Reportagem: A força do enoturismo de norte a sul de Portugal

Considerada como a “mais generosa no mundo”, a época dos vinhos está oficialmente aberta. De Norte a Sul do país, são várias as ofertas de enoturismo, uma atividade vista como um “complemento” à oferta turística e, ainda, como “combate” à sazonalidade. A Ambitur esteve à conversa com as várias regiões do país para saber como é encarado este setor que está a ganhar cada vez mais força em Portugal.

Porto e Norte: uma atividade recente
Sendo uma “atividade recente” em Portugal, o “cluster” dos vinhos representa para a região do Norte de Portugal “um dos principais atributos da oferta turística do destino”, afirma Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP). Nos últimos 10 anos, verificou-se o incremento do número de quintas produtoras de vinho que “encontraram no enoturismo uma forma muito interessante de promover o seu próprio vinho”. Atualmente, existem na região “mais de 400 quintas com potencial”. O presidente do TPNP acredita que “tem sido possível a transformação completa dessas quintas produtoras em espaços de nível mundial”, oferecendo tudo o que o verdadeiro consumidor deste tipo de produto turístico procura.

Centro de Portugal: potencial de crescimento
Assente na estratégia do Centro de Portugal, está o enoturismo. “É um produto turístico em que a região se diferencia e que tem um grande potencial de crescimento”, afirma Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal (TCP), realçando a capacidade que tem para “combater a sazonalidade”. O facto de existir uma “ligação muito forte” com as vinhas e o vinho na região, permite “aprimorar o entusiasmo” e o “cuidado”. No entanto, “é ainda um produto turístico relativamente recente”. O objetivo agora é a “consciencialização dos empresários” para as “vantagens em mostrar os seus espaços para quem os pretende visitar”, criando “complementaridade entre o enoturismo e outros produtos”. Dos investimentos, destaca-se o “Programa de Ação para o Enoturismo em Portugal” e o Projeto Estratégico de Apoio à Fileira do Vinho na Região Centro com o intuito de “apoiar a cadeia de valor dos vinhos”.

Lisboa: um desafio
“Conhecer e descobrir” a Região de Lisboa é “também ter experiências de enoturismo”, começa por afirmar Vítor Costa, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) de Lisboa. Entre a capital e a Península de Setúbal, existem “duas realidades” e “duas dimensões vinícolas complementares” que fazem do enoturismo “um produto turístico que faz parte da nossa oferta”, exemplificando com a parceria com a Associação de Turismo de Lisboa, que dá “apoio à comercialização e venda por parte de empresas de animação turística”, ou com a TAP, através da inclusão de ofertas e experiências de enoturismo no programa “Stopover”. “Conseguir desenvolver uma maior integração com outras dimensões da oferta” é agora o principal desafio.

Alentejo e Ribatejo: uma das cores do arco-íris da oferta
Sendo o turismo uma “atividade económica compósita”, o enoturismo é “uma das cores do arco-íris de oferta”, afirma António Ceia da Silva, diretor da ERT do Alentejo e Ribatejo, sublinhando que “há muitas pessoas que visitam as regiões em função de uma bom vinho e de uma boa gastronomia”. O facto de ter também um “aspeto promocional através do vinho”, o nome da região acaba por “alcançar vantagens do ponto de vista competitivo em relação às outras”. De modo a tornar o enoturismo como um produto com mais potencial, o responsável acredita que “temos de aproveitar aquilo que é a dimensão das nossas unidades que tem muita força e muita dinâmica”, procurando assim “promovê-las”.

Algarve: cruzar com oferta turística e cultural
No Algarve, o crescimento do setor vitivinícola não é exceção. João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, afirma que “os vinhos portugueses estão em alta no mundo e o turismo começa a diferenciar-se, também, pela qualidade do seu vinho”. Nos últimos anos verificou-se, na região, um forte investimento no revitalizar do setor vitivinícola: “Em 2017, a produção cresceu 50%”. João Fernandes não tem dúvidas de que “estamos perante um produto com potencial crescimento. Existe uma variedade gastronómica sendo uma das suas grandes riquezas turísticas”, acrescenta. O caminho a seguir passa pelo fortalecimento do trabalho que tem sido feito no que toca à promoção do vinho, com o reforço das “dinâmicas de “cross selling” direto entre vinho e turismo” e a dinamização da “projeção da região e da sua oferta”. Uma aposta “certeira” é o cruzamento da oferta turística e cultural com o universo vínico.