Turismo de Natureza: À descoberta dos melhores trilhos portugueses

Portugal é formado por cerca de 21% de Áreas Classificadas com fortes valores naturais e de biodiversidade ao nível da fauna, flora e da qualidade paisagística e ambiental. A Ambitur foi à descoberta dos trilhos que fazem de Portugal um destino de excelência para a prática do Turismo de Natureza.

João Fernandes

O Algarve não é só litoral com as suas belas praias. Quem o diz é o presidente da região de Turismo do Algarve (RTA), João Fernandes, garantindo que existe “um barrocal e uma serra com características distintas e muito interessantes”, convidando os turistas apaixonados pela natureza a descobri-los.

João Fernandes destaca até quatro “grandes” rotas que atravessam a região: a Rota Vicentina, a Via Algarviana (de Alcoutim a Sagres), a Grande Rota do Guadiana (de Vila Real de Santo António a Alcoutim) e a Ecovia do Litoral (de Vila Real a Sagres). “Além disso, temos uma série de pequenas rotas e percursos circulares que somam outros tantos quilómetros de trilhos, para quem gosta de caminhar ou andar de bicicleta” em diversos concelhos.

O responsável afirma que existem dois perfis do turista de natureza: o soft nature (80%), “que pode ser qualquer um de nós, procura experiências fora do comum, de grande valor simbólico, mas com uma interação e usufruto menos comprometidos com uma exigência física ou científica”, e o hard nature (20%), “que procura atividades mais exigentes, seja do ponto de vista desportivo ou intelectual, por exemplo ao nível do birdwatching”.

Via Algarviana

Em 2013, A RTA definiu o Turismo de Natureza como produto estratégico. “A grande vantagem é que os decisores políticos da região assimilaram e alinharam com a proposta da Região de Turismo, no sentido de que este era o caminho, o trilho, e estão a investir em percursos circulares e pequenos trilhos pedestres e cicláveis”, garante João Fernandes.

O presidente da RTA prevê que as rotas e trilhos de natureza “vão certamente crescer e sobretudo melhorar”, dando resposta à procura crescente de que são alvo, sem nunca esquecer a “preservação do território” e “promovendo sempre um desenvolvimento sustentável e sustentado nos territórios e nas suas gentes”.

Rota Vicentina: 450 quilómetros de Natureza
“Muito mais que uma rota pedestre” podia ser o slogan da Rota Vicentina (RV), uma rede de caminhos e trilhos que cruza o Sudoeste de Portugal, entre Santiago do Cacém e o Cabo de São Vicente.

Marta Cabral, presidente e diretora executiva da RV, descreve a rede de cerca de 450 quilómetros, como “a mais bela rota de percursos pedestres do sul da Europa”, onde estão incluídos “o Caminho Histórico, o Trilho dos Pescadores e vários percursos circulares”.

Os caminhantes poderão encontrar diversas atividades ao longo dos trilhos como o birdwatching, o surf, mergulho, entre outras atividades culturais. Ao longo da rota encontra-se também uma grande oferta de hotelaria e restauração.

Marta Cabral

Para Marta Cabral, o facto de a RV conseguir “aliar o romantismo e a tranquilidade do Alentejo”, atrai principalmente “os amantes do turismo da natureza”. A Rota engloba o Parque Natural do Sudoeste de Portugal e a Costa Vicentina: “São 110 km de costa selvagem e cerca de 75 mil hectares de área protegida” que fazem deste destino algo “imperdível”.

Cerca de “23 mil caminhantes de 25 países diferentes” já passaram pela RV, com o mercado alemão a predominar. Contudo, a pressão turística pode “esmagar a qualidade da região”. Desta forma, o “Desenvolvimento Sustentável” desta área é um objetivo fundamental da Associação, tornando-se importante “o trabalho de sensibilização e de proximidade com a população” para a manutenção de toda a rede em regime de voluntariado.

Seguindo esta linha de sustentabilidade, “os destinos que mais rapidamente se posicionarem” terão o “merecido reconhecimento” enquanto “líderes de uma equação de sustentabilidade” que envolva “natureza, sociedade, cultura e cidadania”, diz.

A responsável acrescenta que a Rota Vicentina trouxe melhorias na economia e gerou emprego. Além disso, permitiu a “valorização e proteção do património cultural e natural pela população local”, assim como a “conservação da natureza e biodiversidade”.

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À descoberta das Aldeias Históricas
Dedicada aos brandos costumes e às aldeias históricas do nosso país, encontra-se a GR22 – Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal, a “primeira grande rota portuguesa”, corria o ano de 2000. São 565 Km, divididos por 12 etapas que correspondem às 12 Aldeias Históricas do país.

Este “trilho de ligação” entre as diferentes aldeias nasce da “reconstrução das ligações medievais, que outrora foram as primeiras linhas de defesa da fronteira portuguesa”, explica Arménio Coelho, das Aldeias Históricas de Portugal (AHP).

O responsável defende que os turistas de natureza são pessoas que “valorizam a interação com a autenticidade do território” e que procuram “interagir com os hábitos e culturas locais”, o que se torna possível ao longo da GR22.

“Não percorrer a GR22 é desperdiçar uma oportunidade única de conhecer a história ancestral de Portugal percorrendo aldeias tão diversificadas, desde as planícies da Idanha ao Alto do Côa passando pela Serra da Estrela e carvalhais raianos, e tão intrinsecamente ligadas pelo história de um povo e de uma tradição”, garante.

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Açores e os seus Picos de Aventura
Quando falamos de Natureza é provável que a nossa mente vá buscar alguma imagem idílica dos Açores, com as suas paisagens verdes, lagoas azuis e os seus “Picos de Aventura”, nome de uma empresa turística dedicada a atividades ao ar livre em São Miguel e na Terceira.

Tiago Botelho, monitor outdoor chefe da Picos de Aventura, refere que nos Açores o que não faltam são trilhos. Assim, a empresa dá a conhecer a ilha dividindo os seus diferentes cenários por atividades.

Na Lagoa das Setes Cidades, é possível fazer escalada e refrescar-se nos banhos termais. Já nas Furnas, “uma das zonas mais espetaculares que desafia todos os sentidos”, pode-se fazer canoagem dentro da própria Lagoa das Furnas (uma caldeira vulcânica) e deliciar-se com o tradicional cozido feito com o calor da terra.

No centro de São Miguel, organiza-se um percurso temático de bicicleta durante o qual se visita uma plantação de ananás e que termina com uma mostra de produtos regionais. Outras atividades são o canyoning, passeios de jipe, mergulho, observação de baleias e natação com golfinhos.

Pela experiência do monitor, os turistas de natureza são, por norma, pessoas que praticam desporto e que vêm bem preparadas: “O turismo de contemplação é acessório àquilo que vêm cá fazer. As pessoas conhecem muito bem o destino para onde vão mas querem conhece-lo de uma forma mais ativa.”

Tiago Botelho garante que a Picos de Aventura tem a preocupação de cumprir um papel educacional relacionado com a sustentabilidade ambiental mas que “é a conhecer que se preserva”.

Há que ter sempre presente que “os locais mais bonitos têm uma vulnerabilidade muito acentuada e que demoram muito tempo a formar-se e a regenerar”. “Somos convidados a estes locais e estamos lá, única e exclusivamente, para apreciar e desfrutar. Essa oportunidade que temos nunca pode pôr em causa a oportunidade futura de outras pessoas”, reflete.

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