Retoma da atividade turística nacional: “Este presente vem embrulhado por grandes desafios”

Os agentes económicos da atividade turística insistem na mesma tecla: é necessária uma decisão face ao “novo” aeroporto de Lisboa, continuando a acusar o Governo de um divórcio anunciado com uma atividade económica essencial para a sustentação da criação de riqueza do país. Ao apontar do dedo da Confederação do Turismo de Portugal, da Associação dos Hotéis de Portugal e de outras congéneres, juntou-se a ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal, durante a tomada de posse dos novos corpos sociais.

Fernando Garrido, atual presidente da ADHP, começou o seu discurso indicando que “claramente a expectável e tão ansiada retoma está aí. Mas a verdade é que este presente vem embrulhado por grandes desafios, sendo os diretores de hotel os verdadeiros motores desta nova realidade”. De acordo com o responsável, “embora os números ainda não o demonstrem claramente, a verdade é que os sinais a montante revelam que, a partir do segundo trimestre, o turismo está em plena atividade. As companhias áreas estão cerca de 15% acima da capacidade normal para este período. Abril foi um dos melhores meses dos últimos anos do setor, na maioria dos casos superando mesmo o ano de 2019”. Refere o responsável que, no entanto, “este crescimento não está a ser acompanhado devidamente pela tutela, com o tão falado e ‘batido’ tema do aeroporto (de Lisboa)”. Para Fernando Garrido, “perderam-se dois anos de pandemia e, para além disso, recuámos na solução – que não está em causa se era boa ou má, mas uma não decisão é sempre uma má decisão”.

[blockquote style=”1″]“o «não funcionamento do SEF», é outro dos grandes problemas. À chegada aos diferentes aeroportos nacionais, o nosso primeiro «seja bem-vindo!» é dado com elevados tempos de espera, de horas, por falta de operacionais do SEF para controlo da identidade dos turistas”[/blockquote]

Outra das questões que tem preocupado o turismo é relativamente ao SEF, adiantando o novo presidente da ADHP que “o «não funcionamento do SEF», é outro dos grandes problemas. À chegada aos diferentes aeroportos nacionais, o nosso primeiro «seja bem-vindo!» é dado com elevados tempos de espera, de horas, por falta de operacionais do SEF para controlo da identidade dos turistas”.

[blockquote style=”1″]“não podemos almejar superar os números de 2019 e, depois, as estruturas de suporte ao turismo não estarem preparadas para acompanhar este crescimento”[/blockquote]

Concluindo, o responsável indica ser evidente que “não podemos almejar superar os números de 2019 e, depois, as estruturas de suporte ao turismo não estarem preparadas para acompanhar este crescimento”.

[blockquote style=”1″]”Neste momento, os diretores de hotel estão a deparar-se com uma escassez de recursos humanos que põe em causa a operacionalização das unidades que dirigem e de que não há memória igual”[/blockquote]

Voltando-se para um dos problemas estruturais da atividade, o diretor hoteleiro refere que “a ausência de recursos humanos é outro e, quiçá, o nosso maior problema. Neste momento, os diretores de hotel estão a deparar-se com uma escassez de recursos humanos que põe em causa a operacionalização das unidades que dirigem e de que não há memória igual”.

[blockquote style=”1″]”Os profissionais deixaram de ver as remunerações como o principal fator motivacional; a possibilidade de terem uma maior disponibilidade para a sua vida social é um fator motivacional grande, e esta disponibilidade passa, por exemplo, por uma carga horária diária diferente”[/blockquote]

Para Fernando Garrido, este problema com o qual a hotelaria e o turismo no geral se deparam, tem várias dimensões. A primeira, ao nível de uma remuneração desajustada, assentea sobre a premissa de reconhecimento financeiro dos clientes, pelo serviço prestado. Indica o interlocutor que aqui a ADHP está a levar a cabo um estudo entre os profissionais do meio que permita obter indicadores que sirvam de guideline ao setor para se criar novos modelos de remuneração, assentes sobre premissas atuais. Numa segunda dimensão, considera a ADHP que está em causa um “ajuste da vida pessoal, com a profissional. Os profissionais deixaram de ver as remunerações como o principal fator motivacional; a possibilidade de terem uma maior disponibilidade para a sua vida social é um fator motivacional grande, e esta disponibilidade passa, por exemplo, por uma carga horária diária diferente”. A terceira dimensão verificada diz respeito à existência de uma necessidade de tornar as profissões do meio turístico e hoteleiro novamente atraentes e, para que tal aconteça, é fundamental repensar a abordagem aos recursos humanos. A quarta dimensão, considera o responsável, passa pela continuação da aposta na formação, através das escolas profissionais e superiores, que tem vindo a ser feita e, na nossa opinião, bem, mas com espaço de progressão. Por fim, Fernando Garrido enfatizou a dimensão que incide no reconhecimento das profissões a montante com a valorização dos recursos humanos qualificados, na majoração aquando da reclassificação das unidades hoteleiras, conforme foi proposto pela ADHP.

Relembrou o diretor hoteleiro que “a função de diretor hotel é altamente especializada e ampla em termos de responsabilidade e competência. Não é possível continuar a menosprezar esta profissão, que é o garante da qualidade das unidades hoteleiras e, consequentemente, do sucesso do turismo, que foi e é expectável que seja novamente o grande motor de recuperação económica do país. O caminho para a ordem dos diretores de hotéis é o percurso natural no sentido deste reconhecimento”.

Relativamente a atual mandato da ADHP, os pilares de sustentação foram enumerados pelo orador, sendo os principais:

  • A proximidade ao ensino, em que a associação pretende criar um conselho pedagógico que irá reunir as entidades públicas e privadas que ministram cursos no ensino superior relacionados com o sector.
  • Alargamento de parcerias com entidades externas, para a criação e certificação de formações “tailor made”.
  • Desenvolvimento de dados estatísticos diferenciados que contribuam no apoio à gestão dos diretores de hotéis.
  • Realização dos Congressos Nacionais da ADHP e dos Prémios.