“Turismo tem sido a estrela mais brilhante” de Portugal, diz presidente da AHP

“Depois de mais de cinco séculos a descobrir o mundo, é o mundo quem agora nos descobre”. Quem o diz é Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), na abertura do 29.º Congresso Nacional da AHP, que decorre, até sexta-feira, no Convento de São Francisco, em Coimbra.

Este é, sem dúvida, um ano forte para o turismo e de crescimentos nunca alcançados. Os números e estatísticas falam por si. Até agosto de 2017, segundo dados do Hotel Monitor, a taxa de ocupação dos hotéis cresceu mais 4%, fixando-se em 72%, o preço médio mais 8%, atingindo os 88 euros e o RevPar cresceu mais 12%, situando-se nos 66 euros.

Quanto ao volume da receita turística, teve um crescimento de 19%, durante este período, atingindo os 9,9 mil milhões de euros. O número de turistas situou-se nos 14 milhões de hóspedes, uma subida de 9%. “Um verdadeiro lifting à auto-estima das pessoas e das empresas”, resume o responsável.

Para Raul Martins, “o turismo tem sido a estrela mais brilhante” neste processo de afirmação de Portugal. Ainda assim, e invocando o discurso do Presidente da República nas comemorações da implantação da República, o presidente da AHP defende que “não há sucessos eternos nem revezes irreversíveis”.

O responsável demonstrou hoje alguns dos motivos “que nos devem levar a preparar o nosso futuro com realismo”. Podem estar para breve crescimentos descontrolados. A pressão turística “está a ter impacto sobre a habitação e infraestruturas”, nomeadamente nos transportes, “começando a adivinhar-se algum descontentamento”. “O resto do país precisa que a procura aumente”, afirma.

Não esquece também a escassez de quantidade e qualidade dos recursos humanos dedicados ao setor, “sentida com premência por todos os empresários hoteleiros, de todas as categorias de estrelas, em todos os destinos nacionais”. Os contratos de trabalho, prossegue, “estão obsoletos” e “não satisfazem nem empregadores nem os novos colaboradores da nossa indústria”.

Por outro lado, com o aumento da procura a dois dígitos, o destaque deve ir para as acessibilidades aéreas. É preciso estabelecer Portugal “como um destino estável, maduro e sustentável, tanto para quem nos visita como para quem aqui vive”, conclui.