A TAP anunciou, na passada sexta-feira, que a apesar de a atividade global se ter mantido “bastante afetada” no primeiro semestre de 2021, devido aos efeitos da pandemia e consequentes restrições à mobilidade, a companhia começou a evidenciar sinais positivos de recuperação. A empresa reduziu, no primeiro semestre deste ano, os prejuízos, para 493,1 milhões de euros, uma recuperação de 15,3%, ou 88 milhões de euros, face aos resultados negativos de 582 milhões de euros do período homólogo.
Assim, no segundo trimestre de 2021, registou um crescimento de 136,1% no número de passageiros no face ao trimestre anterior e de quase 23x o número do período homólogo do ano anterior (“2T20”), em resultado da abertura gradual dos mercados em que a TAP opera acompanhando a taxa de vacinação contra a pandemia de COVID-19. Em ASKs registou-se um crescimento em relação ao trimestre anterior de +124,4%, com um ligeiro decréscimo do load factor em cerca de 1,8 p.p. face ao 1T21.
Observou-se ainda um aumento de receitas operacionais para 233,2 milhões de euros (+55,5% comparado com o trimestre anterior), acompanhado pelo crescimento dos RPK de +116,2% face ao 1T21, suportado no crescimento da receita de passageiros que registou um aumento de 77,2% face ao 1T21, atingindo 153,6 milhões de euros.
A companhia registou custos operacionais de 382,8 milhões de euros, o que representa um ligeiro aumento face ao 1T21 (+1.4%). No entanto, a segmentação destes custos mostra tendências importantes nas rubricas mais relevantes: crescimento nas rubricas dos custos com fuel e custos de tráfego (+58,3% e +31,1%, respetivamente), o que reflete o aumento da atividade e, por outro lado, observa-se já um forte decréscimo nos custos com pessoal (-30,4%) com a saída de 722 colaboradores durante o 2T21. De referir também o aumento dos custos com imparidades (28,8 milhões de euros), sendo parte compensado com uma reversão na rubrica de custos com reestruturação (23,8 milhões de euros).
O resultado operacional (EBIT) registou um valor negativo de -149,6 milhões de euros no 2T21, que compara com -227,7 milhões de euros no 1T21 e -272,2 milhões de euros no 2T20. O EBITDA recorrente
registou um valor negativo de -54,9 milhões de euros no 2T21, o que representa uma melhoria material de 54,9 milhões de euros quando comparado com o trimestre anterior e de 47,5 milhões de euros, quando comparado com o período homólogo de 2020.
A TAP obteve um resultado líquido negativo de -128,1 milhões de euros no 2T21, o que representa um acréscimo de 237,0 milhões de euros quando comparado com o 1T21 e de 58,9 milhões de euros face ao 2T20.
1º semestre
No primeiro semestre de 2021, a TAP teve uma receita total de 383,1 milhões de euros, muito afetada pelas restrições do 1T21, com um decréscimo de 40,7% quando comparada com o mesmo período de 2020 (“1S20”) e 73,6% abaixo do primeiro semestre de 2019 (“1S19”). A segmentação desta rubrica apresenta uma queda nas receitas de passageiros de 305,2 milhões de euros (-55,9% YoY), conduzindo o valor do 1S21 para 240,3 milhões de euros, parcialmente compensado pela melhor performance do segmento de carga e correio, que cresceu 51,3 milhões de euros (+96,3% YoY).
Não obstante a subida encorajadora no 2T21 vs o 1T21, os ASKs no 1S21 apresentam um decréscimo de
40,6% quando comparados com o 1S20. Em relação aos níveis pré-COVID, este indicador está cerca de
73% abaixo do valor do 1S19, enquanto os RPK ainda apresentam um nível 83% abaixo de 2019.
Os custos operacionais totais ascenderam a 760,5 milhões de euros no 1S21, um decréscimo de 313,1
milhões de euros (-29,2%) quando comparado com o 1S20, explicado maioritariamente pela redução material nas seguintes rubricas: custos com combustível (-40,4%), custos operacionais de tráfego (-43,7%), custos com pessoal (-8,6%), e depreciações e amortizações (-20,8%).
Esta redução, explica a empresa, é o resultado das medidas de restruturação executadas, nomeadamente da diminuição do quadro de colaboradores – desde 31 de dezembro de 2020 um total de 1.302 colaboradores saiu da empresa, o que representa uma redução de 16% na força de trabalho -, e da negociação dos acordos com os sindicatos através dos quais se definiram revisões salariais.
O resultado operacional (EBIT) foi de -377,4 milhões de euros, registando um aumento de 50,2 milhões
de euros YoY. Quando ajustado de itens não recorrentes e de custos de restruturação, o EBIT recorrente é de -401,2 milhões de euros e o EBITDA recorrente é de -164,7 milhões de euros.
O resultado líquido do 1S21 foi negativo em 493,1 milhões de euros, o que representa um aumento de 88,8
milhões de euros quando comparado com o período homólogo. As rúbricas mais relevantes foram os juros (EUR -149,2 milhões) e as diferenças de câmbio (EUR -62,8 milhões), que estão na sua maior parte relacionadas com a depreciação do EUR face ao USD, no entanto sem um impacto imediato em caixa dado que respeita a rendas futuras. Pela positiva, o maior contributo (depois de EBIT) foi o valor positivo do over hedge de jet fuel de 8,7 milhões de euros.
Neste período, houve uma rRedução líquida da frota de aeronaves através da saída de dois Airbus A330 e três Airbus A320, enquanto entraram um A321LR e dois A320 Neo. Os aviões que se juntaram à frota operacional da TAP reforçam a aposta da empresa em aviões com consumos mais eficientes, e que permitem à companhia adaptar a sua operação de acordo com o ritmo da recuperação da procura.
No que respeita ao capital próprio, verificou-se um aumento de capital de 462 milhões de euros que
quase compensou o resultado líquido negativo do semestre. Com este aumento de capital pela República
Portuguesa através da DGTF, o capital social da TAP aumentou de 41,5 milhões de euros para 503,5 milhões de euros, e a República Portuguesa, através da DGTF, tornou-se um acionista direto da TAP com uma participação de cerca de 92% no capital social da empresa, sendo os remanescentes cerca de 8% diretamente detidos pela TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S.A. (“TAP SGPS”).
No que respeita à dívida bruta, registou-se um aumento de 80 milhões de euros, em resultado do aumento do passivo de locação com opção de compra, bem como da subida dos juros capitalizados do empréstimo do Governo português.