A Ambitur.pt está a fazer uma ronda junto das entidades regionais de Turismo em Portugal para ficar a par das últimas novidades. Desta vez, esteve à conversa com o novo presidente do Turismo do Centro de Portugal, Raul Almeida.
O sucessor de Pedro Machado não esconde que existem desafios a enfrentar na nova presidência da entidade regional do Turismo do Centro, mas começa por ressaltar a “referência de qualidade e de dinamismo a nível de promoção turística” que será para continuar: “nos últimos anos, por ação do anterior presidente, Pedro Machado, e da equipa que reuniu em seu redor, a Turismo Centro de Portugal deu um salto qualitativo inegável. Esta equipa criou uma marca, deu-a a conhecer a nível nacional e internacional, fê-la crescer e alcançou uma notoriedade para a região que poucos acreditariam possível. É esse percurso de sucesso que quero continuar, imprimindo, naturalmente, o meu cunho pessoal e o da equipa dirigente que escolhi”.
Face aos bons resultados deste projeto, que agora tem em mãos, o essencial será impulsionar ainda mais a atratividade e a procura pela região Centro, a par de outro grande desafio, “que é obrigatório de vencer”, “o da escassez de trabalhadores na atividade turística”: “´é fundamental apostar na capacitação, na captação e na retenção dos recursos humanos, que são indispensáveis para que os empresários possam prestar os serviços de qualidade a que habituaram os visitantes. Contamos com a colaboração estreita da AHRESP neste ponto”, afirma o responsável.
A nova equipa do Turismo do Centro garante trazer novas ideias, estratégias e métodos, começando pelo aprofundamento da colaboração e articulação com outras instituições públicas e privadas: “anunciei, na tomada de posse da minha equipa, a intenção de avançar rapidamente com a criação de um Conselho Estratégico do Turismo do Centro. Este Conselho terá uma função consultiva sobre as estratégias de fundo que queremos implementar e reunirá os stakeholders da atividade turística na região. Nomeadamente, serão convidadas a integrar este órgão as oito Comunidades Intermunicipais e as Universidades e institutos de ensino superior da região, assim como representantes do setor privado e associações”, explica Raul Almeida, acrescentando que o diálogo com a Secretaria de Estado do Turismo, Comércio e Serviços e o Turismo de Portugal fará também parte da equação.
Para já, a alteração da Lei-Quadro que rege a entidade regional não é uma prioridade: “o problema, de que eu e os meus colegas nos queixamos, não tem a ver com a Lei, mas sim com o financiamento. É notório que as Entidades Regionais de Turismo são as instituições que melhor conhecem o território em que atuam, o que lhes permite exercer com conhecimento de causa a sua missão. Mas acredito que poderemos criar ainda mais valor para os territórios e populações, com uma atualização orçamental que nos permita ser mais ambiciosos”.
“2022 foi o melhor de sempre para a atividade turística na região”
O último ano foi “extremamente positivo” para o Centro do país, com os proveitos nos estabelecimentos turísticos a totalizarem 388,2 milhões de euros. Nas dormidas, foram 7,1 milhões, igualando o melhor resultado de sempre, em 2019.
Para já, os dados até agora disponíveis indicam, “com toda a certeza”, que 2023 será ainda melhor, com a possibilidade de ser um ano recorde a nível de receitas, de dormidas e de hóspedes.
Espanha é o mercado principal, com 27,5% em 2022, seguindo-se França (10,3%), Brasil (7,6%), Alemanha (7,2%) e os Estados Unidos (6,6%) – este último que se pretende como aposta, a par da tentativa de atrair mais visitantes do continente asiático: “o turismo religioso é uma alavanca importante para o conseguirmos, pois tem a capacidade de atrair visitantes de todo o mundo e durante todo o ano. Fátima é um destino de peregrinação mundial e o turismo judaico, que tem grande importância na Beira Interior, está também em expansão”.
“Queremos que o Turismo tenha um impacto positivo e real na qualidade de vida dos cidadãos da região Centro de Portugal”
Todavia, há carências que precisam de ser corrigidas para se captar mais turistas para a região Centro, entre eles a sazonalidade e a litoralidade, alerta o presidente da entidade, que ainda reforça a ideia com um “obstáculo óbvio”: “não dispomos de uma porta de entrada direta – um aeroporto –, o que dificulta a chegada de visitantes de outros países. É por isso que o Turismo do Centro segue atentamente a discussão sobre o novo aeroporto internacional e apoia qualquer solução que sirva os interesses da região”.
Mas a questão da mobilidade não se esgota aqui, pois “a região é mal servida por ferrovia e, nas estradas, é fundamental avançar com a transformação do IP3 em autoestrada, assim como fazer o IC31, entre a A23 e Espanha, via Monfortinho”.
Face a estas problemáticas, Raul Almeida garante que o seu mandato desenvolverá uma estratégia para contornar ou resolver aspetos que atrasam o desenvolvimento turístico da região Centro.
Por fim, quando questionado sobre o facto de Coimbra ser o município convidado da BTL 2024 (Bolsa de Turismo de Lisboa), o novo presidente da entidade diz que ainda é cedo para falar do evento, mas ressalta que há “justiça nesta atribuição” porque “o potencial turístico de Coimbra é enorme, mas muitas vezes é negligenciado a nível nacional”.
Por Diana Fonseca