“Resiliência” das PME é prioridade para a Região de Turismo do Algarve

Durante o surto de Covid-19 que tanto tem abalado o Turismo, a resiliência é a palavra de ordem para a Região de Turismo do Algarve (RTA), especialmente vulnerável pela sazonalidade. Mas o presidente da RTA, João Fernandes, acredita que da crise surgirá um novo tipo de procura para a qual o Algarve poderá ter uma vantagem competitiva e, quiçá, recuperar mais rapidamente. 

Os danos da pandemia para o Algarve são já “elevadíssimos” e João Fernandes admite a “especial vulnerabilidade de uma região que depende do Turismo” e em que “a sazonalidade é um fator adicional de adversidade”. No entanto, confia que “cabe a todos nós trabalhar para que a recuperação seja feita com o devido apoio económico e social”.

Neste momento de crise, a prioridade da RTA é apoiar as empresas do setor, sobretudo as Pequenas e Médias Empresas (PME) que são as que mais “geram riqueza e emprego na região” sendo “fundamental” garantir a sua “sobrevivência e competitividade”, afirma o responsável. Segundo o presidente da RTA, a maior preocupação da entidade de turismo é “a manutenção da capacidade produtiva”, ao nível dos postos de trabalho e da tesouraria das empresas, e a única certeza é que “estão a ser disponibilizados os recursos possíveis e que estes não são ilimitados”.

A RTA lançou uma campanha de divulgação e esclarecimento das medidas de apoio, anunciadas pelo Governo e pelo Turismo de Portugal, que o responsável confia que vão ser “progressivamente ajustadas para dar a melhor resposta possível”, e criou um Gabinete de Apoio ao Empresário que informa sobre outras medidas de de isenção e flexibilização fiscal, contributiva e laboral, e que ajuda na elegibilidade dos empresários às respetivas candidaturas.

O Algarve poderá ter “vantagem competitiva”

João Fernandes admite ser neste momento “impossível” saber qual a fórmula para que o Turismo saia mais forte desta crise, no entanto, acredita na “resiliência” que nos é característica enquanto povo e que permitirá: “Ter respostas eficazes em função da análise do real impacto nos mercados emissores, operadores turísticos e companhias aéreas, bem como na situação dos nossos concorrentes.”

Para a recuperação turística, o presidente da RTA considera que, numa primeira fase, será muito importante “conhecer as dinâmicas que vão ficar instaladas” de modo a “ajustar a oferta a um novo tipo de procura e comportamento de consumo”, considerando que destinos menos explorados, períodos do ano menos concorridos e produtos como o turismo de natureza e o golfe, que envolvam grupos de menor dimensão, podem ser “fatores de eleição num horizonte temporal próximo”. A concretizar-se este cenário, “o Algarve poderá ter uma vantagem competitiva e, quem sabe, uma mais rápida recuperação económica”, conclui.

Tal como noutras crises, nomeadamente económicas, é expetável que “o mercado de proximidade [Portugal e Espanha] seja o primeiro a responder” pela facilidade de acesso sem recurso ao transporte aéreo. Posteriormente, a Europa será “a nossa maior oportunidade” caso mantenha os “fluxos de passageiros condicionados para o exterior do continente”, prevê João Fernandes, acrescentando que a “habitual migração turística do Norte da Europa para o Mediterrâneo ficaria condicionada aos países europeus do Sul”.