“Sintra tem um território de extraordinária riqueza histórica e paisagística”. Quem o diz é Basílio Horta,
presidente da Câmara de Sintra, à Ambitur.
Para crescer, será preciso reabilitar. “A primeira preocupação é com os residentes, procurando melhorar a sua
qualidade de vida e atrair jovens”, assegura o autarca. Para isso, a câmara tem apostado na “reabilitação de edificado e capacidade de alojamento, da qualificação do espaço público e mobilidade” e “na promoção internacional” do concelho. Uma estratégia que tem dado frutos: “a capacidade de alojamento hoteleiro aumentou 36%” entre 2014 e 2017, estando a autarquia “a concluir a Pousada da Juventude”.
Sublinhando “a simbiose entre o natural e o construído” como parte integrante de Sintra, Basílio Horta afirma que o concelho se diferencia de Lisboa através da “permanente qualificação do espaço público, associado a medidas de mobilidade para dar mais espaço ao peão. A qualificação do parque edificado e de monumentos é uma exigência de todos os sintrenses e da humanidade”, sublinha.
Para além da aposta no “arrendamento jovem para um Centro Histórico vivido”, a autarquia aposta também em eventos culturais como o “Festival de Música de Sintra pelo concelho, no LEFFEST Lisbon and Sintra Film Festival, que este ano em novembro contará com Wim Wenders, e em exposições ao ar livre”, para além de “estratégias de qualificação da vila.
Lisboa: Um Hub Turístico?
No entanto, esta estratégia “não se desliga da importante complementaridade com Lisboa”. Basílio Horta considera que a capital “tem um papel estruturador por ter os pontos de chegada e partida” e uma “oferta cultural e vida urbana segura e de elevada qualidade. A eficácia da sua promoção internacional de forma dirigida a cada um dos mercados-alvo tem significativas implicações no turismo de Sintra”. Desta forma, torna-se possível oferecer “experiências complementares à vitalidade da capital”, da mesma forma que “Sintra contribui para a promoção de Lisboa”. Para o autarca, sendo atribuído a Lisboa o “papel de hub turístico, dá-lhe responsabilidade acrescida na reconfiguração da oferta turística da Grande Lisboa e na redistribuição dos fluxos de turistas”.
No entanto, Basílio Horta defende que a redistribuição do fluxo de turistas poderia ser mais efetiva se se estreitasse o diálogo “como o Turismo de Portugal e com os operadores turísticos e, naturalmente, com os restantes municípios interessados em planear uma reconfiguração dos modelos de divulgação”.Para além disso, “grande parte dos turistas chegam a Sintra por modo rodoviário (“autocarro com visitação guiada”) e por ferroviário que, segundo Basílio Horta, “tem registado uma subida significativa”. E há um “esforço” por parte do município em colocar estacionamentos na envolvente, deixando as ruas aos peões e sistemas de mobilidade suave”.
No entanto, os constrangimentos com as acessibilidades a Lisboa “colocam-se se a deslocação ocorrer nas horas de ponta, mas ainda assim far-se-á em sentido contrário ao do maior fluxo viário”, refere o autarca, para logo a seguir apontar o caminho: “É determinante que a estratégia do turismo para Lisboa seja holística, no sentido de integrar os diferentes pontos de interesse da Grande Lisboa e trabalhar com os operadores turísticos integrando nas suas dinâmicas as estratégias públicas de valorização para o território”.