Uma carreira na Hotelaria… Joaquim de Sousa

Dar-lhe a conhecer o percurso dos profissionais que têm feito da Hotelaria a sua vida é o objetivo desta rubrica. Hoje estamos com Joaquim de Sousa, diretor do Hotel do Caracol, na Ilha Terceira.

Define-se como uma pessoa “apaixonada pela vida e por tudo o que nos traga vida interior, contacto com os amigos e com quem nos puxa para cima”. Joaquim de Sousa nasceu a 27 de abril de 1965, em Penafiel, e explica que teve o privilégio de passar a sua infância no campo, recordando momentos simples como andar de bicicleta com toda a liberdade ou caminhar meia hora para chegar a escola.

Foi no Porto que tirou o curso de Gestão e Técnica Hoteleira, e em Lamego formou-se em Informação Turística pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão, contando ainda com o título de especialista em Hotelaria e Restauração pelo Politécnico do Porto. Se bem que recorda que a primeira escolha em termos de formação nada teve a ver com turismo, entrando primeiro na Faculdade de Letras, em Línguas e Literaturas. Mas só teve de esperar dois anos para compreender que a sua vida iria passar essencialmente pelas áreas da Hospitalidade e da Gestão.

Como e quando iniciou a sua carreira no turismo/Hotelaria – quais os primeiros passos?

A minha caminhada no mundo da hotelaria iniciou-se logo no mesmo ano que terminei o meu curso de Gestão Hoteleira da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. Estava a frequentar a pós-graduação em Hotel Management da Escola de Hotelaria de Glion, quando surgiu a possibilidade de entrar no Holiday Inn Crowne Plaza em Lisboa como Rececionista. Foi a vontade de começar logo a trabalhar que me impulsionou para começar logo pela Receção.

Assim desloquei-me do Porto para Lisboa à procura do “Mundo do Turismo”.

Após alguns meses na Receção, o Hotel abriu uma vaga para trabalhar como Night Auditor e mais uma vez a vontade de querer mais lançou-me para trabalhar à noite na Receção. As tarefas de um Night Auditor num hotel urbano, junto da segunda circular tem muito movimento à noite e fez com que eu aprendesse rapidamente a gerir tempo, procedimentos e clientes da mais variada ordem. Nomeadamente tripulações a entrar e a sair a meio da noite.

Após alguns meses por lá, fui trabalhar para a Expo ´92 Sevilha.

O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?

Pode parecer um cliché, mas é mesmo assim. Continuo nesta profissão porque, ao fim de 31 anos, esta profissão ainda é uma atividade de pessoas para pessoas. Não sei até quando, mas para já ainda é.

É uma atividade intensa, difícil, muitas vezes amarga, com muita responsabilidade, nada está garantido, ou então está garantido muitas horas de trabalho. Os salários são mais baixos que em outras atividades, mas quem gosta desta profissão, não a deixa de ânimo leve. Já estive, por momentos, dedicado a consultadoria, ensino, palestras, mas sem a operação, sem andar no terreno, falta-nos o chão. Falta o contacto com o staff e com o cliente. A adrenalina não flui e por isso sentimos um vazio.

Quem gosta, como eu gosto, de trabalhar em hotelaria, não sente o tempo a passar. Sente que passou o dia sem se aperceber. A atividade é intensa, as solicitações são muitas, mas no fim, mesmo cansados, vamos dormir satisfeitos porque o que fizemos deu-nos muita satisfação.

Gosto de passar conhecimento para quem é mais novo e está a começar. Gosto de acompanhar a evolução do meu staff. Gosto de saber que estamos a formar profissionais, para o futuro, bem formados.

A formação é muito importante para que as equipas criem dinâmicas de trabalho organizado e eficiente.

Gosto de estar na receção, no restaurante, na cozinha, no bar, nos andares. Gosto de circular pelo hotel e sentir a operação a desenrolar-se. Como dizia no início, é uma atividade de pessoas para pessoas. No entanto, também gosto de estar na posse das tecnologias que nos permitem ganhar tempo e tomar decisões em tempo útil. Estou a falar das ferramentas de RM, MD, Social Media e de acesso a Guest Reviews.

A chegada ao atual hotel deu-se quando e como?

Cheguei ao Hotel do Caracol a 11 de janeiro de 2016. Na altura, o hotel tinha sido comprado por um grupo financeiro e eu estava com vontade de iniciar um novo projeto. Era diretor de Navio Hotel no Douro e ao fim de quatro anos entendi que era hora de mudar.

E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?

Desde que entrei no Hotel em janeiro de 2016, tem sido uma viagem muito interessante e apaixonante.

Desde acompanhar as obras de reabilitação, formação e apoio da equipa do hotel, entrega de serviço com mais-valias à população local em termos de abrir o hotel à comunidade para que esta possa desfrutar dos serviços do hotel em termos das suas várias valências.

O Hotel tem acompanhado as tendências e os nossos hóspedes tem valorizado o hotel. Nestes 7 anos temos tido uma viagem fantástica.

Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?

Sou um diretor de hotel com tudo o que implica ser um profissional atento, com gosto no que faz, que apoia a sua equipa.

Quando à gestão da equipa, quero estar lá para eles, como sempre estive. Deixar trabalhar quem quer trabalhar e permitir que gostem do que fazem sabem entregando um serviço ao cliente cuidado e com gosto.

Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?

Eu diria que ao longo do meu percurso profissional sempre tive a felicidade de encontrar profissionais que me acompanharam com a sua experiência desde o meu início que permitiram que eu juntasse o meu conhecimento da escola com a sua experiência. Depois fui entrando em projetos de abertura de hotéis que me permitiram encarar desafios e aprender a superá-los. Por outro lado, ainda tive a oportunidade de entrar em projetos variados (hotéis, navios de cruzeiro, ensino, formação…). O menos positivo é a distância que nos separa dos que gostamos e fazem parte do nosso círculo familiar e que temos de aprender a viver com isso.

Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?

Os principais desafios que tenho pela frente são na realidade os que sempre tive. Gerir o hotel que me confiaram, apoiar quem está ao meu lado nesta viagem e ser merecedor do apoio da minha equipa.