Turismo de Portugal quer 60% dos trabalhadores com formação técnico-profissional até 2027

O Four Seasons Hotel Ritz, em Lisboa, foi o local escolhido pela escola Les Roches Marbella para reunir novos e antigos alunos no Encontro Alumni 2018. Les Roches é a sede “mãe” de instituições especializadas em management hospitality, que já existem na China, na Espanha, na Jordânia e nos EUA.

No evento, em que a Ambitur marcou presença, para além dos principais representantes da instituição, Luís Araújo também foi convidado. O presidente do Turismo de Portugal deixou “bem claro e definido” o objetivo da estratégia 2027 para o setor a nível nacional.

“Em 2017, fechámos o ano com um crescimento de 9% no número de turistas e quase 20% em receitas”, afirma o responsável. No entanto, “há ainda muito trabalho” que “não depende só do Turismo de Portugal, mas sim de todos nós” por forma a “manter esta fasquia tão alta” quanto possível. Uma “fasquia” conseguida pelo longo trabalho das empresas, hotéis, Câmaras Municipais, do Turismo de Portugal e do público.

Recuando até 2016, Luís Araújo recordou que o Turismo de Portugal realizou um estudo para perceber a opinião dos portugueses sobre o que queriam que o país fosse a nível turístico daqui a 10 anos. Na altura, foram feitas muitas reuniões, nacionais e internacionais, e foram lançados vários desafios. “Como é que conseguimos lidar com a formação do setor?”, “Como é que conseguimos captar os melhores diretores nacionais?”, “Como é que conseguimos trazer mais voos?” ou “Como é que conseguimos estimular que a nossa experiência seja melhor que a experiência em Espanha?” foram apenas alguns dos exemplos citados.

Aos convidados, Luís Araújo deixou “bem clara e definida” a grande conclusão da estratégia para 2027: “Pretendemos que haja sustentabilidade na economia, na sociedade e no ambiente”, sendo que, no centro desta estratégia, “estão claramente, as pessoas”, ou seja, os turistas. “Queremos que venham mais, queremos que venham nas épocas baixas, queremos que gastem mais e queremos que fiquem mais tempo”. No entanto, e de uma forma mais “desafiante”, o Turismo de Portugal quer que “as pessoas que vivem nas cidades percebam o valor do turismo e que não o combatam. Queremos que 90% das pessoas de Lisboa e Porto estejam satisfeitas e que olhem para o Turismo como um fator de riqueza para o país”.

Os “trabalhadores do setor” não foram esquecidos, tendo sido realçada a “dificuldade que é hoje trabalhar num setor com tanta projeção e com tanta visibilidade” mas, ao mesmo tempo, com “tantos desafios ainda pela frente. Este é o fator que mais nos preocupa”, afirma. “Em 300 mil pessoas que trabalham no setor, 60% têm o ensino básico, ou seja, o 9.º ano de escolaridade” um número que o responsável considera “dramático”. Para 2027, o objetivo passa por “inverter” esta situação de forma a que “60% das pessoas que trabalham no setor tenham o ensino secundário completo ou técnico-profissional”.

Ainda sobre “sustentabilidade”, o presidente do Turismo de Portugal ambiciona para 2027 “duplicar o número de dormidas a nível nacional. Em 2017 fechámos com 54 milhões de dormidas e em 2027, queremos chegar aos 80 milhões”. Já sobre as receitas ao nível nacional, “fechámos 2017 com 15,2 mil milhões de euros”, ambicionando, em 2027, “chegar aos 26 mil milhões”. O responsável sabe que este será um grande desafio mas o objetivo é que seja um crescimento em todo o território e não apenas em Lisboa e no Porto.

No que toca aos objetivos ambientais, Luís Araújo afirma que, em 2027, “cerca de 90% das empresas têm que ter incluídas medidas de gestão eficientes de água, luz e resíduos”. As razões são claras: “os recursos são finitos e nós temos que ser um dos destinos mais sustentáveis do mundo e isso passa por todos nós”.

Em jeito de conclusão, o dirigente deixou três mensagens aos futuros profissionais presentes no encontro. Começando pelo “conhecimento”, Luís Araújo lembrou que “mais importante do que para nós (Turismo de Portugal)” saber e conhecer os nossos mercados, é “fundamental para o vosso trabalho”. “Recolher os dados específicos, para depois poderem trabalhá-los como quiserem e tentarem obter o máximo retorno para o vosso trabalho” é essencial, frisou. Voltando à “formação”, o presidente alertou que é “fundamental” incutir nas pessoas a importância da escolaridade e da aprendizagem. Se não nos convencermos disto, nunca vamos conseguir ser um dos países mais competidores no mundo”. Por fim, a  “inovação” é vista como uma “forma de quebrar o paradigma relacionado com a hospitalidade. Temos de fazer o nosso trabalho de uma maneira mais inovadora”. Ou seja, “o Turismo não vive sozinho. Nós podemos dar a ganhar muito dinheiro a outros setores, mas também podemos ganhar muito dinheiro com os outros setores, se soubermos todos trabalhar juntos”, conclui.