Por que razão devem os Açores ser um ponto de paragem obrigatória nas suas próximas férias e o que nunca deve deixar de fazer ou conhecer neste destino são algumas questões que colocámos a seis conhecedores do arquipélago. Desde músicos a atores, passando por comentadores e operadores turísticos, todos nos deixam a sua visão dos Açores.
Os Açores estão em destaque na edição 351 da Ambitur. Com as suas nove ilhas que salpicam o Oceano Atlântico com tons de verde marcados pela Natureza que, aqui, não se fez rogada, quisemos perceber o que tem de tão especial este arquipélago para algumas personalidades conhecidas e para os operadores turísticos que, todos os anos, o colocam no topo de vendas em Portugal.

E começamos por Kátia Guerreiro, fadista nascida na África do Sul mas que ainda criança se mudou para a Ilha de São Miguel, tendo por isso uma ligação natural aos Açores. “Há muitos lugares no mundo onde podemos descansar, ter verde e mar, mas em nenhum desses lugares se consegue ter concentrada tanta beleza natural, tanta diversidade, com tão boa gente, tão boa comida, tão boa temperatura da água do mar para mergulhar, faça chuva ou faça sol, tanta História para conhecer, tantas tradições para absorver e ter tempo para fazer tanta coisa num dia só”, assegura. Para a artista, há uma energia diferente em todas as ilhas dos Açores e está convicta de que vai levar uma vida até poder dizer que conhece este arquipélago de fio a pavio. Se bem que a primavera e o início do outono são as alturas do ano preferidas de Kátia Guerreiro, admite que “a natureza ali é tão surpreendente que há dias de inverno que são de sonho.
A fadista aponta São Miguel como ilha obrigatória mas garante que não passaria sem ir ao Pico, à Terceira ou às Flores, para se ter uma ideia global do arquipélago. Quando vai, gosta de ir em família, até porque ali tem muitos amigos para visitar. E, se possível, fica também com a família. Também já teve a oportunidade de ir com amigos e fazer de cicerone: “Acho que todos temos orgulho no chão a que chamamos nosso e temos gosto em mostrar os nossos lugares”.
Quando lhe perguntámos o que podem os Açores fazer mais para conseguirem uma maior aproximação aos turistas portugueses, Kátia Guerreiro defende que precisam de atrair mão-de-obra para a hotelaria, mas acredita que a região se está a impor a um “ritmo justo”. Contudo, aponta que a oferta hoteleira deve ser cuidadosa e de alta qualidade para não descaracterizar os lugares e atrair turismo de qualidade, crescendo sim mas olhando para todo o arquipélago, não só para as ilhas com mais fluxo turístico, para descentralizar a procura.
“Somos diferentes de outros destinos massificados”

Quem também tem uma forte ligação aos Açores é o ator Frederico Amaral, nascido em Ponta Delgada. E não tem dúvida de que são um destino de férias obrigatório para quem procura natureza viva, paisagens deslumbrantes e experiências autênticas. Nomeia as lagoas vulcânicas, as águas cristalinas, os trilhos, a gastronomia de excelência, a tranquilidade e a cultura do povo açoriano como alguns dos ingredientes para tornar uma visita aos Açores numa experiência memorável. Para o artista, o verão é a melhor época para visitar as ilhas, destacando os meses entre maio e agosto pois é neste período que se podem observar as primeiras hortênsias a florescer.
Sendo natural da Ilha de São Miguel, Frederico Amaral admite ser suspeito mas aconselha que se o turista quiser uma “experiência mais completa”, é por aqui que deve começar. Até porque, explica “é a ilha que tem um pouco de todas as outras ilhas, só nos faltava uma montanha tão grande como a do Pico mas também temos o nosso Pico da Vara”. Além de ter boas acessibilidades, paisagens icónicas, atividades ao ar livre, praias deslumbrantes, alojamentos de excelência e ótima gastronomia, Mas como açoriano, que já conhece as novas ilhas deste arquipélago, não nega ser “fascinado por cada uma delas” e, por isso mesmo, aconselha: “Façam o favor de conhecer todas as outras ilhas porque não se vão arrepender”.
Amante dos Açores, indica que tem uma casa, com a mulher, em Vila Franca do Campo que já se tornou um alojamento local. Mas sempre que pode, e a casa está livre, é para que lá que viaja para desfrutar em família de uma verdadeira casa familiar açoriana: “Está muito perto do mar e somos muito felizes quando lá estamos”.
Frederico Amaral acredita que os Açores podem manter a qualidade sem destruir a paisagem ou construir em massa para acolher mais turistas: “somos diferentes de outros destinos massificados”, frisa. E é assim que o destino se promove, como um destino turístico sustentável, seguro, que preserva o meio ambiente e valoriza e respeita quem nas ilhas habita.
“O verde «jurássico” do arquipélago

Outro apaixonado pelos Açores é o ator Marcantonio Del Carlo, para quem “o verde «Jurássico» deste arquipélago, as gentes calorosas de cada uma das ilhas, a gastronomia exuberante dos tachos ainda cozinhados como a tradição manda, e acima de tudo a beleza estonteante de paisagens de sonho, devem ser vistas e sentidas nem que seja uma vez na vida”. A estes atributos junta-se “o azul único de um mar que nos leva a conhecer baleias, golfinhos e nos põe na mesa o melhor peixe do mundo”. Por isso mesmo, o ator não hesita em afirmar que os Açores são um destino que não deve nunca ser descurado e, apesar de gostar particularmente do arquipélago no inverno, acredita que todas as épocas do ano são boas para visitar estas ilhas.
E, nos últimos anos, Marcantonio Del Carlo tem visitado a região sobretudo em trabalho, para gravação de novelas, filmes ou participação em peças de teatro. Refere porém que fica sempre mais um ou dois dias para descobrir o que ainda desconhece. Como tem grandes amigos em São Miguel e na Terceira, é em casa deles que fica normalmente quando vai em lazer mas, se for em trabalho, aponta o Vila Galé Collection S. Miguel, em Ponta Delgada, como o hotel preferido.
Marcantonio Del Carlo admite gostar de todas as ilhas e, para quem as visita, sugere um passeio até à Lagoa das Sete Cidades, uma subida ao Pico, um jantar na Terceira ou um gin no Faial. “Eu diria que não dá para se escolher apenas uma ilha para visitar. As Flores, São Jorge, Santa Maria, Graciosa, Flores, o Corvo e o Ilhéu de Vila Franca ainda esperam por mim mas hei-de lá ir em breve. Lá está: falta-me ainda muito para dizer que conheço os Açores”, reconhece.
“Cada ilha tem a sua própria identidade e encanto”

Também de origem açoriana é Flávio Furtado que considera que este é um destino obrigatório para férias devido à beleza natural única, diversidade de atividades ao ar livre e autenticidade da cultura local. O comentador televisivo não tem dúvidas de que o arquipélago oferece paisagens deslumbrantes, como “as lagoas das Sete Cidades e do Fogo, o Algar do Carvão, as imponentes falésias e as fajãs de São Jorge, além de águas cristalinas ideais para mergulho e observação de cetáceos”. Outro ponto a favor é a gastronomia, e aqui são apontadas especialidades como o cozido das Furnas, a Alcatra à moda da ilha Terceira, as queijadas D. Amélia, os queijos regionais e as frutas tropicais cultivadas localmente.
Dependendo do tipo de experiência desejada, os visitantes poderão escolher diferentes alturas para explorar os Açores, afirma. A primavera e o verão, de abril a setembro, são ideais para explorar trilhos, praias e piscinas naturais, além de serem a melhor época para a observação de baleias e para participar nas festividades do divino Espírito Santo, nas Sanjoaninas e nas Festas da Praia, explica. Já no outono e inverno, altura em que o clima pode ser mais instável, é possível desfrutar da tranquilidade do destino, a preços mais acessíveis e do charme das termas naturais.
Flávio Furtado considera que, para uma primeira visita, a Terceira e São Miguel são as escolhas perfeitas, pois reúnem um pouco de tudo: “boa comida, as melhores festas do arquipélago, lagoas vulcânicas icónicas como as Sete Cidades e a Lagoa do Fogo, as termas naturais das Furnas, trilhos deslumbrantes e uma oferta gastronómica rica. Além disso, têm a melhor infraestrutura turística e ligações aéreas mais frequentes”, aponta.
Por outro lado, quem procura um ambiente mais remoto e autêntico encontrará nas ilhas do Grupo Central, como Pico, Faial e São Jorge, opções certeiras. O comentador detalha que o Pico se destaca pelo imponente vulcão, as vinhas em solo de lava e a observação de baleias. Já o Faial encanta com a Marina da Horta, ponto de encontro de velejadores, e a Caldeira, uma cratera impressionante. São Jorge, por sua vez, é perfeita para os amantes da natureza, com as suas fajãs únicas e trilhos incríveis.
Por fim, para quem busca um destino ainda mais isolado, as Flores e o Corvo, no Grupo Ocidental, oferecem paisagens quase intocadas, cascatas imponentes e uma ligação profunda com a natureza.
Admitindo que a escolha do tipo de férias depende muito do destino e do momento, Flávio Furtado indica que prefere viagens que lhe permitem explorar a cultura e a natureza do local. Para o responsável, viajar em família é sempre especial, mas viajar com amigos também tem o seu encanto, especialmente quando o destino envolve aventura, como trilhos na montanha, passeios de barco ou road trips. A preferência a nível da estadia vai para hotéis tudo incluído se forem destinos de praia e descanso, mas em viagens culturais ou de descoberta, a opção vai para explorar a gastronomia local por conta própria.
Para Flávio Furtado, é verdade que os Açores se têm destacado cada vez mais como destino turístico, mas “ainda há algumas estratégias que podem ajudar a aproximar-se mais dos turistas portugueses”. Nomeadamente, melhorar a oferta de voos diretos e acessíveis, especialmente fora da época alta, ou a criação de pacotes promocionais para estadias de curta duração. O comentador televisivo defende ainda o reforço da divulgação do destino com campanhas direcionadas aos portugueses e um melhor acesso à informação sobre trilhos, atividades e restaurantes, através de apps e plataformas intuitivas. Mas felicita a iniciativa da SATA que permite o stopover, possibilitando a visita a mais do que uma ilha numa única viagem.
O que dizem os operadores turísticos

Também quisemos ouvir a perspetiva de quem coloca o destino à venda e, por isso, falámos com a Lusanova e a Solférias. Tiago da Encarnação, COO da Lusanova, garante que os Açores encantam pela sua natureza e paisagem surpreendentes. “A riqueza natural, aliada à hospitalidade e à autenticidade cultural, transforma o arquipélago num destino único para quem procura férias que combinam caminhadas, observação de cetáceos e passeios culturais”, sublinha. E recomenda a primavera ou o verão como melhores alturas para se visitar, pois as temperaturas são amenas.
Também Cláudia Caratão, diretora de Produto e Contratação da Solférias, concorda que de abril a setembro poderá ser a melhor época para uma viagem aos Açores, quando as flores estão em pleno florescimento, “proporcionando cenários espetaculares”. E claro que a beleza natural, a diversidade de paisagens e a riqueza gastronómica, numa combinação única de montanhas, lagos vulcânicos, fontes termais e praias naturais fazem com que este destino seja obrigatório.

Para a responsável do operador turístico, a sugestão é começar por São Miguel, por oferecer uma grande variedade de atrações, desde as famosas Sete Cidades e Lagoa do Fogo, até às termas de Furnas e as plantações de chá Gorreana. Para quem deseja complementar esta estadia ou revisitar o arquipélago, Cláudia Caratão garante que existem várias outras opções como a Ilha Terceira, famosa pela cidade de Angra do Heroísmo (Património Mundial da UNESCO), pelo Algar do Carvão e todas as suas emblemáticas festividades; a Ilha do Pico, ideal para os amantes da natureza e aventura como também do vinho que se produz na Ilha; a Ilha de São Jorge, famosa pelas suas fajãs e procurada pelos amantes do famoso queijo que ali se produz; ou a Ilha do Faial, onde é possível observar o famoso e imponente Vulcão dos Capelinhos e a emblemática Marina da Horta, ponto de encontro de velejadores de todo o mundo.
Tiago da Encarnação também defende que São Miguel e a Terceira são as melhores escolhas para quem deseja descobrir os Açores pela primeira vez: São Miguel é ideal para os amantes de atividades ao ar livre e a Terceira encanta pelo rico património histórico e cultural. “Em conjunto, São Miguel e Terceira proporcionam uma experiência rica e diversificada, permitindo ao visitante desfrutar tanto do esplendor natural como da herança cultural que os Açores têm para oferecer”, refere o responsável da Lusanova.
Tiago da Encarnação prefere férias que combinem liberdade para explorar com o conforto de uma estadia de qualidade, uma flexibilidade que “permite que se tenha possibilidade de visitar as principais atrações turísticas de cada local como ter a liberdade para descobrir cada recanto do destino por mim próprio”.
Por sua vez, Cláudia Caratão opta por fazer férias em família, ficando alojada em hotéis em regime de pequeno-almoço para pode experimentar os restaurantes locais, e sempre que possível, aluga um automóvel para partir livremente à descoberta. “Mais do que uma viagem, faço todos os possíveis para que uma escapadinha ou umas férias sejam sempre uma pausa marcante, que crie memórias conjuntas que perdurem no tempo”, frisa.
Quando questionados sobre o que podem os Açores fazer para se aproximarem mais dos turistas nacionais, ambos concordam que a promoção de eventos que permitam vivenciar a cultura, gastronomia e natureza locais é uma medida fundamental. Para Cláudia Caratão é essencial a melhoria das infraestruturas turísticas, nomeadamente nos transportes e alojamento, e Tiago da Encarnação defende o estabelecimento de parcerias que ampliem a oferta e divulgação do destino, bem como a realização de iniciativas para agentes de viagens ou campanhas digitais.