Silves: Em descoberta da Rota da Laranja

Em viagem do interior ao litoral, da serra ao mar, fomos conhecer o Município de Silves – o maior produtor de citrinos no Algarve. Aqui, encontramos pessoas com diferentes pronúncias, nessas pronúncias costumes e nesses costumes tradições. Descobrimos a “Rota da Laranja” – um roteiro que nos transporta ao mundo da citricultura, onde a cada atividade vamos descobrindo o rico património deste território, perfumado com pessoas singulares, uma fauna e flora características, monumentos que encerram séculos de história, uma gastronomia tradicional baseada em produtos locais. Tudo isto, suportado em ferramentas tecnológicas que nos guiam e revelam tudo, cruzando experiências genuínas de contacto humano e reuniões inusitadas com personagens históricos que pairam entre nós e nos falam através da realidade aumentada.

“Silves, Capital da Laranja” é a marca assumida pelo Concelho, por ser o maior produtor de citrinos do Algarve. No entanto, esta não será a única razão. A laranja é também um produto secular, cuja presença se tornou um valor patrimonial e identitário do território. Potenciador de vivências, experiências e dinamizador da economia local. Desta forma, a marca não divulga apenas a laranja, mas sim todo o seu território e a sua riqueza patrimonial.

Um território rico em gentes com identidade própria, cuja diversidade transformam a vivência do espaço produzem uma comunidade culturalmente vibrante e que vale a pena visitar. Segundo Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves “a laranja de Silves, nas suas variadas espécies, é especial, é suculenta, muito doce, tem um paladar diferenciador que fica marcado a cada degustação! Sendo, por isso, fundamental a envolvência dos moradores nesta dinâmica de valorização e divulgação do território. É essencial que desenvolvam o sentimento de pertença ao território e que se identifiquem com a enorme riqueza identitária dos seus costumes ancestrais e que, com enorme orgulho, os saibam valorizar e explicar a quem nos visita”.

É assim que surge a Rota da Laranja, um roteiro capilar que se estende pelo território, procurando transportar e guiar o visitante na senda da descoberta dos mistérios do território. Para isso socorre-se dos meios tradicionais, da experiência do contacto e dos afetos das suas gentes, e de aplicações tecnológicas que guiam o visitante pelo território. Nesse sentido, o visitante dispõe de uma aplicação que o ajuda a conhecer o mundo da citricultura, desde a produção, à transformação e ao consumo. Mas não fica por aqui! O visitante dispõe também de um roteiro que envolve as atividades económicas complementares como a hotelaria e a restauração. Esta plataforma de divulgação e promoção, contribui para o desenvolvimento do município, através de uma proposta de fruição de uma oferta turística sustentável e diversificada. A laranja transforma-se na interligação entre os produtores de citrinos e as tradições de cada localidade, permitindo conhecer pessoas, vivenciar situações particulares como: a apanha da laranja, a confecção da torta da laranja, ou apenas degustar pratos onde se cruzam os aromas e sabores do fruto. Associado a tudo isto estão outros produtos locais tradicionais, como os bolos regionais de amêndoa, os de alfarroba ou os vinhos de silves. A Rota da Laranja desvenda, assim, um mundo de manifestações de um património que evoca tradições, cujo epicentro é o cluster da laranja.

A aplicação móvel da Rota da Laranja é gratuita e está disponível para telemóvel IOS e Android, permite ao utilizador criar um roteiro flexível, personalizando-o através de filtros aos seus interesses. Desta forma o visitante sabe o que pode ser visitado e descobrir todas as realidades aumentadas, que nos contam a história dos locais (através de personagens), que Silves tem para oferecer.

O território do concelho de Silves é enorme e diversificado, tendo gentes e tradições também diversas e características. Desde a zona mais serrana, onde temos atividades mais ligadas à vivência do campo, como a extração da cortiça, a apanha e transformação do medronho e a produção de mel. Existem também alguns suinicultores e, inclusive, produção de gado caprino e produtos derivados. O Barrocal distingue-se pela presença bem vincada de vastos pomares e pela forte produção de citrinos. Na zona litoral subsiste ainda uma zona piscatória com pesca artesanal, que está a ser dignificada e a potencializar-se como uma área marinha protegida de interesse comunitário.

No interior do Concelho de Silves surge parte do Geoparque Algarvensis que, num projecto conjunto com os municípios de Loulé e Albufeira, aspira a transformar-se em Geoparque Mundial da Unesco. É um trabalho que está a ser desenvolvido em parceria intermunicipal e que demorará mais de um ano. O Aspirante Geoparque Algarvensis irá divulgar as zonas do interior, apresentando as tradições locais, combinando-as com o conhecimento científico de forma atrativa.

Em suma, o Concelho de Silves caracteriza-se por ser um território vasto que vale a pena desbravar e conhecer, com uma enorme diversidade de património material e imaterial, com gentes calorosas, uma cultura vibrante e uma miríade de segredos que vale a pena desvendar.