Vinalda fecha 2019 com 12 milhões de euros de vendas

Com mais de 70 anos, a Vinalda está a viver um dos períodos mais prósperos da sua história. Com a compra por parte do grupo GLD, a empresa entrou num “processo de transformação”. É uma “empresa antiga” com uma história que se inicia em 1947, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, o objetivo da sociedade era o de importar para Portugal as “grandes marcas internacionais” de bebidas espirituosas e champanhes, conta José Espírito Santo, diretor da Vinalda. Os anos 70 e 80 do século XX tornaram a empresa uma grande “importadora e distribuidora de marcas internacionais” como a cerveja Carlsberg ou whisky Long John mas trouxeram adversidades: após a abertura do país à comunidade europeia, “as multinacionais das bebidas olharam para Portugal e decidiram vir para cá e retomaram as suas marcas”, relembra o gestor. No entanto, a empresa enfrentou as adversidades procurando “um novo propósito” ao criar “marcas do zero a partir de enólogos e pequenas quintas”. A aposta deu frutos: “nestas duas décadas, a Vinalda foi uma fábrica de marcas com sucesso”, afirma José Espírito Santo, um sucesso que se prolongou até ao século XXI, onde o mercado “explodiu para além do razoável. Hoje vivemos um cenário estrutural que é um problema: há excesso de marcas”, diz. 

Apesar deste mercado competitivo, o “momento de transformação” que se vive na Vinalda é conseguido, em grande parte, graças ao investimento feito pelo Grupo GLD, que detém a totalidade do capital da empresa. “Começaram a investir em várias oportunidades”, diz o gestor, que relembra que o grupo adquiriu também 50% da Global Wines. 

“Repor a posição da Vinalda como líder na distribuição independente de vinhos”

Ao longo do processo de transformação da marca, foram várias as mudanças na estrutura da Vinalda, assumindo-se como uma empresa focada essencialmente em Vinhos e Águas Premium. Relativamente ao sistema de trabalho,  a ideia de logística própria foi abandonada, adotando-se uma rede de parceiros, formada por agentes regionais e distribuidores com um know how profundo. “Hoje, temos uma pessoa na logística que coordena os operadores que nos prestam serviço”, explica José Espírito Santo, realçando a transição de uma “equipa muito envelhecida para uma mais jovem e comercial”. Em termos de sistema de gestão, a aposta em serviços  cloud e mobile permitiu uma maior facilidade no desenvolvimento dos trabalhos. “Estávamos 20 anos atrasados. Hoje, ao nível de sistemas, estamos bem mais à frente”, afirma.

Ao longo destes quatros anos, a Vinalda apresentou resultados muito positivos a todos os níveis com a redução do prazo médio de pagamento e das dívidas, que estavam nos seis milhões de euros, para 0€. Além disso, os stocks foram reduzidos  de três meses para um mês e meio, ao mesmo tempo que as vendas por colaborador triplicaram com o aumento do nível de produtividade. “Tivemos resultados positivos depois dos 12 anos de crise”, precisa. Comparando  2014 com 2019, a Vinalda regista um crescimento de 23,6% ao ano. “Começámos a faturar pouco mais de quatro milhões de euros (em 2014) e fechámos o ano (2019) com 12 milhões de euros”, indica o gestor, destacando que “triplicámos as vendas” e “aumentámos a nossa quota de mercado”. Nesta última, as previsões são positivas e com perspetiva de aumento.

Enquanto missão, a Vinalda está focada em prestar serviços aos clientes e aos fornecedores. “Investimos cada vez mais tempo no produtor”, ajudando-o, através do know-how dos trabalhadores, a “interpretar o mercado”, a “definir uma estratégia comercial” e uma “imagem ou um perfil dos vinhos”, abrindo assim uma componente de experiências e provas. “Fazemos mais de 500 eventos por ano”, afirma o diretor, realçando a importância em “assegurar este tipo de serviço”. Embora não seja cobrado, José Espírito Santo garante que é onde “ganhámos a nossa margem que serve para pagar a estrutura que presta estes serviços”. 

As metas estão traçadas: até 2025, o desafio está em aumentar a cobertura e a penetração no canal Horeca. Atualmente, cerca de “60% das vendas são feitas” naquele canal. Já no que toca à moderna distribuição, José Espírito Santo destaca a importância em “rentabilizar os fortes investimentos”, destacando ainda o reforço do portfólio da empresa. Nas questões digitais, a Vinalda vai lançar o site B2B, transferindo as encomendas e todo o mercado captado para os parceiros. Relativamente às exportações, o diretor não tem dúvidas do seu potencial, considerando ser fulcral “ter um estratégia correta” que passa pela aposta nos “pequenos e médios mercados”. Nesta linha, “a estratégia está definida e a exportação está lançada”, declara, anunciando que a empresa tem para esta área um “orçamento de 1 milhão de euros”. 

Sobre o futuro, o diretor traça um desejo de “repor a posição da Vinalda como líder na distribuição independente de vinhos”, continuando a “crescer e a respeitar todos os stakeholders”.

Portfólio da Vinalda:

Vinhos de Portugal:

  • Minho ( Palácio da Brejoeira;  Quinta da Calçada; Quinta de Covela; Dom Ponciano; Vale dos Ares)
  • Trás-Os-Montes (Quinta Valle de Passos)
  • Douro (TITAN of Douro; Cheda by Lavradores de Feitoria; Casa de Arrochella; Churchill’s; Quinta das Tecedeiras; Quinta da Boavista; Quinta Vale d’Aldeia)
  • Beira Interior (Quinta do Cardo; Quinta da Biaia)
  • Dão (Cabriz; Casa de Santar; Paço dos Cunhas)
  • Bairrada (Osvaldo Amado; Quinta do Encontro)
  • Tejo (Quinta da Alorna)
  • Lisboa (Quinta de Pancas; Quinta do Monte D’Oiro; Quinta de S. Sebastião)
  • Península de Setúbal (António Saramago Vinhos)
  • Alentejo (Monte da Cal; Adega do Monte Branco)

Vinhos do Mundo: 

  • França (Jacquart)
  • Espanha (Herederos del Marqués de Riscal)
  • Argentina (Trapiche)