TAP negoceia melhor oferta para dois ATR após fim do contrato com a White Airways

A TAP anunciou, em comunicado, ter lançado um pedido de proposta a vários operadores de ATR com o objetivo de otimizar a frota a operar, aumentar a fiabilidade e reduzir os custos. Isto porque, explica na mesma nota, o contrato da White com a TAP termina a 31 de outubro deste ano, e a companhia portuguesa refere que “apesar da falta de fiabilidade operacional da White, a TAP tem vindo a pagar diretamente à White as horas e voos e a suportar os custos dos alugueres das aeronaves e das reservas de manutenção”. Aliás, pode ler-se, entre 2016 e 2022, a TAP pagou 109 milhões de euros por horas de voo diretamente à White e 98 milhões de euros por alugueres de aeronaves ao serviço da White, mais 33 milhões de dólares para reservas de manutenção ao locador da aeronave. Durante os anos pandémicos, a TAP continuou a apoiar a White, pagando 24 milhões de euros durante 2020 e 2021, o que representou uma diminuição média de apenas 20% em relação a 2019, embora em média as operações da White para a TAP tenham diminuído 42%.

A TAP diz ainda que, das cinco propostas recebidas, a melhor oferta para operar dois ATR está a ser negociada e garante que “vai proporcionar a necessária regularidade operacional e evitar o impacto financeiro negativo que a TAP tem sofrido até agora devido à falta de fiabilidade da White”. Além disso, o operador selecionado vai contratar tripulação e pessoal de manutenção português para os dois ATR.

O comunicado de imprensa divulgado recorda que a White Airways tem vindo a operar uma frota de seis aviões ATR para a TAP, a qual, por sua vez, aponta o dedo ao facto de “múltiplos aviões ATR ficarem em terra por avaria e registarem uma regularidade operacional decrescente”.

Uma vez que o plano de reestruturação com que a TAP está comprometida, a limita em termos de dimensão da frota, que não pode exceder as 99 aeronaves, isso leva a que a companhia potencie a oferta através da utilização de aeronaves com maior capacidade de lugares, em detrimento dos aviões da frota com menor capacidade, justamente os ATR.

Adicionalmente, a TAP adianta que tem de reforçar a fiabilidade da sua frota, para evitar que os resultados operacionais sejam penalizados pela indisponibilidade de aeronaves.

Assim, de futuro, a TAP apenas necessitará de dois ATR, uma vez que vai contar com seis E-jets (Embraer) adicionais na Portugalia, dois dos quais já iniciaram as operações em setembro deste ano, enquanto os quatro restantes serão faseados até janeiro de 2023.

Na mesma nota, a companhia lembra que, só durante o último ano, a White Airways teve uma média mensal de 10 eventos AOG (Aircraft on Ground) devido a razões técnicas. Entre novembro de 2021 e setembro de 2022, razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês. Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas. Em 2022 (acumulado), a White Airways tem 1,9 AOG por 100 voos, contrastando com a relação da TAP de 0,52 AOG por 100 voos. A White Airways operou 94% dos voos planeados, enquanto na TAP esta percentagem sobe para 98,2%.

E sublinha que, desde janeiro de 2022, o baixo desempenho da frota ATR operada pela White teve um impacto financeiro negativo na TAP de 4,8 milhões de euros devido a cancelamentos, necessidade de troca de aviões com aumento de capacidade e indemnizações aos passageiros.