TAP não garante processo de privatização concluído em 2026 e “perímetro” de negociação é do Governo
Apesar de dizer que o processo de privatização da companhia aérea portuguesa está a decorrer dentro dos prazos estabelecidos, Luís Rodrigues, CEO da TAP, não deu garantias de que o mesmo estará concluído no próximo ano. Questionado sobre alguns pontos de negociação da privatização, como a questão da companhia assumir o handling que neste momento está a cargo da Menzies, o responsável reforçou que o “perímetro” destas decisões cabe ao Governo – mas mostrou-se confiante com o interesse que as grandes europeias têm mostrado na companhia.
Todavia, sobre o que pode valorizar o plano de reprivatização, o CEO afirmou que rotas com o Brasil são o maior ativo estratégico da companhia.
Sobre o fim do plano de reestruturação, afirmou que só a Comissão Europeia e o Estado podem determinar o momento exato da libertação das restrições: “temos as limitações que tivemos nos últimos cinco anos: limite de frota, não poder comprar outras empresas e não poder anunciar certos auxílios.” Ainda assim, admite que a frota poderá ultrapassar os 100 aviões no próximo ano.
“Não faço ideia do que as outras europeias pagam”
Sobre as recentes buscas na TAP relacionadas com a aquisição de aeronaves Airbus acima do valor de mercado, Luís Rodrigues afirmou apenas que não faz ideia de quanto é que as outras companhias europeias estão a pagar. Relembrou ainda que a companhia tem um acordo, firmado em 2016, que prevê entregas de aeronaves até 2030.
Confrontado ainda com questões sobre o processo judicial a envolver a Azul na insolvência da TAP-SGPS, parece que a amnésia se instaurou. O CEO da TAP disse que “não temos nenhuma relação com isso” e evitou dar mais respostas sobre o assunto.
Greve desta quinta-feira com serviços mínimos
A greve geral convocada para esta quinta-feira, 11 de dezembro, promete paralisar muitas operações pelo país, incluindo as da TAP. Mesmo assim, Luís Rodrigues promete que haverão serviços mínimos, ainda a ser ajustados, mas indicou que “não estamos preocupados com isso”. “Não queremos é ter passageiros a chegar ao aeroporto e descobrir que o seu voo não está lá. E para isso, todas as equipas de distribuição de clientes fizeram um trabalho fantástico de contactar todos os clientes possíveis que voam no dia 11 e propor a alteração do seu voo para antes ou para depois, de modo a minimizar os impactos de uma greve que ninguém quer ter, mas que é o que é”. Neste tema, confirmou que os clientes mostraram-se disponíveis para alterar os voos.
Sobre quanto é que esta greve vai custar à companhia aérea, o CEO não avançou números, e limitou-se a prever um 2026 com crescimento em receitas e em número de passageiros, além da entrada de novos destinos no portfólio, que ainda não podem ser publicamente avançados.
No caso da falta de slots no aeroporto de Lisboa e nas limitações da própria infraestrutura aeroportuária, Luís Rodrigues limitou-se a dizer que a companhia quer mais e fará os possíveis sempre que existam opções abertas, essencialmente depois das obras que já arrancaram no Pier Sul.
Já sobre as declarações do diretor-geral da easyJet, que se disse disponível para assumir slots que a TAP possa ter de ceder após a privatização, o presidente da TAP respondeu com ironia: “há pouco tempo falava-se que a easyJet ia ser absorvida; também estava disponível para ficar com as slots deles, se assim fosse o caso”.
Venezuela é caso parado e Natal não será dramático
Sobre a suspensão de voos para a Venezuela, esclareceu que não houve qualquer boicote por parte do Governo venezuelano. A TAP já tinha recebido avisos de risco e decidiu não voar enquanto persistirem preocupações de segurança: “não vamos pôr em risco os passageiros, as tripulações e os ativos”. Até ao momento, a situação permanece igual e sem indicações de mudança.
Em relação ao período de festas, esperam-se fortes movimentos nos aeroportos, o que poderá traduzir-se em tempos de espera elevados. A nível europeu está a ser avaliada a possibilidade de desligar temporariamente determinados sistemas para evitar filas, mas Luís Rodrigues considerou que as operações decorrerão normalmente.
Por Diana Fonseca