Vila Galé: “Só nos faltava que as taxas de juro subissem”

Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé, sinalizou, durante a celebração dos 20 anos do grupo hoteleiro português no Brasil, que um cenário de subidas de taxas de juro vai ser muito prejudicial para o investimento turístico. A ocasião teve lugar no Vila Galé Fortaleza, em Fortaleza, capital do Estado do Ceará

“Essa é uma das minhas maiores preocupações. Muitas vezes acordo a meio da noite a pensar que só nos faltava isso depois da «porrada grande» que levámos com a pandemia e com a desestabilização de preços, só nos faltava que as taxas de juro subissem”, indicou o responsável. Relembrou o hoteleiro que “têm que ter noção que em 2020, em Portugal, deixámos de faturar de 75 milhões de euros e no Brasil 136 milhões de reais. Este dinheiro não vai ser recuperado, o grande trabalho é que voltemos aos números de 2019, que eram simpáticos”. Indica o orador que “quando começou a crise arrepiei-me. Posso ser ousado, otimista, mas também temos realismo, ficámos preocupados com os projetos que estavam em curso”. No entanto, destaca que “o melhor para qualquer crise é continuar a trabalhar, cada vez mais e melhor. É a única solução que eu conheço, nada está garantido”. Para Jorge Rebelo de Almeida, “o vírus não vai embora, temos de conviver com ele. Mas temos de tomar cautelas para efetivamente convivermos sem corrermos grandes riscos”.

Retomando o tema da subida das taxas de juro, indica o investidor que “no Brasil isso já está a acontecer, o Banco do Nordeste que nos iria financiar já estava a apresentar-nos uma taxa de 15%. O negócio turístico não nos permite pagar uma taxa dessas”. Jorge Rebelo de Almeida indica que “temos evitado, e só uma vez recorremos a esse expediente no Brasil por um período muito curto, a um financiamento do Banco do Brasil. Temos recursos próprios. Na Vila Galé não distribuímos lucros, o que vamos ganhando vamos reinvestindo”. Considera o responsável que “criámos uma empresa forte, que aguentou o embate da pandemia como aguentámos. Abanámos, mas ficámos com a cabeça de fora. Se vier uma segunda crise e uma instabilidade, veremos. No Brasil, essa instabilidade é mais forte, pois verifica-se também a nível jurídico, pois põe-se facilmente em causa os direitos adquiridos, o que afasta muitos investidores”.