Três questões sobre os recursos humanos turísticos em Portugal

Será que temos responsabilidade pela falta de recursos humanos atual em Portugal no turismo? Onde estão os milhares de profissionais que todos os anos saem das escolas de turismo? Porque não estão a ser retidos pelo setor, pessoas altamente qualificadas? Estas não são questões novas para a atividade turística nacional, mas são as perguntas que grande parte dos empresários colocam no topo da sua agenda.

Durante a abertura do XIV Congresso Nacional da ADHP (Associação dos Diretores de Hotéis Portugueses), Raúl Ribeiro Ferreira, presidente da Associação, enfatizou as questões que balizam hoje a temática dos recursos humanos no turismo nacional, tentando trazer alguns elementos que não parecem corretos na equação. Questiona então o responsável: “Será que temos responsabilidade pela falta de recursos humanos? A desregulamentação das profissões e o fim das carteiras profissionais no setor não ajudou à resolução desta questão mas, por outro lado, se formos aos dados da Portidata, verificamos que o ordenado médio na hotelaria é de 690,50 euros, enquanto no resto da atividade económica são 924,9 euros”.

Sendo assim, para Raúl Ribeiro Ferreira, “se calhar temos de fazer alguma coisa para mudar, sem dar condições e valor financeiro não se ganha maturidade nem vontade nas profissões”.

Por outro lado, o presidente da ADHP questiona: “Se mais de 50% das pessoas que trabalham na hotelaria e restauração são indiferenciados, também se coloca a questão: onde estão os milhares de profissionais que todos os anos saem das escolas de turismo? Porque não estão a ser retidos pelo setor, pessoas altamente qualificadas? Todos temos responsabilidades, dos diretores de hotéis aos gestores. Se nada for feito não se conseguirá cativar pessoas qualificadas para o setor, sendo que a médio prazo isto poderá ter custos ao nível da qualidade do serviço”.

Na mesma linha Raúl Ribeiro Ferreira também recorda que é necessário, ao mesmo tempo, não criar uma expectativa aos profissionais para a qual depois não haja capacidade de dar resposta. “Por isso temos todos o papel de cativar os jovens para trabalharem no turismo, mas defendendo-os e dignificando a sua carreira profissional, em termos de ordenados e de futuro”.