Com nove unidades hoteleiras no Brasil, cinco resorts, dois dos quais em contrato de exploração com a FUNCEF, fundo de pensões do Brasil, a Vila Galé celebrou 20 anos no Brasil. A ocasião teve lugar no Vila Galé Fortaleza, em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, tendo juntado mais de 300 convidados brasileiros e portugueses. Em conferência de imprensa, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo, enfatizou que “temos feito uma aposta no Brasil que é para durar”, relembrando que “o negócio do turismo é um investimento pesado, que não se recupera a curto prazo. Não perdemos o nosso otimismo. Hoje temos 2500 colaboradores no Brasil, sendo somente oito portugueses”.
Para o responsável, “se há país que tem um potencial extraordinário para o turismo é o Brasil. Quando chegámos aqui os resorts que existiam dirigiam-se a uma classe social muito alta. Hoje fazemos, com boa gestão e uma oferta de qualidade, um preço muito atrativo, com condições de pagamento. Diria que democratizámos a oferta dos resorts no Brasil, muito mais pessoas têm hoje acesso a um resort, no Brasil”.
Jorge Rebelo de Almeida também deixou claro que a presença do Grupo no Brasil não se faz por metas, mas por um desenvolvimento em torno das oportunidades que surgem, acrescentando que “estamos numa fase em que já não fazemos por fazer mais um, interessam-nos projetos com alguma diferenciação”. Exemplifica a ideia com o investimento do grupo em Portugal: “abrimos durante a pandemia quatro hotéis de referência – Elvas, Alter do Chão, Serra da Estrela e o Douro, num investimento entre os 40 a 50 milhões de euros”.
Dentro da filosofia do grupo salienta o responsável que “gostamos de fazer hotéis temáticos. Gostamos de ter hotéis para famílias, não custa nada fazer para a crianças animação e entretenimento com conhecimento, cultura e cultura ambiental”.
No entanto, o responsável indica que “o Brasil continua sem fazer o trabalho de casa, no que diz respeito ao turismo. A imagem que passa do próprio país para o estrangeiro é terrível e prejudica gravemente o desenvolvimento turístico. Compara-se por exemplo com o que se passa com o México, que é mais violento que o Brasil, mas criou áreas protegidas de desenvolvimento turístico, em que a limpeza, infraestruturas e segurança são prioridades. Repare-se que estas preocupações devem estar sempre em primeiro lugar, não para os turistas, mas para os que cá moram”. Refere o responsável que temos 600 mil clientes em Portugal aos quais fazemos uma promoção intensa do Brasil, mas depois a imagem exterior que passa do país não permite uma maior efetivação do interesse causado.
Por outro lado, ao nível das acessibilidades, considera Jorge Rebelo de Almeida que o país “precisa de transporte aéreo ao nível internacional. Para o Algarve as entidades públicas e privadas em Portugal pagam um contributo por passageiro desembarcado, o Brasil tem de fazer isso. O Brasil tem de baixar o preço do transporte aéreo. Mas também é necessário o mesmo ao nível do mercado interno, se o Brasil tivesse melhor acessibilidade aérea o turismo aumentava”.
Alerta também o responsável que “a população mais jovem europeia está a demonstrar uma pressão muito grande pela vertente ambiental, quem não tiver respeito pelo meio ambiente no futuro não terá clientes. Hoje esta não é uma conversa de blá, blá, blá, é um assunto sério”. Por fim, considera que “o desenvolvimento turístico do país também tem de se fazer com formação nesta área”.
O responsável abordou também a questão dos recursos humanos nos dois países, indicando que “desta vez vamos ter de ter um plano para levar gente para Portugal, também no Brasil é necessário pessoas mais técnicas. Ao longo destes anos temos formado muitos colaboradores, que se desenvolveram profissional, pessoal e culturalmente, que podem ir trabalhar para qualquer parte do mundo”.