William Delgado defende a necessidade de trabalhar o mercado canadiano

Portugal tem sido cada vez mais procurado por hóspedes canadianos. Só em 2017, houve um aumento de 26% no número de turistas provenientes daquele país o que representa uma receita de 274 milhões de euros, um resultado que se pode justificar pelas novas rotas aéreas existentes.

Para explicar as características deste mercado, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) convidou William Delgado, representante do Turismo de Portugal no Canadá, para falar num dos seus mais recentes almoços de associados.

“Em termos de mercado, o Canadá é um país enorme”, explica o responsável, assegurando que o país tem 36 milhões de habitantes, sendo a economia canadiana a “10ª maior do mundo” e é tida como estável, diversificada e dinâmica”. O responsável afirma que o turista canadiano opta por destinos com praia, no entanto tem deixado os “destinos tradicionais como Caraíbas e México” de lado, devido a questões ligadas à “segurança” ou a “questões políticas”, sendo “a Europa quem mais beneficia e, em particular, Portugal”.

O poder de compra do turista canadiano também foi abordado por William Delgado. Cada canadiano gasta 1.200 dólares (cerca de 1.078 euros) por viagem, assumindo serem “prioritariamente visitantes independentes”. Quanto às estadias, “preferem estadias mais longas”, (mínimo uma semana) e 42% permanece mais 14 dias, enquanto que na Europa, a média de estadia é de 11 noites. O representante do Turismo de Portugal referiu ainda que os hotéis de quatro estrelas são os chamados “sweet spots” pelo mercado canadiano

Quando procura uma viagem, o turista utiliza regularmente a internet para procurar ofertas. Contudo, a grande maioria continua a realizar as suas viagens através de agências de viagens. Delgado deixou alguns conselhos como “criar e manter relações a longo prazo”, “ter uma aproximação mais soft” ou, mesmo, “focar-se nos principais mercados – Toronto, Montreal e Ottawa”, encontrando operadores correspondentes e estabelecer parcerias com outros operadores/DMCs portugueses.

O aumento do consumo do turismo por parte do mercado canadiano não é de agora: entre 2013 e 2017, houve um “forte crescimento de hóspedes e dormidas” e um “aumento significativo na capacidade aérea”, graças às “duas novas rotas da Air Canada”.

William Delgado deixou, também um conselho: é necessário “desenvolver a ideia do Long Stays que está a crescer”. “No futuro, vão haver mais oportunidades mais diretas de deslocações ao Canadá para tentar encaixar o nosso produto e os nossos conhecimentos com os operadores canadianos deste nicho”. Segundo o responsável, tem de se dar a conhecer “outro tipo de hotéis, como casas rurais no Alentejo”, até porque cada vez “mais canadianos estão a procurar zonas diferentes, apostando assim num “marketing mais específico”. “É importante escolher dois ou três nicho e trabalhá-los”, conclui.