Vale d’Oliveiras: “Estamos a resistir à quebra de preços e não noto para já essa agressividade por parte da concorrência”

Depois de alguns meses de portas fechadas, são já vários os hotéis que começam a reabrir para um “novo” verão. Ambitur.pt está a falar com algumas dessas unidades, que nos contam quais as expectativas que têm para os próximos meses e como está a ser feita esta abertura.

O Vale d’Oliveiras Quinta Resort & Spa, no Carvoeiro, reabriu a 17 de junho, com uma ocupação média de 15% para esse mês. Diz-nos Eduardo Peregrino, diretor geral da unidade algarvia, que entre cancelamentos de última hora e novas reservas, as estimativas apontam para terminar o mês de junho com uma ocupação de entre 15% e 18%.

O responsável explica que se verifica uma grande tendência de “last minute quer para cancelamentos como novas reservas,o que “dificulta fazer previsões em quase todas as componentes da gestão”, sendo esse o principal desafio do momento.

Neste mês de junho, os principais mercados para o Vale d’Oliveiras são Portugal (75%) e Reino Unido (18%), sendo que para o final do mês a unidade espera uma ligeira retoma do mercado alemão (4%).

Para os próximos tempos, e se o cenário da pandemia não piorar, as perspetivas apontam para taxas de ocupação médias de 50% a 60% este verão, “bastante abaixo do habitual”. O mercado nacional deverá situar-se acima dos anos anteriores (+50%), diz Eduardo Peregrino. E se a regularidade dos voos aumentar, ou pelo menos se mantiver, o mercado do Reino Unido “terá, sem dúvida, um peso superior ao mercado nacional”.

O diretor geral explica-nos que contam com “uma tendência fortíssima de last minute” a nível de reservas e cancelamentos, “o que é natural devido à incerteza dos consumidores”. Apesar de não quererem contribuir para este fenómeno, a verdade é que a unidade do Carvoeiro tem de se adaptar ao atual contexto e, para isso, flexibilizou os depósitos e taxas de cancelamento. “Estamos a resistir à quebra de preços e não noto para já na nossa zona (Carvoeiro) essa agressividade por parte da concorrência, felizmente”, garante Eduardo Peregrino.

Um ponto positivo evidenciado pelo responsável é o crescimento das reservas diretas, algo que acredita estar relacionado com o fator “certeza” que o cliente quer ter antes de tomar a sua decisão. “O cliente quer falar com o hotel diretamente, sem intermediários, para saber pormenores sobre os serviços disponíveis, limitações, procedimentos de limpeza, entre outros fatores que passaram a ser importantes e que antes nem eram mencionados”, afirma. E acrescenta: “É uma oportunidade única de colher frutos para o futuro, converter negócio que habitualmente viria por outras vias, otimizar a distribuição e reduzir comissões”, asssegura. E é neste sentido que o Vale d’Oliveiras está a apostar na formação interna da receção e reservas, para reforçar o sentido comercial e poder aumentar a taxa de conversão.

Neste momento, Eduardo Peregrino defende que o maior desafio que tem pela frente, além da quebra da procura originada pela pandemia da Covid-19, é o equilíbrio da tesouraria. E adianta que o período mais difícil para o seu hotel é aquele em que entrou agora. Nos últimos três meses, com o resort “hibernado”, a estrutura de custos reduziu drasticamente. “Foi muito difícil mas necessário para podermos sobreviver sem receitas durante todo este tempo”, aponta.

Esta “sobrevivência”, continua, foi conseguida através de fatores como o mecanimos de lay-off, a negociação de pagamentos com fornecedores e a natural diminuição (e otimização) de custos habitualmente pesados (energia, por exemplo). A verdade é que, a partir do momento da reabertura, os custos das energias disparam, as encomendas de toda a operação começam a crescer gradualmente, há menos pessoal em lay-off, equipamentos em pleno funcionamento, menor flexibilidade dos fornecedores no que toca a pagamentos, entre outras questões. “Ou seja, os custos estão cá mas as receitas não”, frisa Eduardo Peregrino. Por isso, esclarece, “a gestão de cash flow é a meu ver o mais crítico”. O responsável considera fundamental aceder às linhas de apoio/crédito disponibilizadas pelo Governo, algo que até agora não foi possível e que não será viável por muito mais tempo. “Temos no entanto já desenhado um plano B e C, mas estamos por enquanto ainda a acreditar que é possível ficar pelo A”, antevê o gestor.

Medidas de higiene e segurança
Com o selo Clean & Safe do Turismo de Portugal, o Vale d’Oliveiras dispõe ainda de um protocolo interno e, à chegada dos hóspedes, disponibiliza um conjunto de informações sobre regras básicas de higienização das mãos, etiqueta respiratória e distanciamento social.

Os hóspedes recebem um kit EPI gratuito e tem a opção de escolher a peridiocidade da diária e respetiva hora para que possa decidir se está ou não no alojamento.

Por outro lado, Eduardo Peregrino recorda que “as crises também trazem oportunidades e, neste contexto, deixámos de ter custos regulares com a impressão de flyers e menus. Optámos por transformar qyase tudo em digital. Esta solução veio para ficar”.

Além disso, o hotel adotou uma política “no-cash” nos outlets incentivando o hóspede a lançar os seus consumos ao quarto ou a pagar com cartão, em vez de dinheiro. E está a avaliar a possibilidade de ter uma plataforma de check-in online, sendo que atualmente os clientes já o podem fazer mas através de uma forma não tão interativa.

“Penso que a pandemia veio também alterar o comportamento associado ao serviço de excelência”, sublinha o diretor geral do resort. E explica que, antes da Covid-19, o “bom serviço era considerado aquele que era invisível e discreto”. Hoje não é assim: “fazemos questão que o hóspede veja que o barman higienizou as mãos antes de passar ao serviço seguinte ou tocar em algum ingrediente ou objeto”. E se anteriormente, “a senhora da limpeza que fazia as áreas públicas em horários de menor movimento”, agora “é importante que o hóspede veja varias vezes ao dia o serviço a ser executado para que ganhe a confiança necessária que está num local totalmente seguro”.