“Turismo só valerá na medida em que valer para as açorianas, açorianos e para nossa região”

O Governo dos Açores e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) promoveram, na passada sexta-feira, a conferência “Turismo Sustentável: um legado para o futuro”. O evento, que serviu de mote para assinalar o Dia Mundial do Turismo, reuniu vários profissionais do setor na ilha de São Miguel, nos Açores. 

Vasco Cordeiro, presidente do Governo dos Açores, iniciou o seu discurso louvando todo o trajeto que tem sido feito nos Açores desde 2015. O número de dormidas, entre 2012 e 2018, “cresceu cerca de 150%” e os rendimentos “cerca de 140%”. Já nos primeiros sete meses deste ano, a tendência manteve-se com “crescimento nas dormidas de 17% e de proveitos de 9%”, refere o responsável. 

“Devemos fazer mais, melhor e diferente”

No entanto, são vários os desafios com que o setor turístico nos Açores está confrontado, nomeadamente o desafio da sustentabilidade nas componentes económica e  social. “O turismo só valerá nos Açores na medida em que valer para as açorianas, açorianos e para nossa região”. Para o dirigente, “esta relação nunca poderá ser esquecida”, afirmando ainda que são várias as medidas em curso mas que a questão social não deve ser descurada, requerendo por parte de todos uma grande responsabilidade.  O turismo deve ser visto como uma “fonte de criação de riqueza e bem-estar” e encarado como uma “área de desenvolvimento da nossa região”. Neste processo, a Revisão do Plano de Ordenamento Turístico da região autónoma do Açores será enviada para o Governo para ser aprovada. Pretende-se “criar o devido enquadramento para que essa sustentabilidade e esse crescimento continue a acontecer e se paute pelas medidas”, adianta Vasco Cordeiro.

O desafio da qualificação leva o presidente a afirmar que “não conseguiremos manter níveis de crescimento sem direcionar o nosso objetivo para a criação de valor”. O programa “Açores Recebe Bem” é o exemplo de mais uma iniciativa que “mobilizou em todas as ilhas várias centenas de pessoas” com o objetivo de “aumentar a perceção e consciência daquilo que o turismo significa para cada um de nós”. 

Entre 2014 e 2018, a taxa de sazonalidade no arquipélago reduziu cerca de cinco pontos percentuais. Contudo, o presidente do Governo do Açores considera como “desafio” a questão da sazonalidade, sendo necessário reforçar as “medidas e condições de forma mais intensa e sustentável”, para prolongar a estadia em todos os meses do ano. “Durante muito tempo, dependemos dos mercados europeus”, refere Vasco Cordeiro, alertando para a necessidade de  diversificar mercados, fazendo um caminho mais reforçado nesse sentido.

A mensagem final do dirigente foi de motivação e de incentivo àquilo que ainda falta fazer: “fazer melhor e diferente”, sendo aí que “reside a sustentabilidade”. O crescimento nos últimos cinco anos não pode ser motivo de “deslumbramento” mas sim de “olhar para a frente”, percebendo aquilo que falta para “melhorar a qualificação e questões relativas à valorização do destino”, sublinha. O dirigente mostrou o desejo de que a celebração do Dia Mundial do Turismo fosse “mais uma oportunidade” para a reflexão sobre aquilo que “devemos fazer mais, melhor e diferente” para vencer os desafios que se colocam no setor da atividade.