Decorre hoje na Covilhã o 9.º Fórum Turismo Interno – Vê Portugal, organizado pela Turismo Centro de Portugal. Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, esteve na sessão de abertura deste evento que visa pôr no mapa a discussão sobre o turismo interno, lembrando que cerca de um terço da nossa procura turística advém da procura interna. E fez questão de salientar que o Governo está a ser consequente com o seu discurso. “Sim, é uma prioridade a coesão territorial, a coesão na área do turismo; queremos mais turismo no interior e estamos a mobilizar os instrumentos para esse efeito”.
Começando por apontar a importância estratégica da atividade turística, uma das principais atividades económicas exportadoras do país, representando quase 20% do total de exportações de bens e serviços, o governante sublinhou que esta tem também vindo a crescer de forma “consistente” ao longo dos últimos anos, tendo já em 2022 superado os melhores resultados de sempre atingidos em 2019 (+15% de receitas turísticas). Mas também 2023 se está a revelar positivo: “Temos o melhor janeiro de sempre, o melhor fevereiro de sempre e o melhor março de sempre, em termos turísticos nos diversos indicadores e regiões”, disse. Algo que se deve, por um lado, às empresas, o motor da economia, aos trabalhadores mas também às políticas públicas que têm favorecido este crescimento, defendeu, incluindo aqui o Turismo de Portugal e as entidades regionais de turismo, no seu papel de estruturação do produto e dinamização do turismo interno.
“Mas, apesar deste desempenho, não nos damos por satisfeitos. Queremos continuar a crescer, sobretudo a crescer melhor. Queremos um turismo mais sustentável, mais inclusivo e mais coeso”, frisou Nuno Fazenda.
E, neste âmbito, o Governo apresentou, há cerca de três semanas, a Agenda do Turismo para o Interior pois “cerca de 90% da nossa procura turística concentra-se no litoral e, quando falamos em procura internacional, 5% está no interior”, o que leva o secretário de Estado do Turismo a defender: “Temos de fazer mais pelo nosso turismo para o levar a todo o território”. Aliás, recordou que no início do seu mandato, lançou um roteiro para o turismo interior, tendo percorrido o país, em parceria com as entidades regionais de turismo, para “ouvir os territórios”. A agenda agora apresentada identificou quatro grandes prioridades: a valorização dos territórios; o reforço da competitividade as empresas; a retenção e atração de talento, as pessoas; e a promoção turística.
“Coloca-se agora o desafio de concretizar e é isso que estamos a fazer”, confirmou Nuno Fazenda. Assim, foram já lançadas duas linhas para apoiar e concretizar as prioridades definidas anteriormente. A primeira linha “Mais Interior Turismo” destina-se a apoiar projetos de valorização turística do território, visando valorizar o património, miradouros, praias fluviais, ou seja, a oferta turística, “projetos de diferenciação positiva”. Trata-se de uma linha com uma dotação de 35 milhões de euros e 70% a fundo perdido. A segunda linha destina-se ao microcrédito no turismo, para que micro e pequenas empresas ligadas à restauração, ao artesanato ou a pequenos negócios possam candidatar-se e projetar os seus produtos.
O governante indicou que está planeada uma terceira linha, a abrir “em breve”, que dirá respeito à internacionalização das empresas de turismo, com uma dotação máxima de 50 mil euros e um apoio de até 70% a fundo perdido, para que os empresários possam participar em feiras, convidar operadores turísticos e imprensa internacional no sentido de reforçarem a sua internacionalização. “É neste prisma que estamos a trabalhar no sentido de concretizar projetos já para o interior”, explicou o orador.
O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, recordou ainda que no Portugal 2030 existe uma linha específica aberta no sistema de incentivos à inovação produtiva, e que foi criada uma linha só para os territórios de baixa densidade, com cerca de 125 milhões de euros para apoiar as diferentes atividades económicas, não apenas o turismo, mas onde este setor também se inclui.
Por isso, Nuno Fazenda não hesita em afirmar que “estamos a ser consequentes com o nosso discurso. Temos a dimensão estratégica mas temos também os instrumentos para concretizar”.
E deu o exemplo de três projetos já aprovados no âmbito da Linha Transformar Turismo, que tem já algumas candidaturas aprovadas e outras ainda em análise. Relativamente à região da Serra da Estrela, destacou a campanha de promoção turística da região, que é um contributo para a dinamização do turismo interno e foi já aprovada pelo Turismo de Portugal. Outro exemplo foi a candidatura do Turismo de Gouveia, que visa criar uma casa e roteiros em torno de Virgílio Ferreira. E ainda uma candidatura promovida pela Universidade da Beira Interior em torno da Rota da Lã.
“Mobilizámos, temos as prioridades muito claras”, resumiu Nuno Fazenda, apelando ainda a que, para termos sucesso na concretização dos projetos, é necessário “trabalharmos em rede” pois “só desse modo ganhamos escala e mais notoriedade”.
Por Inês Gromicho