Torres Vedras é palco de mais um “Vê Portugal”, o 10º fórum de turismo interno que decorre desde 3 de junho e termina hoje. Um evento que, nas palavras de Raul Almeida, presidente da Turismo Centro de Portugal, “tem sabido afirmar-se como um pilar fundamental no debate sobre o turismo interno no nosso país”. Este ano o tema é “Turismo: Ponte para gerar entendimentos” algo que faz todo o sentido tendo em conta o atual contexto geopolítico mundial, explicou o orador, na sessão de abertura, que decorreu ontem. O responsável não tem dúvidas de que numa altura em que se vivem momentos difíceis, “o turismo em Portugal é um farol de crescimento”. E, considerando que quem hoje viaja quer sentir-se seguro e esquecer as notícias negativas, Raul Almeida sublinha que “não surpreende que Portugal, e a Região Centro, sejam vistos como um oásis de paz e tranquilidade”.
E os números confirmam-no, sendo que em 2023 o Centro de Portugal recebeu quase oito milhões de dormidas, um valor nunca antes alcançado na região, que corresponde a um aumento de 11,6% face a 2019, e que se verificou tanto a nível das dormidas dos visitantes nacionais como dos que chegaram de fora do país. As dormidas dos residentes superaram os 4,6 milhões (+16,1% face a 2019) e as dormidas dos turistas internacionais cresceram 5,9% ultrapassando os 3,3 milhões. Já as receitas, chegaram perto dos 500 milhões de euros, “um valor que não parecia possível há poucos anos”, admitiu o responsável.
Mas existem desafios, alerta Raul Almeida. “O Centro de Portugal está pujante e recomenda-se, mas o crescimento dá muito trabalho, os desafios são constantes e não podemos baixar os braços”, defende. E para que a região continue a apresentar indicadores tão positivos, o presidente da Turismo Centro de Portugal aponta cinco fatores a ter em consideração.
Em primeiro lugar, defende a estruturação e promoção de novos produtos que captem públicos diversificados, de forma contínua. A título de exemplo, a região está este ano a apostar nas estações náuticas, mas também aposta nos roteiros napoleónicos, no turismo industrial, no enoturismo, no turismo de natureza ou no turismo religioso.
Por outro lado, Raul Almeida lembra que é fundamental “remarmos todos para o mesmo lado”, ou seja, é fundamental haver uma estratégia concertada entre a Turismo Centro de Portugal, as comunidades intermunicipais, as autarquias e também o Turismo de Portugal, as CCDR’s, as restantes entidades regionais e a tutela, sem esquercer os empresários, “que estão na base de toda esta operação”.
Em terceiro lugar, o presidente da Turismo Centro de Portugal quer que a região continue a crescer com sustentabilidade, pois “só concebemos atividade turística se esta tiver em consideração os interesses do território e das populações que nele residem”.
Há ainda que ter em conta os recursos humanos pois “não é possível o setor crescer sem pessoas que queiram trabalhar”.
E, por fim, as acessibilidades. “O crescimento está a bater todos os recordes mas parece-me evidente que a região cresceria ainda mais se fosse mais fácil chegar ao Centro de Portugal, de avião, comboio ou automóvel”, indica Raul Almeida. O responsável lembra que a decisão do novo aeroporto está finalmente tomada ” e é de saudar tantos anos depois que tenha havido uma decisão”, embora não fosse, no seu entender, a melhor opção para a coesão territorial. Mas, “não tendo sido possível um aeroporto que servisse a maior região do país, então apelo aos decisores políticos que olhem com atenção redobrada para as restantes acessibilidades do Centro de Portugal. E recorda que a região é “estruturalmente mal servida” por ferrovia e as obras da linha da Beira Alta, “que se eternizam, são paradigma desta realidade”. O que signifca, explica, que um turista que pretenda conhecer a região por via férrea não consegue fazê-lo de forma “minimamente aceitável”. Por outro lado, nas estradas, o orador defende que se avance com a transformação do IP3 em autoestrada, bem como com a construção do IC31 entre a A23 e Espanha, via Monfortinho. “Estes, entre outros, são investimentos prioritários que o país precisa de realizar, sob pena das assimetrias regionais se agravarem ainda mais”, conclui.
Por Inês Gromicho