A Ambitur.pt continua a dar voz aos profissionais do setor da hotelaria em Portugal. Hoje estamos com Cláudio Remudas, diretor de Operações do Bairro Alto Hotel.
Cláudio nasceu em 1973, no Luxemburgo, um país conhecido pela comunidade de emigrantes portugueses que acolhe. Trata-se de um país pequeno, recorda, que nos anos 70 era “espelho de sonhos e de oportunidades para quem procurava uma vida melhor”. E foi aí, num ambiente familiar, de gente humilde e trabalhadora, que passou a sua infância, cresceu, estudou e desenvolveu muito dos valores que ainda hoje aplica, tanto na sua vida pessoal, como profissional.
Aos 18 anos, decidiu abandonar o liceu, onde estudava Administração, Contabilidade e Economia para viajar para Portugal. E aqui prosseguiu a sua formação académica, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, com várias formações na área da Hotelaria, um curso de formação de formadores e, mais tarde, uma pós-graduação em Direção Hoteleira. Cláudio Remudas não tem dúvidas de que as saudades que mais prevalecem são de familiares e amigos de infância, e dos “laços construídos junto da comunidade emigrante”. E lembra com um sorriso no rosto as brincadeiras na escola, as “peladinhas” em campos de futebol improvisados, os jogos de berlinde e as inúmeras caminhadas e aventuras entre amigos de várias nacionalidades, “à semelhança do famoso Tom Sawyer”.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria – quais os primeiros passos?
Comecei no mundo da hotelaria em setembro de 1991. Fui telefonista no antigo Hotel Le Meridien, cadeia hoteleira francesa fundada pela companhia aérea Air France. Hoje é o atual hotel InterContinental Lisboa.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
A minha paixão pela hotelaria deve-se, principalmente, a determinados pilares que, na minha opinião, sustentam esta profissão: o projeto (missão, visão e valores), a dedicação, a experiência proporcionada aos hóspedes e a possibilidade de trabalhar, liderar e aprender com colaboradores de diversas gerações. Em hotelaria, cada dia é diferente e com constantes desafios que exigem o melhor de nós. É por isso, pela oportunidade de proporcionar experiências e emoções únicas aos nossos hóspedes que me mantenho nesta indústria. É a sensação de dever cumprido que me dá satisfação.
A chegada ao atual hotel deu-se quando e como?
À minha passagem pelo Hotel Le Meridien, até maio de 1993, seguiu-se (em agosto de 1994) um projeto incrível e de grande relevância para a época: o Caesar Park Penha Longa Golf & Resort – atual Penha Longa Resort Ritz Carlton, onde permaneci até novembro de 2004. Em dezembro de 2004 surgiu o convite para abraçar um inovador projeto hoteleiro em Lisboa: o Bairro Alto Hotel, um hotel independente, de gestão familiar e pioneiro no conceito de boutique hotéis de cinco estrelas em Portugal.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste hotel até aos dias de hoje?
Foi amor à primeira vista. Iniciei o meu percurso como Front-Office Manager, sendo mais tarde promovido a diretor de Alojamentos. Em 2011, passo a subdiretor de Hotel e com a ampliação do Bairro Alto Hotel, em 2019, assumo a função de diretor de Operações.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Enquanto diretor de Operações do Bairro Alto Hotel, tenho como objetivo primário o contributo para o coletivo de todas as equipas. A minha prioridade passa por promover o desenvolvimento de competências das equipas, sejam elas competências técnicas, operacionais, comportamentais ou sociais. Comprometo-me diariamente com a qualidade e excelência de serviço prestados no Bairro Alto Hotel. Aplico uma gestão com base no exemplo, no espírito de equipa, numa comunicação assertiva e honesta, de modo a motivar e contribuir para uma atmosfera de trabalho saudável. Contribuo para a visão estratégica trabalhando para atingir os objetivos traçados e garantindo os resultados esperados.
Quais os momentos que o/a marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
É de facto uma pergunta desafiante que me atrevo a responder apenas mencionado que a hotelaria é uma indústria sem igual. Um dia nunca é igual a outro e é daí que surge a satisfação e o sentimento de dever cumprido no final de cada dia.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Diria que o desafio que se tem vindo a afirmar como principal barreira após o Covid-19, tanto na hotelaria como restauração é, sem dúvida, o recrutamento. Como tal, trabalhamos políticas de retenção, programas de incentivos e de carreira no âmbito de recursos humanos. Já na operação os maiores desafios passam por reduzir a taxa de turnover e, claro, atingir e superar os objetivos traçados para o Bairro Alto Hotel, para o ano de 2023.