“Um gestor deve ter orgulho do seu percurso”

Vítor Filipe, partner da TQ Travel Quality, recebeu a Ambitur ainda na rua Luciano Cordeiro para uma conversa sobre o seu intenso percurso no setor das agências de viagens. sem esquecer os muitos nomes com quem trabalhou ao longo deste trajeto, o empresário afirma-se focado na sua empresa, na qual conta com dois filhos a trabalhar, e no novo projeto que acaba de agarrar, a presidência da Go4Travel, onde assume ter vários desafios pela frente. Quanto a regressar ao associativismo, não nega que é um “bichinho” que continua vivo mas, para já, não é algo que o preocupe.

Vitor FilipeDeixa a Sonae Turismo em 2009, o que o fez lançar a TQ Travel?
Eu não queria ficar parado. Gosto desta atividade, para mim é apaixonante. Alguns colegas meus vieram comigo. Começámos na Rua do Salitre, depois fomos para Alcântara-Rio. Entretanto encetei o projeto do receptivo da TQ, a partir de antigos colegas meus da Star. Na TQ somos 3 empresas: a TQ Viagens e Turismo que se dedica ao outgoing, com core business nas empresas e incentivos; a TQ DMC; e a TQ Eventos com sócios comuns da TQ DMC. Este é o universo TQ na área do turismo.
A TQ foi correndo bem desde que abrimos, nunca tivemos um ano que não fosse positivo, tivemos sempre crescimentos bastante grandes. Adquirimos este espaço na Rua Luciano Cordeiro, mantivemos Alcântara. Entretanto também abrimos uma loja que chamamos TQ Arieiro na Avenida Almirante Reis. As coisas tem funcionado bem. Os melhores anos foram de 2013 e 2014, mas sempre muito bons. 2015 não está a ser um ano tão bom.
Qual o futuro da TQ Travel?
Tenho um novo sócio, cedi parte do Grupo TQ a um gestor, José João Fonseca, que não é desta área do turismo, esteve à frente de grandes empresas. Esta será uma boa maneira de reconstruir este projeto, até porque não gosto de andar para trás, e nos negócios devemos correr alguns riscos. O novo sócio vai ajudar-me particularmente na área da gestão. Irei abrir mais uma unidade da TQ, até aos primeiros cinco meses deste ano. Vou investir noutra área que penso que é das áreas de futuro das agências de viagens, na área dos Incentivos para empresas, e congressos, e já temos mais um provável futuro sócio. Não dá para parar.
Tenho aqui no outgoing a minha filha, que andou a estudar Engenharia Florestal, que resolveu dedicar-se ao negócio das viagens. E tenho o meu filho, que já trabalha desde miúdo comigo e que também gostou muito do setor, é um dos meus sócios na área do recetivo.
E recentemente torna a uma casa da qual foi o fundador, a Go4Travel…
fui eleito presidente da Go4Travel, com uma nova equipa de administradores, gente com grande capacidade de trabalho e grandes conhecimentos do setor – Maria Lurdes Dinis da Wide, João Matias da Cosmos, José Bizarro da Transalpino e Augusto Morais do Clube Viajar. Vamos conseguir uma nova dinâmica. Dá-me um prazer muito especial porque a Go4Travel é um projeto que se iniciou com a Elovia. É um regresso a um projeto que desenvolvi, abandonei-o quando fui para a APAVT e depois com a venda da Equador.

 

Vitor FilipeE neste momento o seu foco é…
A minha empresa. Agora como vou ter um apoio na gestão, vai-me libertar algum tempo, razão pela qual avanço para a Go4Travel.
Em relação à APAVT, também não vou negar que, e já algumas pessoasmo disseram, seria interessante que liderasse uma candidatura, até porque Pedro Costa Ferreira termina o seu mandato dentro de dois anos. Já estou com 64 anos, tenho que começar a pensar no que é o meu futuro. Não vou dizer que não, nem que sim. Se me disserem neste momento tenho muita coisa com que me preocupar, daqui a dois anos não sei… Em alguma parte o “bichinho” associativo continua vivo, sou muito frontal.

 

Então esse “bichinho” não ficou para trás?
Uma das coisas que aprendi ao longo da vida foi “nunca digas nunca”… E a notícia da minha “morte” é manifestamente exagerada. Já houve uma altura em que apoiei o meu amigo Miguel Fonseca, quando se candidatou à liderança da APAVT. Acho que tinha sido bom para a APAVT e para os agentes de viagens que ele tivesse ganho e isso depois veio-se a provar. Foi eleita outra lista, com outra maneira de pensar e de agir.

O que é a Go4Travel hoje?
São 37 acionistas, representam mais de 300 milhões de euros de faturação. Em termos de passagens aéreas, até esta compra da GeoStar pela Springwater, éramos o maior produtor em Portugal. Tem um grande peso no setor. O projeto da nova administração é desenvolver ainda mais a Go4Travel. Vamos dar uma nova dinâmica. A administração que nos antecedeu fez o seu trabalho, mas as pessoas não se devem eternizar nos lugares. O que aconteceu foi que a administração anterior esteve demasiado tempo na Go4Travel. É uma crítica construtiva, porque as pessoas começam a entrar em rotinas e as dinâmicas perdem-se. Vai entrar sangue novo, gente credenciada, com histórico, com empresas que tiveram sucesso, com trabalho feito, e vamos dar uma dinâmica nova. Provavelmente vamos crescer. Estamos numa fase de admitir novos acionistas, dar mais peso no mercado à Go4Travel.

 

O modelo de governação é para se manter?
Vamos fazer algumas alterações, porque o pacto social da Go4Travel não previa que os corpos sociais fossem exclusivos de acionistas. Era algo que já contestávamosnão faz sentido. Vamos fazer também limitação de mandatos no pacto social, que é uma das coisas que também deve acontecer, para não perder a dinâmica. Isto terá que ir a uma assembleia geral e terá que ser aprovado pelos accionistas. As administrações vão ser rotativas. Quando terminam os mandatos, no mínimo dois administradores saltam.

 

Qual o ângulo de atuação da administração da Go4Travel?
A Go4Travel é uma sociedade anónima que presta serviços aos seus acionistas, e os serviços que prestamos para já são na área da contratação. Temos projetos de avançar para mais coisas, já houve um projeto iniciado pela anterior administração que é uma plataforma de reservas hoteleira, vamos desenvolver esse projeto, vamos melhorá-lo. Há muita coisa para fazer.

 

Vitor FilipePode apontar alguns desafios que antevê que a Go4Travel terá pela frente?
O objetivo da Go4Travel é gerar mais-valias para os seus acionistas. Dado o número de empresas que são accionistas, tem empresas de várias dimensões, com várias características. A maioria das empresas atuam mais na área de negócios, corporate, mas temos também muita gente ligada ao receptivo, temos grandes operadores. Um dos projetos que temos é darmos mais atenção a algumas áreas, como o lazer, dado termos operadores dentro do grupo e temos bom relacionamento com outros operadores que não fazem parte do grupo, temos alguns dos nossos acionistas, onde eu me incluo, que são acionistas do operador Solférias. Um dos projetos é aparecer com uma brochura própria alavancada nos nossos acionistas e noutros operadores que não são acionistas.
Temos que desenvolver a área tecnológica. Temos no seio desta administração um expert, João Matias, que vai pegar nessa área. Também podemos ser uma mais-valia para os nossos acionistas nesse aspecto.

 

O que deve um gestor ter para ter sucesso?
Aprendi com os meus pais… temos de ser sérios. Devemos ter orgulho do seu percurso. Posso entrar em qualquer lado e não há ninguém que me acuse de deslealdade, sempre cumpri a minha palavra. Quem quer ter sucesso na vida empresarial deve ser sério, ter ambição, deve dar os passos conforme as pernas. Às vezes dava um pouquinho à frente das pernas mas era só um palmo, nos negócios também temos que correr alguns riscos, nunca corri riscos exagerados.

 

Em discurso direto

Última viagem que fez… ao Brasil, Salvador, Praia do Forte, no verão passado.
Próxima viagem… penso que será aos EUA, quero fazer uma viagem bastante bem elaborada com o meu neto.
Se escrevessem uma biografia sua como o descreveriam… gostava que fosse como um homem sério.
Trabalha melhor sozinho ou em equipa… gosto de trabalhar em equipa mas também gosto de ter os meus momentos de concentração pessoal e depois apresenta-los em equipa.
Cidade favorita… Lisboa e Rio de Janeiro.

 
Este é em excerto da Entrevista publicada na Edição Nº285 da Revista Ambitur.