Uma carreira na distribuição com Fernando Bandrés

Com o objetivo de dar-lhe a conhecer um pouco melhor o percurso dos profissionais que trabalham no setor da distribuição, Ambitur.pt prossegue com a sua rubrica. Veja o que nos conta Fernando Bandrés, diretor comercial da Sonhando.

Fernando Bandrés Calle nasceu na Gran Canaria, a 10 de dezembro de 1970. Mas o facto de o pai ser militar levou-o a conhecer muitas outras moradas, desde o Sahara a Lanzarote, Málaga, Córdoba, Valladolid, Lugo e Zaragoza. Já jovem adulto, o seu destino cruzou-se com o Reino Unido, França, África e, por fim, Portugal. Fernando assume-se como “um nómada de espírito desde pequeno” mas garante que a infância e adolescência lhe trazem memórias felizes.

O profissional é licenciado em Turismo e, nos últimos anos, fez duas certificações em coaching, estando certificado pela International Coach Federation, nomeadamente em Sinergologia (Linguagem não verbal, não consciente) e como Practitioner em Programação Neuro-Linguística pelo InPNL. Fernando Bandrés explica que as neurociências e o funcionamento do cérebro são áreas que lhe motivam grande interesse e que o têm ajudado em fases menos boas da vida a ganhar mais estabilidade emocional. Assegura ainda que tenta aplicar estes conhecimentos no mundo do turismo.

Como e quando iniciou a sua carreira no turismo?

Desde muito novo. Tinha 18 anos e estava a estudar quando comecei a fazer transfers para grupos do Imserso de Zaragoza até Benidorme. Aos 19 comecei a trabalhar no balcão das Viagens Politurs, conciliando isto com a faculdade.

Aos 21, nas Viagens El Corte Inglés, e depois tive experiências na hotelaria no Reino Unido, França, Channel Island e Gâmbia, de onde regressei após o golpe de Estado de 1994. Voltei a Espanha e comecei a trabalhar na Halcon Viagens, que foi a minha última experiência no retalho.

Em 1996, passei a divisão de operadores da Globalia, nomeadamente a Travelplan. Foi com essa empresa que cheguei a Portugal, em 1999. Depois de estar como country manager desta empresa até 2016, desempenhei funções como diretor comercial da Soltrópico e, desde há nove meses, na Sonhando.

O que o apaixona no turismo e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?

O contacto com as pessoas e com culturas diferentes, sem lugar a dúvidas.

Lamentavelmente, a massificação vai dificultando cada vez mais encontrar lugares autênticos. Acho que um dos principais desafios da nossa indústria é percebermos que uma política de crescimento contínuo no número de turistas é insustentável a longo prazo.

O nosso maior desafio é encontrar o equilíbrio entre a rentabilidade dos números e o bom e diferente que cada destino tem para oferecer.

A chegada à atual empresa deu-se quando e como?

Em 2020, apresentei a minha demissão na Newtour, com intenções de abrir um pequeno alojamento local à volta da cultura do cânhamo/cannabis medicina , que é uma das minhas outras paixões.

Lamentavelmente, esta aventura não correu como previsto e decidi voltar a operação turística. Na BTL de 2022 falei com o José Manuel Antunes, o CEO da Sonhando, que me deu esta oportunidade de “voltar a casa”.

E qual tem sido o seu percurso dentro desta empresa até aos dias de hoje?

Ainda estou a “aterrar” na empresa.

O primeiro que tenho feito é reforçar o contacto comercial com os clientes, dar mais acompanhamento com informação de gestão (vendas, projeções a futuro, etc.) que permitam aos nossos clientes monitorizar as vendas com a Sonhando e corrigir, quando necessário.

Também uma restruturação do produto, tentando destacar pela diferença mas sem perda de qualidade. Desde a minha entrada temos incorporado cinco destinos à nossa programação (Gran Canária, Tenerife, Ibiza, Maldivas e Zanzibar) .

Agora precisamos de mais algum tempo para assentar os mesmos, antes de continuar a crescer.

Como define as suas funções dentro do grupo atualmente?

Na Sonhando, pela nossa dimensão, temos de ser flexíveis, versáteis e com capacidade multitask, por isso, o meu dia a dia esta muito interligado com o departamento de produto e contratação, CRM, marketing e mesmo com o departamento de reservas.

Nesta fase ainda a absorver muita informação e cultura da casa.

Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?

Tenho tendência a colocar o foco mais nos momentos positivos do que nos negativos, mas normalmente aprendemos mais com os segundos, com os menos bons.

Grandes desafios têm sido, por exemplo, a mudança de sistema informático na Globalia, a certificação do sistema de faturação por parte da nossa sede em Espanha, um despedimento coletivo (que foi uma das etapas mais difíceis da minha carreira), a repatriação de clientes com a pandemia.

Atrasos , cancelamentos, brumas secas, furações, overbookings …. a minha vida é “resolver problemas” e de todas as situações vamos aprendendo coisas novas. Acho que o meu progresso e imagem profissional tem muito a ver com a forma de lidar com estas situações e de ser sempre honesto nas minhas respostas aos colegas.

Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?

Conseguir que a Sonhando seja, ainda mais, um operador de referência no mercado. Aumentar o volume de negócios mas sem perder o equilíbrio. Reorganizar a casa para dar, cada dia mais, um melhor serviço e respostas mais rápidas aos nossos colegas do retalho.