WTTC prevê que quase 50.000 postos de trabalho fiquem por preencher em Portugal; Hotelaria mais afetada

A WTTC acaba de divulgar uma nova análise na qual revela uma escassez de mão-de-obra em Portugal, com quase 50 mil postos de trabalho no setor do turismo a poderem ficar por preencher. O estudo analisou a falta de mão-de-obra em Portugal e em outros grandes destinos turísticos, tais como EUA, França, Espanha, Reino Unido e Itália.

Os dados indicam que Portugal deverá ter um défice de 49 mil trabalhadores no terceiro trimestre de 2022, com uma em cada 10 vagas a deverem ficar sem ocupação este ano, sendo que se posiciona assim como o país menos afetado de todos aqueles em análise.

Antes da pandemia em 2019 mais de 485 mil pessoas estavam empregadas no setor do turismo em Portugal. Mas 2020 assistiu à perda de mais de 80 mil postos de trabalho.

Portugal assistiu ao início da recuperação em 2021, com um crescimento de 32,6% no contributo do setor para a economia nacional. Contudo, a falta de mão-de-obra tem sido constante no país, com milhares de vagas por preencher, pressionando assim o setor, recorda a WTTC.

A análise do organismo explica que a indústria hoteleira portuguesa deverá ser a mais afetada, já que tanto os hotéis como os segmentos de F&B deverão ter 13% (um em cada oito) e 12% (um em cada oito) de vagas de trabalho por preencher, respetivamente.

Julia Simpson, presidente e CEO da WTTC, afirma: “O Governo português sempre priorizou o turismo na sua agenda e já está a lidar com esta questão com medidas estratégicas. A tutela do Turismo em Portugal é muito proativa e introduziu uma política de vistos flexível para atrair talento. Estão a fazer um excelente trabalho. O futuro do turismo em Portugal parece animador, e para garantir uma recuperação total da economia e do setor, precisamos de preencher estas vagas para garantir que Portugal consegue ir de encontro à procura tão esperada dos viajantes”.

Na última semana, a WTTC revelou que até 1,2 milhões de postos de trabalho no turismo em toda a União Europeia permanecerão por preencher, com os setores do alojamento, aviação e agências de viagens a serem os mais afetados.

Algumas medidas essenciais identificadas no estudo para os governos e setor privado terem em consideração para lidar com a falta de talento são:

 

  1. Facilitar mobilidade de trabalho nas fronteiras internacionais, com políticas de vistos mais favoráveis;
  2. Permitir o trabalho flexível e remoto sempre que possível – permitindo oportunidades de part-time, sempre que possível;
  3. Garantir um trabalho digno e benefícios competitivos e pacotes de compensação para os trabalhadores;
  4. Atrair talento melhorando a perceção dos empregos e promovendo percursos de carreira viáveis com oportunidades de crescimento;
  5. Desenvolver e apoiar uma mão-de-obra qualificada através de programas de formação abrangentes, bem como a requalificação do atual talento;
  6. Adotar soluções tecnológicas e digitais inovadoras para aliviar a pressão sobre as equipas, melhorar as operações do dia-a-dia e a experiência do cliente.

A WTTC acredita que ao implementarem estas medidas, as empresas do setor do turismo serão capazes de atrair mais trabalhadores. O que, por sua vez, permitirá que o setor responda à crescente procura por parte do consumidor e acelere ainda mais a recuperação, que é base para gerar o bem-estar económico em todo o país.