o final deste ano.
Outro avanço significativo, segundo a CLIA, é a ligação elétrica em terra (OPS), que permite desligar os motores nos portos e reduzir as emissões em até 98%, dependendo da combinação de fontes de energia, de acordo com estudos realizados por vários portos do mundo e pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. O número de navios preparados para esta tecnologia quase duplicou desde 2018, sendo atualmente 166 unidades (58% da frota global), prevendo-se que atinja 273 navios até 2036.
As infraestruturas portuárias equipadas com OPS também estão a aumentar. Atualmente, 41 portos em todo o mundo onde operam navios de cruzeiro (menos de 3%) dispõem de cais de cruzeiros com OPS, o que representa um aumento de oito portos em relação ao ano passado.
No âmbito das regulamentações de descarbonização “Fit for 55” da União Europeia, até 2030 os principais portos da Europa serão obrigados a disponibilizar ligação elétrica em terra, o que irá acelerar ainda mais o investimento em infraestruturas portuárias nessa região.
A tecnologia de Redução Catalítica Seletiva (SCR), que reduz partículas e óxidos de azoto, também registou um crescimento notável, passando de sete navios em 2018 para 81 em 2025.
Relativamente aos recursos hídricos, 98,2% da frota já dispõe de sistemas de produção de água potável a bordo, promovendo a autossuficiência e reduzindo a pressão sobre os recursos dos portos. No tratamento de águas residuais, 234 navios (82,4% da frota) estão equipados com Sistemas Avançados de Tratamento de Águas Residuais (AWTS). Prevê-se que, até 2036, 273 navios estejam equipados com AWTS. Além disso, como parte do compromisso global com a sustentabilidade, as companhias de cruzeiros comprometeram-se a não descarregar águas residuais não tratadas em qualquer parte do mundo durante as operações normais.
Na área dos resíduos, as companhias de cruzeiros estão a adotar uma nova geração de tecnologias de gestão de resíduos a bordo, permitindo que alguns navios reciclem ou reutilizem praticamente todos os resíduos gerados. Entre os sistemas de ponta atualmente utilizados nos navios de cruzeiro destacam-se os sistemas de gaseificação de resíduos para produção de energia, presentes em oito navios, e os digestores microbianos para resíduos alimentares, já instalados em 128 navios.