Reconhecendo que “as nossas entidades regionais de turismo são hoje instituições reconhecidas nos territórios e os resultados falam por si”, Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, na sessão de abertura de mais uma edição do Vê Portugal, que decorre na Covilhã, reclamou “novas competências” para estas entidades “pois podemos e devemos acrescentar valor”.
Entre estas competências, aponta, está a capacidade de trabalharem mais de perto no processo de formação, capacitação e qualificação dos agentes económicos, funcionando como “organismos intermédios” dotados de instrumentos financeiros que lhes permitam consolidar o seu modelo de financiamento e responderem à sua característica: a proximidade com os agentes e os territórios. O orador recordou que ainda recentemente o Conselho de Ministros tornou público um processo que visa a reorganização do Turismo de Portugal e sublinhou que “também nós devemos fazer este caminho, de reaproximação, de adotar e assumir algumas competências do Turismo de Portugal que podem ser derivadas para as entidades regionais”. E, claro, defendeu, importa revisitar o modelo de financiamento, em diálogo com as próprias entidades regionais de turismo.
Outra competência reivindicada por Pedro Machado tem a ver com as novas tendências. Questões como a sustentabilidade e a descarbonização, diz, “já não são um desafio, mas uma condição se quisermos ser competitivos, atrativos e posicionar-nos nos mercados internacionais”. Além disso, refere, cada vez mais consumidores estão disponíveis para viajar para cidades e territórios de baixa densidade pelo que “importa preparar esse futuro”. Por fim, o presidente da Turismo Centro de Portugal abordou o programa “Mais Interior Turismo”, defendendo que “nos permite aumentar e projetar a nossa relação com os territórios de baixa densidade e interior, o novo luxo do século 21”. E frisou que estes territórios, que há alguns anos não entravam no “campeonato nacional da atividade turística”, são hoje cada vez mais procurados por consumidores e investidores. Por isso, “queremos contar também para esse campeonato de captação do investimento”.
Nesta que é a 9.ª edição do Fórum de Turismo Interno, Pedro Machado não deixou de lembrar os números, que falam por si. Em 2022, o turismo interno representou, na região do Centro, 4.411.497 milhões de dormidas, quando em 2019 era pouco mais de 4,16 milhões e, em 2013, apenas 2,4 milhões. O que significa que “estamos perante um mercado que continua a crescer de forma consistente” e que “em 2023 continua na senda do crescimento”. O que, por si só, é indicador da sua importância.
O presidente da Turismo Centro de Portugal adiantou que o papel das entidades regionais de turismo é e “continuará a ser” a estruturação do produto turístico. Uma segunda prioridade passa pela promoção turística integrada, no sentido de “concertar posições para que não corramos o risco de espartilhar a promoção turística de Portugal, nem de fragmentar territórios e produtos”. Por fim, aponta como prioridade a capacitação e qualificação dos agentes, bem como a monitorização e produção de conhecimento, algo que tem sido feito em conjunto com as universidades e politécnicos, “no sentido de criarmos um observatório dinâmico para que os dados sejam instrumentos poderosos para podermos cumprir estas tarefas”.
Por Inês Gromicho