Taxistas admitem convivência pacífica com Uber “legalizada”

O presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT) admite ser possível uma convivência pacífica com a plataforma digital que fornece serviço privado de transporte Uber, desde que “legalizada” e a distribuir também serviço para os taxistas. “Imagine que amanhã o Estado diz que a Uber vai ser obrigada a distribuir 20% dos serviços para táxis tradicionais e, ao mesmo tempo, ficam autorizados os táxis que queiram a descaracterizar-se para se ligarem à Uber. Creio que estamos disponíveis para fazer isso. A Alemanha tem o Táxi/Uber”, diz Carlos Ramos à agência Lusa.

Contudo, frisa que “se for para aumentar o contingente [do número de carros] já é mais difícil, porque há um excedente de táxis”.

Em entrevista à agência Lusa, Carlos Ramos defende ser “um crime manter-se a situação como está”. “O Governo tem de fazer alguma coisa. Se é um crime, tem de atuar. Tem de dar um ultimato à Uber”, considera.

O presidente da FPT esclarece que a “plataforma não é ilegal”, mas diz que “quem presta os serviços através da plataforma está numa situação ilegal”, porque “não há licenças, não há alvarás, não há autorizações”, quando devia “cumprir com as regras aplicadas a todos os transportadores”. O responsável alega que as viaturas que prestam serviço para a Uber “não estão licenciadas para o efeito, desconhece-se se reúnem as condições estabelecidas para transportarem passageiros, os seguros não estão da forma como a lei exige e o motorista não tem formação”.

No seu entender, “se o Governo não tem coragem” para travar a Uber, deve mexer na legislação das coimas, à semelhança do que foi feito em Espanha, onde foi decretado que a Uber é ilegal e a coima foi fixada em quatro mil euros.

Posição idêntica tem o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), que lembra que há outras plataformas que distribuem serviços e “ainda ninguém ouviu contestação sobre elas”. “A My Taxi hoje tem muito mais serviços em Portugal do que tem a Uber e ninguém ouve contestá-la, porque ela dá para táxi. É mais um angariador de serviços para táxi”, afirma Florêncio Almeida.

O presidente da ANTRAL reafirma que “nunca vai aceitar sentar-se com o Governo para negociar seja aquilo que for enquanto a Uber não parar”. “Estamos a tratar de um problema que é a Uber. O nosso problema não é o dinheiro. A indústria do táxi nunca teve subsídios do Governo e não é agora que vamos precisar. Precisamos é de fazer uma grande reorganização do setor”, sublinha.