São Tomé (I): Entre as montanhas, vales e cascatas da região centro

Ambitur esteve em São Tomé e Príncipe, a convite da Solférias e da TAP, visitando a ilha de norte a sul. Hoje deixamos aqui a primeira reportagem, pelo centro de São Tomé e passagem pelos pontos mais típicos.

No Golfo da Guiné, em plena região equatorial, existe um pequeno arquipélago da África Ocidental com cerca de 1.001 km2 que continua vivo na memória dos portugueses desde a sua descoberta, em 1471, pelos navegadores Pêro Escobar e João de Santarém. O povoamento deste conjunto de ilhas iniciou-se 14 anos depois e só em 1975 este antigo território ultramarino português consegue a sua independência, mantendo-se porém um acordo geral de cooperação e amizade. Falamos de São Tomé e Príncipe, país de gentes simples e sorridentes, sempre prontas a acolher quem as visita com o muito (pouco) que têm. Por isso, quando o convite da Solférias e da TAP para conhecermos este destino chegou, a resposta não podia ser outra e, depois de um voo de apenas seis horas, desembarcamos nestas ilhas no meio do Atlântico, onde a Mãe Natureza foi mais do que generosa apelando aos amantes de paisagens selvagens e exóticas.

Roça Monte Café

À nossa espera, para nos acompanhar durante toda esta viagem, estavam Basílio Soares, ou “Primo” Basílio – até porque, diz-nos desde logo, em São Tomé e Príncipe, Somos Todos Primos (STP) -, e António Mauro. Nossos motoristas e guias privativos ao longo destes dias em São Tomé, deram-nos a conhecer o centro, norte e sul da ilha, ensinaram-nos algumas palavras em crioulo para nos sentirmos verdadeiramente em casa (embora o Português seja a língua oficial) e passaram-nos a filosofia do “leve leve” tão própria deste lugar.

Wilma, na Roça Monte Café

Vagões para transporte do café

O calor cumprimenta-nos logo à saída do avião e a humidade é presença constante. Mas estamos em tempo de chuvas – normalmente duram de outubro a maio – pelo que a temperatura não é insuportável.

O primeiro desafio desta viagem foi conhecer o centro de São Tomé e a Roça Monte Café é a primeira paragem. Esta é uma das roças mais antigas do arquipélago, tendo sido fundada em 1858, por Manuel da Costa Pereira, e sendo a maior plantação de café arábica da ilha, embora tendo também café robusta. Wilma, a nossa guia, e uma das habitantes desta comunidade que aloja hoje cerca de três mil pessoas. Desde 2010 que aqui existe uma cooperativa de café formada pelos próprios trabalhadores que exploram os lotes que lhes foram concedidos pelo Governo.

Cascata S. Nicolau

Antes da pandemia, quem subia a esta roça, também visitava o Museu de Café, viajando pela história do cultivo deste fruto. Mas com a Covid-19, o museu encerrou e ainda não abriu portas.

No roteiro pelo centro não faltam cascatas e uma das mais conhecidas é a Cascata de S. Nicolau, Com cerca de 60 metros de altura, é uma das mais imponentes quedas de água da região. Quem for preparado com fato de banho, pode sempre aproveitar um mergulho nas águas frescas desta cascata. Para depois seguir de energias renovadas para a casa Museu Almada Negreiros.

Casa Museu Almada Negreiros

José Almada Negreiros nasceu em 1893, em São Tomé e Príncipe, na Roça Saudade, freguesia da Trindade, de onde saiu ainda novo para não mais regressar. Mas o orgulho dos são-tomenses nesta personalidade continua até aos dias de hoje e, sobre as ruínas da casa onde o artista viveu os seus primeiros anos de vida, na mesma Roça Saudade, surgiu a Casa Museu Almada Negreiros. Aqui podemos experimentar uma verdadeira refeição são-tomense enquanto os olhos se regalam com a vista deslumbrante sobre o verde da região. Neste espaço há ainda alguns objetos relacionados com Almada Negreiros, uma galeria de arte e uma guest house.

Parque Natural Obô

A visita pelo centro da ilha termina no Parque Natural Obô, uma zona protegida com cerca de 300 km2 e um verdadeiro santuário de fauna e flora que permite observar espécies raras e, algumas, em vias de extinção. É neste parque que é possível subir ao Pico de São Tomé, a uma altitude de 2024 metros, um desafio que exige uma boa condição física já que a caminhada dura sempre, no mínimo, um dia, podendo estender-se por dois se quiser inclui acampamento noturno numa tenda no Pico Mesa, a 1900 metros.

Jardim Botânico

É no Parque que está o Jardim Botânico de Bom Sucesso, que fazia parte da antiga Roça Monte Café. Um passeio pela área dá-nos a conhecer algumas das mais de 400 espécies da flora endémica e das mais de mil amostras de plantas. A verdade é que este espaço tem uma missão educativa no sentido de ensinar as gerações mais jovens sobre questões de biologia e botânica, mas também uma missão de preservação das espécies ameaçadas de extinção. Um verdadeiro oásis verde que nos faz esquecer da civilização por algumas horas, permitindo-nos contactar de perto com o que de mais belo São Tomé tem, a natureza em estado selvagem.

Sugestão de alojamento?

Club Santana Beach & Resort
Em Santana, a apenas 15 Km da cidade de São Tomé, este resort está rodeado de floresta equatorial e oferece 31 bungalows, 14 dos quais com vista para o mar, sendo autónomo do ponto de vista logístico. Funcionando sobretudo em regime de Meia Pensão, e para uma estadia mínima de três dias, o Club Santana disponibiliza também Pensão Completa para quem quiser desfrutar do resort a tempo inteiro. E a experiência gastronómica aconselha-se, sempre com peixe fresco apanhado todas as manhãs pelos pescadores locais e com muitas iguarias típicas da ilha. Além disso, e como chegámos a um sábado, pudemos experimentar o Rodízio de carnes que já é habitual, com direito à animação do músico Kalu Mendes. O resort conta ainda com um centro de mergulho.

Como chegar a São Tomé?

A TAP tem programados 5 voos no inverno IATA. Às quintas-feiras e sábados, partem diretos de Lisboa, às 10H40, para São Tomé Príncipe. Às quartas, sextas e domingos, a partida de Lisboa é às 09H35, mas via Acra (Gana).

Para Portugal, os voos diretos saem de São Tomé às 22H00 de quintas e sábados; e, via Acra, partem às 19H55 de quartas, sextas e domingos.

 

*Por Inês Gromicho, a convite da Solférias e TAP.