Reportagem: A Plateform e o setor da restauração têm necessidades “constantes” de profissionais qualificados

A Ambitur.pt irá publicar, ao longo das próximas semanas, o resultado de conversas com 25 empresários e profissionais das mais variadas áreas do Turismo, da hotelaria a rent-a-cars, da aviação à distribuição, contando ainda com algumas análises de professores e investigadores. O foco desta reportagem foram os Recursos Humanos, a importância da Formação, a integração das Tecnologias e os desafios que se colocam ao setor. Poderá ler o trabalho na íntegra na edição 328/Março da Ambitur.

A Plateform, anterior Multifood, é um grupo de restauração em crescimento com novos espaços e conceitos gastronómicos, e como tal, a necessitar constantemente de recursos humanos qualificados. Mas no setor da restauração o desafio dos recursos humanos é ainda maior, pela falta de formação e por um certo estigma ainda associado por exemplo à função de empregado de mesa.

Rui Sanches, CEO da Plateform, considera que ainda existem algum estigma em relação a determinadas funções do setor turístico, como seja a função de empregado de mesa. No entanto, confia que “a visão que se tem do setor está e tem vindo a mudar nos últimos anos”, com o contributo do “sucesso” e “mediatismo” de alguns chefs de cozinha assim como dos diversos concursos locais e nacionais que promovem o talento dos vários profissionais de cozinha, pastelaria e bar. O responsável defende que deverá existir uma “maior divulgação dos vários casos de sucesso” junto dos media e das instituições ligadas ao turismo.

Com o crescimento do Turismo existem mais oportunidades de trabalho na área, no entanto verifica-se que o setor “continua a não ser a primeira escolha” dos profissionais: “Há muitas pessoas que optam trabalhar nesta área apenas durante uma fase transitória da sua vida”, face ao ritmo de trabalho elevado, à necessidade de trabalhar por turnos e em épocas festivas, atenta o responsável. “De uma maneira geral, quem faz carreira nestas áreas fá-lo por gosto”, conclui.

Quanto à remuneração, Rui Sanches adverte que “existe o estigma que a restauração é um dos setores que pior paga aos seus colaboradores” o que segundo o próprio “não corresponde à realidade”. As novas gerações valorizam também, cada vez mais, outras componentes além do salário: o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional,  a formação, condições de trabalho, possibilidades de progressão de carreira e oportunidades de mobilidade interna.

“Há uns anos não havia formação especializada em serviço de mesa”

A Plateform tem crescido, com a abertura de novos espaços e o surgimento de conceitos gastronómicos, pelo que as necessidades de recursos humanos são “constantes”. Mas há áreas onde a empresa sente “maior dificuldade” em recrutar pela “escassez de candidaturas qualificadas”, nomeadamente nas funções de sala. Segundo o CEO, “terá de existir uma mudança de mentalidade e de paradigma” pois “a função de sala assume uma importância fulcral no que concerne à hospitalidade e à experiência vivida pelo cliente”.

Outra questão levantada por Rui Sanches é que “até há uns anos não havia formação especializada para o serviço de mesa” sendo que qualquer pessoa desempenhava essa função. Apesar da situação estar a mudar, com vários cursos, “ainda existem poucos profissionais com a formação e qualificação que, atualmente, o mercado necessita”. Assim, existe realmente uma “desigualdade entre a oferta e a procura”.

*Este trabalho foi realizado antes da declaração do Estado de Emergência em Portugal