XVI Congresso ADHP: “Tivemos de nos adaptar e apostar em novas formas de trabalhar”

Terminou na sexta-feira o XVI Congresso da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal, a partir da Universidade de Évora, dedicado ao tema “O futuro começa agora”. Na sessão de encerramento do evento, Raul Ribeiro Ferreira, presidente da associação, defendeu a importância da sustentabilidade social e económica das empresas, neste momento, além da relevância da valorização e qualificação dos recursos humanos para sair da crise e pós-pandemia. É certo que ninguém estava preparado para o que aí vinha, mas cedo os diretores de hotéis arregaçaram mangas e “reinventaram” a sua forma de trabalhar para bem receber. 

Raul Ribeiro Ferreira comenta que “vem aí a famosa bazuca”, para a qual “a sociedade vai estar muito mais atenta à forma como vão ser implementados os fundos [da UE]”, e que “também no nosso setor esperamos que eles cheguem”. O presidente da ADHP nota que, ao longo dos dois dias de Congresso, muito se falou em sustentabilidade e que essa não é apenas ambiental mas também social e económica: “Neste momento é fundamental estas duas partes”, sublinha, “a sustentabilidade social das unidades, do apoio que têm de dar à sociedade no local onde desenvolvem a sua atividade e depois a sua parte económica num período tão difícil para a sua sustentabilidade”.

São “tempos difíceis” para os quais “não estávamos preparados”, admite o responsável. “Tivemos de nos adaptar e apostar em novas formas de trabalhar”, adiciona, “após um primeiro embate tivemos de nos reinventar” também com a ajuda do selo Clean & Safe do Turismo de Portugal e defendido pela ADHP. O resultado foi que “conseguimos reabrir parte dos hotéis, reinventando métodos de serviço como a reorganização do F&B (buffets assistidos, pequenos almoços agendados, serviços à carta) e pacotes de mais noites para satisfazer os clientes”, exemplifica. Raul Ribeiro Ferreira explica, ainda, que “nunca deixámos de limpar os hotéis, como todos calculam, o que acontece agora é que essa limpeza é mais visível e os produtos são diferentes” através do que “conseguimos dar a confiança que muitas vezes os clientes precisam”.

“É importante que o Governo dê sinais claros sobre a valorização dos recursos humanos”

Todavia, houve hotéis que não conseguiram reabrir e o presidente da ADHP reflete que tal pode também ser reflexo de que “a qualificação dos profissionais não estava à altura das exigências do momento”. Assim, “aqueles que tiveram mais dificuldades em reagir devem perceber se estavam ou não bem munidos de conhecimento e pessoas” porque “vamos tirar daí lições para o futuro”. Além disso, “é importante que o Governo dê sinais claros sobre a valorização dos recursos humanos”, defende.

Raul Ribeiro Ferreira alerta que “quando o movimento retomar os problemas que tínhamos vão voltar”, entre os quais, a falta de recursos humanos e os jovens com mais formação a sair do país à procura de empregos mais bem pagos. “Temos de aproveitar este momento para tentar inverter o processo e segurar as pessoas [mão de obra mais qualificada] em Portugal”, avança. Outro dos desafios é que “a formação possa ser cada vez mais reconhecida” do ponto de vista profissional.

O responsável aproveitou a presença da secretária de Estado do Turismo para transmitir que “os diretores de hotel continuam tristes com a situação da sua profissão continuar sem regulamentação” e “continuamos a acalentar a ideia de que deveríamos evoluir para uma ordem dos diretores de hotel “.

“Não temos tempo nem condições de trabalhar na incerteza”

O presidente da ADHP afirma que “sabemos que neste momento é importante salvar as empresas” pelo que “as medidas tomadas têm de ser rápidas a entrar”, como por exemplo, o apoio extraordinário à retoma progressiva que ainda não entrou em vigor, e garante: “Não temos tempo nem condições de trabalhar na incerteza.” Por fim, Raul Ribeiro Ferreira confia que “a forma como os turistas se vão relacionar com os destinos também vai mudar”, sendo importante “envolver a parte hospitalar” que fará parte da realidade de um destino turístico.