#SmartandGreenTourism: “As empresas têm de pensar que a sustentabilidade é um fator de negócio e de competição”

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, moderou o debate entre Sofia Santos, CEO da Systemic; Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio; e Luís Neves.

A Conferência Smart and Green Tourism, organizada pela Ambitur e Fundação AIP, realizou-se na passada semana, no âmbito da BTL. Luís Neves, CEO do GeSI – Global Enabling Sustainability Initiative, foi um dos oradores do primeiro painel, liderado por Luís Araújo, e dedicado ao tema: ““Como deve o turismo caminhar na busca de uma maior sustentabilidade”.

O GeSI é uma associação empresarial global que representa empresas tecnológicas e as grandes multinacionais, tendo no seu seio diferentes organizações, desde ONGs a universidades, e trabalhando em conjunto os temas da sustentabilidade de uma forma mais alargada. Há 20 anos que esta associação se dedica à investigação e ao desenvolvimento de ferramentas para as empresas de forma a que estas possam trabalhar os temas da sustentabilidade. Luís Neves não tem dúvidas: “Pensamos que o setor digital vai ser fundamental para assegurar a sustentabilidade do planeta”.

[blockquote style=”1″]”Pensamos que o setor digital vai ser fundamental para assegurar a sustentabilidade do planeta”.[/blockquote]

O orador é da opinião que apesar da crise “tremenda” que estamos a viver, e da conversa sobre a questão da sustentabilidade que já se prolonga há mais de 20 anos, o que se verifica é que “estamos todos a dormir”, acusa. E vai mais longe dizendo que as empresas que o GeSI representa vivem muito da comunicação mas “se colocássemos em prática todas as promessas das empresas relativamente aos seus objetivos climáticos não haveria crise climática”, ora a realidade é bem diferente, com as emissões de carbono a aumentarem constantemente.

[blockquote style=”1″]”se colocássemos em prática todas as promessas das empresas relativamente aos seus objetivos climáticos não haveria crise climática”[/blockquote]

Para Luís Neves, “as empresas ainda não perceberam que a sustentabilidade tem de ser o seu propósito”. O que significa que as empresas não podem apenas pensar no curto prazo e nos resultados a três meses, mas sim em serem sustentáveis a longo prazo. “E têm de pôr a sustentabilidade no centro das suas atividades”, volta a frisar, justificando que quem “pensa que a sustentabilidade é um custo anda a dormir”.

[blockquote style=”1″]”as empresas ainda não perceberam que a sustentabilidade tem de ser o seu propósito”[/blockquote]

O CEO do GeSI sublinha que “a sustentabilidade é um negócio tremendo”. E dá conta de quatro relatórios que a associação fez junto de grandes empresas, colocando-lhes questões sobre a sua pegada, de que forma é que as tecnologias impactam positivamente os outros setores e qual o seu valor económico. “No último relatório, o valor económico era equivalente ao PIB da China, por ano”, aponta, acusando de seguida: “Se este é o valor económico, a pergunta que faço é o que é que andam os CEO’s das empresas a fazer?” Algo que responde dizendo que nada fazem pois “dá trabalho”, implicando a reestruturação das empresas e a modificação do seu paradigma de funcionamento.

Luís Neves esclarece que é fundamental “alterar o propósito das empresas” e que “as empresas têm de pensar que a sustentabilidade é um fator de negócio”. Voltando atrás ao tempo em que foi diretor de sustentabilidade da Deutsche Telekom por mais de 15 anos, o orador recorda que houve um ano em que, nas questões de infraestrutura da companhia de telecomunicações, foi posto em prática um plano que resultou na poupança de 100 milhões de euros em energia, uma poupança de 10%, algo que pode ser aplicado a qualquer empresa.

O que leva o responsável a concluir que “se a sustentabilidade dá dinheiro, então temos de competir para a sustentabilidade”. Ou seja, “temos de tornar a sustentabilidade num fator de competição entre as empresas”.

 

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