#Sustentabilidade: Oferta turística do Algarve valoriza recursos naturais e culturais

O Algarve tem vindo a reinventar-se, comprovando que não é só sol e praia mas também percursos sustentáveis por serras e ecovias, atividades de birdwatching, de caiaque ou de segway.

Podia-se falar da Via Algarviana, da Rota Vicentina, da Grande Rota do Guadiana, da Ecovia Litoral ou ainda do Parque Natural da Ria Formosa. Mas tudo isso seria pouco para descrever a oferta desta região, até porque, apesar de ser “diversificada”, tudo aquilo que o turista tem ao seu dispor “é fundamentado nos princípios da sustentabilidade”.

Quem o diz é João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), à Ambitur, destacando que o estado atual da oferta da região tem muito que ver com o “empenho e trabalho já realizado pelos stakeholders da região”, num trabalho que tem de continuar a ser comum, desde “a melhoria da eficiência energética” à “promoção de uma economia circular”, passando pela “preservação e valorização dos recursos naturais e culturais”: “A primeira premissa é reconhecer a necessidade de abordagens integradas dos diferentes atores públicos e privados”, sustenta. Este modo de agir é conseguido graças à “maturidade” de todos os intervenientes no setor, somada pelos anos de experiência. Assim, é fácil constatar que, nesta região, todos falam em conformidade. “Ainda recentemente o Algarve rejeitou liminarmente a possibilidade de prospeção e exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia”, refere João Fernandes, para exemplificar esta força comum.

Mas, afinal, o que tem o Algarve feito para atingir a sustentabilidade do destino?

João Fernandes considera que este tipo de investimento deve ser motivado “por uma convicção informada, muito mais do que uma meta com um certificado de «melhor do mundo» como prémio”. E, nesse aspeto, a RTA quer estar na “linha da frente” com a criação e publicação de planos de regulação do ordenamento de território ou análise estrutural da “gestão sustentável” do destino através do Observatório para o Turismo Sustentável do Algarve. Este “instrumento”, desenvolvido em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e a Universidade do Algarve, vai servir como “base para a definição das políticas públicas e opções estratégicas das empresas num futuro próximo”.

Mas, para a RTA, “o futuro começou ontem”: a entidade já apoia vários projetos em curso e que utilizam os recursos endógenos no setor ou capacitam recursos humanos ou o próprio território. Além disso, a própria entidade integra “grupos intersectoriais relacionados com a preservação e a valorização de recursos naturais e com o impacto social e ambiental” e segue uma ótica de “colaboração além-fronteiras”, agregando projetos de valorização dos recursos e do património.

E mesmo que o futuro tenha começado ontem, ainda há um desafio pendente: “Ser o destino mais sustentável do mundo é um excelente «chavão», mas o desafio do futuro é que todos os destinos sejam efetivamente sustentáveis”, indica João Fernandes. Mas a pressão de turistas cada mais conscientes e exigentes com a questão da sustentabilidade, faz com que este assunto “não seja considerado como uma opção mas antes como o único caminho. Não estamos a falar de questões esotéricas ou intangíveis”, acredita o responsável. O objetivo está bem vincado na orientação da RTA, com “grandes desafios, mas sem nunca negar um passado em que estes princípios não estavam tão presentes no mindset das várias gerações: o que importa é o trabalho que está a ser desenvolvido e que ainda falta fazer para tornar o Algarve numa região cada vez mais sustentável e focada no futuro”.

Não será por acaso que o Algarve é, destacadamente, a NUTII com maior taxa de recolha seletiva de resíduos sólidos. Esta conjugação de uma procura turística, maioritariamente do norte da Europa, consciente e exigente em relação a fatores como os inscritos na Agenda 2030 e com o reconhecimento de uma população residente (também ela composta por mais de 13% de estrangeiros), são a base para que a sustentabilidade não seja considerada como uma das opções, mas antes como o único caminho.

Fruto da aposta numa oferta turística mais diversificada e assente na valorização dos recursos naturais e culturais, o Algarve tem vindo a conseguir “criar mais valor por visita, a reduzir significativamente a sazonalidade e a abranger uma área mais vasta do território”, remata.

*Este conteúdo foi solicitado no âmbito de uma reportagem sobre a sustentabilidade nos destinos turísticos nacionais, publicada na edição Ambitur 328.