Turismo seguro: “Portugal é um destino seguro e as nossas empresas estão à altura deste desafio”

Turismo seguro foi o tema de mais um webinar organizado pela Visit Braga. Leonor Picão, diretora coordenadora da Valorização da Oferta do Turismo de Portugal, foi uma das oradoras e não tem dúvidas de que “somos um destino seguro e as nossas empresas estão à altura deste desafio”. Admite que só isso não chega para uma retoma do turismo internacional, deixando a nota de que espera que “haja uma consciência europeia que permita que, de uma forma segura, a retoma vá sendo uma realidade e que, em breve, possamos estar a dizer que a mobilidade voltou ao normal”.

Leonor Picão

De qualquer forma, a oradora acredita que o país está preparado, até se acontecer um boom na procura que leve ao aumento acelerado dos fluxos turísticos para Portugal. “Tenho a consciência de que o setor está preparadíssimo para receber os turistas, que os nossos hotéis são locais seguros porque têm regras controladas que nos fazem segui-las; não hesito em afirmar que os nossos hotéis são talvez os locais mais seguros”, frisa.

Leonor Picão aproveitou o webinar para divulgar que o Selo Clean & Safe, lançado em 2020, no início da pandemia, com validade até finais de abril deste ano, será em breve reforçado para poder continuar a ajudar as empresas a oferecem segurança a clientes e trabalhadores.

Miguel Proença, administrador da Hoti Hotéis e representante da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal no webinar, fez também questão de salientar a importância da implementação deste Selo e “o tempo recorde em que foi feito”. “Foi um trabalho muito bem conseguido, que resulta de uma interpretação sobre como resolver problemas para os quais não existe experiência e onde a definição de um standard para a indústria é mais importante do que conseguirmos desenvolver um critério que seja uma garantia a 100% da resolução de um problema”, sublinha. O empresário adianta que a forma como o Clean & Safe evoluiu e foi adaptado à globalidade da indústria turística permitiu “criar standards claramente exigentes e que vinham, na prática, complementar os protocolos que já tínhamos em execução na Hoti Hotéis”. No fundo, não tem dúvidas de que “conseguimos projetar, a nível internacional, a imagem de que o país se tinha organizado para conseguir obedecer aos mesmes standards e a formas próximas de trabalhar”.

O hoteleiro defende o Selo Clean & Safe mas lembra que, com esta renovação, “não podemos correr o risco de, depois de termos tido uma adesão tão massiva de toda a oferta hoteleira em 2020, agora essa possibilidade cair por terra”, isto se o facto de “aportarmos um nível de exigências muito maior” fizer com que muitas unidades deixem de conseguir aderir.

Também a pensar na segurança sanitária, a AHP desenvolveu, em 2020, cerca de 10 webinares específicos através dos quais os trabalhadores e empresários hoteleiros tiveram a oportunidade de ver, na prática, como foram resolvidos vários problemas nos vários departamentos dos hotéis, endereçando de forma muito direta questões que se levantavam no dia-a-dia de um hotel.

Susana Leitão

Na AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal a segurança também foi, desde o início da pandemia, uma preocupação. Susana Leitão, responsável da Qualidade da AHRESP, lembra que a primeira iniciativa foi a elaboração de Guia de Boas Práticas, “uma ferramente que disponibilizamos aos nossos associados para os ajudar a cumprir determinadas regras”. E avança que, em breve, serão lançados Guias de Boas Práticas na área da sustentabilidade, quer para a restauração como para o alojamento, em resultado de um trabalho feito com o Turismo de Portugal.

A pensar nas empresas, e sobretudo nas micro e pequenas empresas, que constituem grande parte do tecido dos associados da AHRESP, fez-se um Plano de Contingência Modelo, e elaborou-se um conjunto de dísticos para responder à obrigatoriedade das empresas comunicarem internamente e com o cliente.

“O que pretendemos é que as pessoas se sintam seguras quando visitam os estabelecimentos de restauração e os alojamentos, e é necessário que elas percebam que estas empresas cumprem um conjunto de normas muito apertadas e rigorosas”, frisa Susana Leitão. A responsável admite que este empenho nem sempre encontra o mesmo paralelismo no lado dos clientes, sendo que também aí a associação tem procurado atuar, apelando a que estes sejam cumpridores das normas. “É fundamental que percebam que houve um grande investimento das empresas para que, quem nos visita e usufrui dos nossos serviços, se sinta seguro. E o selo Clean & Safe é uma ferramenta essencial para nós”, refere.

Susana Leitão não tem dúvidas de que “ir a um restaurante é seguro” e recorda que este setor tem já largos anos de experiência no que à segurança diz respeito. “Desde 1998 que existe uma legislação que aborda a questão da segurança alimentar e que impôs à restauração um conjunto de regras que cumprimos há muitos anos. O que tivemos agora foi um reforço de muitas dessas regras”, explica, pois higiene e desinfeção já há muito que eram prática nestes estabelecimentos. E, por isso mesmo, a restauração adaptou-se bem a esta nova realidade.

O mesmo se passou com os hotéis onde uma série de conceitos se foram tornando comuns. A Hoti Hotéis, por exemplo, por ter 12 das suas unidades integradas na cadeia internacional Meliá International, optou, desde o primeiro momento, pela adesão a uma certificação internacional, o Stay Safe with Meliá, desenvolvido em conjunto com o Bureau Veritas. E conseguiu garantir “elevados níveis de segurança e beneficiar de ter um buffet em funcionamento para podermos prestar o serviço com o volume de equipas que temos”, explicou Miguel Proença.

O gestor hoteleiro não tem dúvidas de que a oferta que conseguiu subsistir nesta crise pandémica “está preparada para receber maiores fluxos de clientes”, acrescentando, “assim exista procura e a nossa capacidade de adaptação é aquela que sempre nos caracterizou”. E aponta que “é importante que em todo o restante circuito que nos permite trazer turistas até cá nós tenhamos idêntica capacitação de modo a que os problemas que vão surgindo na prática sejam resolvidos de forma eficaz”.