Na primeira entrevista desde o início da pandemia, Nuno Mateus e Sónia Regateiro, respetivamente diretor-geral e Chief Operating Officer da Solférias, abordam como a empresa irá enfrentar 2022 e os seus condicionamentos e quais as expectativas existentes. Por outro lado, abordam também a programação para 2022, as novidades de destinos, a evolução do preço das viagens ao consumidor e a nova relação que o setor está a construir com a TAP Portugal. Ao longo dos próximos dias, Ambitur.pt irá partilhando a entrevista de um dos maiores players da operação turística nacional. Leia aqui a 2ª parte…
Um dos pilares da vossa empresa foi sempre os recursos humanos, aliás como salientaram. Que Solférias é que vamos ter a partir deste ano?
Sónia Regateiro: Vamos apresentar uma equipa com muitas nódoas negras, mas muito calejada e com vontade de fazer mais e melhor. Aliás esse é o nosso lema, fazer sempre mais e melhor. Efetivamente a equipa tem passado um bocadinho. O volume de trabalho tem vindo a aumentar, temos vindo a fazer reforços na equipa de recursos humanos, para repor algum equilíbrio. Vamos ter uma equipa que já demonstrou ser muito resiliente e vai estar preparada para a altura de “bonança”.
[blockquote style=”1″]Vamos apresentar uma equipa com muitas nódoas negras, mas muito calejada e com vontade de fazer mais e melhor. Aliás esse é o nosso lema, fazer sempre mais e melhor.[/blockquote]
Foi retirada pelo Governo a recomendação do teletrabalho. A empresa já se encontra a trabalhar presencialmente?
Nuno Mateus: A Solférias seguiu todas as recomendações do Governo, mas pensou sempre um bocadinho fora da caixa, ou seja, não aguardamos pelas decisões do Governo para tomarmos as ações que consideramos que são as melhores para a empresa. Voltámos ao escritório em novembro passado, trabalhando de uma forma híbrida, até porque com as regras que existiam era muito complicado termos a equipa toda junta. A 23 de dezembro, percebendo que a situação estava descontrolada, decidimos até 31 janeiro o regresso da equipa ao teletrabalho. Tem que prevalecer aqui a regra do bom senso e do que é melhor para todos. A partir de fevereiro, a equipa de reservas deixou de estar em lay-off, havendo uma parte da restante equipa que ainda se manteve. Foram muitas as dificuldades ao longo destes anos, aprendemos e calejámos muito. Conseguimos atualmente perceber perfeitamente os momentos. Creio que para a Solférias, e tendo em conta que o mercado vai animando, março irá ser num esquema completamente diferente, que no entanto ainda não vou adiantar, porque ainda não está discutido e aprovado. Mas a tendência é ter cada vez mais pessoas dentro do escritório, o que não significa que, numa virada, tenhamos todos dentro do escritório. Ou seja, continuará a ser uma situação de uma forma faseada.
[blockquote style=”1″]Para este ano o nosso maior desafio terá o mesmo nome, Covid-19 e novas variantes.[/blockquote]
Qual será o maior desafio para a operação turística em Portugal este ano?
Sónia Regateiro: Para este ano o nosso maior desafio terá o mesmo nome, Covid-19 e novas variantes. Este será o maior desafio para todas as operações que estamos a colocar no mercado. Efetivamente os tempos permitem que todos estejam mais adaptados, a Covid-19 já não é novidade, a tendência é que esta pandemia passe efetivamente a endemia, passando a ser mais um vírus com que teremos que conviver nas nossas vidas.
O maior risco de todos é a vulnerabilidade a que estamos sujeitos com o surgimento de alguma nova variante e as correspondentes mudanças de regras. É necessário que as pessoas se sintam seguras e tranquilas e sem restrições nos países para poderem viajar. Hoje em dia um problema gravíssimo é que há pessoas contaminadas com Covid-19 com certificados de vacinação que, ao fim de três meses, continuam a testar positivo, mas que por imposição de regras dos países em não aceitarem ninguém a viajar sem teste negativo, essa pessoa fica impedida de viajar.
[blockquote style=”1″]Em 2020 registámos uma quebra de 90% na nossa atividade face ao ano anterior. Em 2021 de 60%. Este ano esperamos uma queda de 30% face ao registado em 2019.[/blockquote]
Qual o impacto destes anos na vossa atividade?
Nuno Mateus: Em 2020 registámos uma quebra de 90% na nossa atividade face ao ano anterior. Em 2021 de 60%. Este ano esperamos uma queda de 30% face ao registado em 2019.
Agora relativamente a este ano as previsões são muito voláteis, percebemos que o mundo não está na mesma velocidade, há regiões do globo numa realidade, a Europa está noutra, o que torna que não seja fácil conjugar todas as situações. Depois temos as dificuldades que um operador sente ao colocar operações, pois poderão mudar as regras na véspera do jogo, como aconteceu neste inverno. A capacidade de nos adaptarmos a estas circunstâncias é difícil, a operação turística portuguesa tem sido exemplar. Esta situação, por outro lado, também se torna uma vantagem, cada vez mais notória, perante os consumidores que reservavam viagens diretamente através da internet, pois cada vez mais se têm apercebido das vantagens em reservar com agências de viagens e operadores. Apesar das quebras de vendas existirem, tenho a ideia de que há uma maior concentração dos turistas nas agências de viagens e operadores, como consequência. Também de outra forma as quebras de vendas teriam sido muito maiores.
Quais serão as vossas apostas ao nível do mercado para este ano?
Sónia Regateiro: Ao nível de produto para 2022 temos as apostas já tradicionais que vamos continuar a apostar e reforçar, com mais operações, como é o caso do Cabo Verde. Aqui vamos continuar a apostar na ilha do Sal, quer com voos regulares da TAP, quer com três voos charter do Porto e três de Lisboa, partilhados com a Abreu e Soltrópico. Vamos este ano lançar e tentar retomar a ilha da Boavista com os voos regulares da TAP, pois a companhia irá colocar voos regulares para a ilha a partir de junho, uma vez por semana. Iremos por esta via tentar a retoma do turismo para a ilha da Boavista.
A nível do Porto Santo, iremos continuar a nossa aposta, naquilo que já é uma operação de sucesso desde há vários anos.
Nos fretamentos iremos estar na operação da Tunísia para Monastir e Djerba, com dois voos semanais para cada cidade, um de Lisboa e um do Porto, voos em parceria com outros operadores portugueses. Este é um destino que já está a ter uma boa procura para este verão.
Lançámos a operação de Saïdia (Marrocos), com um voo de Lisboa e outro do Porto, partilhada com a Viajar Tours.
Em charter, um das grandes novidades da Solférias para este ano será a retoma do Egito, com um voo de Lisboa e do Porto para Hurghada. Este é um voo exclusivo Solférias. A grande novidade, no entanto, é o Senegal, sendo um produto exclusivo Solférias, de Lisboa e Porto, porque vamos ter a abertura no dia 8 de abril do novo hotel cinco estrelas da cadeia Riu, o Riu Baobab. Este é um destino muito estável a quatro horas de distância de Lisboa que não exige qualquer vacinação, nem medicação especial, nem visto, é um destino muito idêntico ao que é Cabo Verde, com o adicional de ser um país muito rico em cultura e história, para além da possibilidade de safaris.
Vamos estar em parceria no charter de Cuba de Cayo Coco, com a Sonhando. Estas são as operações charter previstas para o verão.
As outras grandes apostas da Solférias, em termos de voos regulares, passam por destinos em que tivemos um grande crescimento nos últimos anos, fruto da pandemia e das pessoas se sentirem mais seguras estando perto, as ilhas portuguesas Madeira e Açores. Também mantemos a aposta na Disney, que é um produto de bandeira da Solférias.
No Algarve e Portugal Continental, dentro da nossa marca Viagens na Minha Terra, vai ser sempre um produto de grande destaque, também pela marca que temos Solférias Algarve e pelo apoio específico e direcionado aos agentes de viagens com uma equipa que está na região e que a opera.
Em termos de grandes viagens ainda não abrimos muitos destinos, estamos à espera da evolução do mercado, caso de Bali, Tailândia, entre outros. Continuamos a ter uma procura muito grande e a fazer uma aposta nas Maldivas, nos Emirados Árabes e temos tido uma grande aposta nos combinados de safaris na Tanzânia, combinando com Zanzibar. Para último e não menos esquecido temos o Brasil que será sempre histórico dentro da operação Solférias e São Tomé e Príncipe.
Leia a 1ª Parte:
Solférias (I):”Tenho orgulho, porque demos a cara sempre nos bons e maus momentos”
Solférias (III): “O passageiro ainda não tem a noção da dimensão da qualidade dos nossos serviços”