Sugestão: Quinta do Bonfim

Para o poeta Miguel Torga, o Douro “é um excesso da natureza”, um conjunto de “cores e modulações” que nenhum artista pode traduzir. Foi o que sentimos na Quinta do Bomfim…Uma paisagem incansável, de uma harmonia indefinível, com “um silêncio que nem o rio se atreve a quebrar”. É esta a realidade com que nos deparamos quando pisamos a Casa dos Ecos, da Quinta do Bomfim, uma das últimas paragens do roteiro proposto pela família Symington, que começa num renovado armazém tradicional de xisto. Aqui terá um primeiro contacto com a história da família, que há cinco gerações cultiva e cuida destas vinhas, e da Quinta do Bomfim, que com uma decoração moderna em tons bordeaux e madeira, nos elucida sobre a mais antiga região vitivinícola demarcada no mundo. Os visitantes são aqui presenteados, ainda não com uma taça de vinho (que a seu tempo virá), mas com uma réplica do barco rabelo, construída pelo Museu de Marinha, em Lisboa, e por um documentário que nos leva a uma das últimas viagens do barco no rio Douro.

Segue-se a visita à Adega na qual, no período da vindima, em meados de Setembro, é possível ver o processo de fermentação das uvas. Nos restantes meses do ano, a realidade é substituída por um vídeo explicativo onde os responsáveis da Quinta, e herdeiros da família Symington que passaram aqui a sua infância, falam dos trabalhos da vindima, da gestão e da qualidade dos seus produtos. No Armazém Velho, construído em 1896, encontramos o livro de registos do gestor da Quinta, do qual constam vários documentos da época. A Ambitur quis arriscar e tentou abrir o cofre dos antepassados da família, fechado desde 1894 por ninguém ter conseguido encontrar a chave.

Sem sucesso dirigimo-nos à Sala de Provas e, já depois de termos passado pelo Museu da Quinta, temos o tão aguardado contacto com os vinhos do Porto e vinhos Douro DOC, produzidos pela família Symington. No final, somos convidados a conhecer a loja da Quinta do Bomfim, onde têm à sua disposição, entre outros, os vinhos das marcas Dow´s, Graham’s, Cockburn’s, Warre’s e Quinta do Vesúvio.

Num ambiente tranquilo e com todo o tempo do mundo, é quase obrigatório que a viagem até à Quinta do Bonfim seja feita por Mesão Frio. Apesar de demorar mais uns minutos, a paisagem é indubitavelmente compensatória. Já para não falar do privilégio de passarmos pela “melhor estrada do mundo” distinguida, recentemente, pela Avis: a N222. Não há também que apontar o dedo a quem opte por fazer a viagem de comboio até à estação do Pinhão, a cerca de 300 metros da Quinta do Bonfim, ou de barco, que fica a apenas 10 minutos a pé das instalações, uma vez que a paisagem é de cortar a respiração.