“Somos um país aberto e que recebe todos”

Os VII Workshops Internacionais de Turismo Religioso (WITR) arrancam no dia 7 de março e prolongam-se até ao dia 9. A sessão de apresentação deste evento decorreu esta quarta-feira na Escola de Hotelaria de Fátima.

Apresentação dos VII WITR

A apresentação contou com a presença de vários representantes ligados a entidades locais e nacionais, entre os quais Ana Mendes Godinho. A secretária de Estado do Turismo descreve que o setor do Turismo Religioso (TR) tem “ajudado a passar a mensagem de que somos um país aberto e que recebe todos, independentemente da religião”, ao mesmo tempo que “somos um país pacífico para visitar, para investir e para estudar”. Para provar isso mesmo, a governante acabou por divulgar a vinda de líderes sefarditas a Portugal no próximo mês de maio. “Vai ser uma oportunidades de mostrar o país e mostrar esta grande capacidade de cruzarmos diferentes motivações religiosas”, sublinha.

Num outro patamar, estão os desenvolvimentos no que toca à “capacidade aérea instalada”. A governante recorda que esta questão era “um problema” e que tem sido feito um trabalho contínuo. “Nos últimos três anos, tivemos mais de 500 novas rotas e operações aéreas”, esclarece. E aproveitou para anunciar mais uma: “A partir de abril, vamos ter um novo voo diário com a TAP de Lisboa a Israel”.

Para além desta visita e das novas rotas, há programas de apoio em curso para “acelerar o desenvolvimento de produtos turísticos no interior. A secretária de Estado anunciou que há mais de “500 projetos aprovados” no Programa Valorizar, havendo uma linha dedicada ao TR. Para colmatar uma “lacuna em termos de informação online”, Ana Mendes Godinho anunciou novidades na plataforma online “Caminhos da Fé”. Com quatro áreas (“Caminho de Fátima”, “Caminhos de Santiago”, “Altares Marianos”; e “Herança Judaica”), a plataforma já tem disponível dados relativos “aos Caminhos de Fátima, os caminhos seguros a pé pelo Tejo e o caminho da Nazaré”.

Receitas no turismo ultrapassaram os 16 milhões de euros

Jorge Brandão – vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro

Para a região, “Fátima é uma âncora em termos de potencial turístico” para o centro do país. Jorge Brandão, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C), indica que o apoio dado à ACISO, através da Autoridade de Gestão do Centro 2020, é justificado através da dinamização da atividade económica e “tem de estar nas nossas estratégias de envolvimento e nas nossas linhas de apoio” o reforço dessa “dimensão”, sublinha. Para o responsável, “estamos a falar de um projeto de internacionalização da região mas também da internacionalização das nossas empresas”. Algo que foi, de facto, reconhecido: a ACISO viu aprovada uma alteração e reforço financeiro do projeto inicial do valor de 70 mil euros e que permitiu a realização dos WITR. “Claramente, reconhecemos o trabalho que está aqui a ser feito”, conclui.

Pedro Machado – presidente do Turismo Centro de Portugal

Já Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, diz que os WITR são “um momento de afirmação do Centro de Portugal” e do país. O dirigente entende que este evento “consolida a estratégia” contratualizada com o Turismo de Portugal em novembro do ano passado. “O TR é um dos nossos cinco vetores estruturantes no processo de internacionalização”, sublinha. A estratégia passará por oferecer “produtos mais maduros” e haver “uma aposta forte nos incentivos” para “congressos, negócios” e no próprio TR. “Este é um patamar muito importante que a secretaria de Estado do Turismo colocou na nossa relação contratual porque consolida e atribui ao TR uma camada própria por direito próprio naquilo que representa hoje na atratividade da Região Centro”, esclarece.

Já sobre os WITR, Pedro Machado ressalva a relação “colaborativa” que o evento criou. “Percebemos que estamos a trabalhar numa rede e numa colaboração maior que só pode trazer ganhos de escala para a própria marca de Portugal. Fátima tem um papel estruturante que é a sua complementaridade com os outros produtos turísticos”, acrescenta.

Ana Mendes Godinho concorda com esta visão: “Estamos perante um produto (Fátima) que tem demonstrado que as mudanças que têm acontecido no Turismo de Portugal têm sido estruturais”. Socorrendo-se dos dados do Banco de Portugal para 2018, a secretária de Estado indica que já “conseguimos ultrapassar os 16 mil milhões de euros de receita no turismo” num trabalho que define como “simbólico” para “trazer mais valor para Portugal e não tanto o número de turistas”. A governante considera o TR é “um instrumento fundamental para o posicionamento do país”, ao mesmo tempo que se revela “um instrumento de desenvolvimento”. “É um produto que existe durante todo o ano e não só na época alta”, justifica.

Em jeito de conclusão, Ana Mendes Godinho considera que a estratégia seguida “é o caminho certo”. O turismo “deixou de ser uma atividade meramente sazonal, virada para o Litoral. É uma atividade cada vez mais sustentável que mobiliza territórios e mete Portugal no mapa”, sustenta.